FLORENCE NINGHTINGALE: Precedências profissionais



UNIVERSIDADE DE UBERABA

GABRIELA DOS SANTOS CROZARA

FLORENCE NINGHTINGALE

Precedências profissionais

 Trabalho apresentado à matéria Saúde e Sociedade, da Universidade de Uberaba, Professora Bethânia, com a finalidade de um melhor conhecimento sobre a vida de Florence Nightingale.

Uberaba/MG

2004

"A Enfermagem é a arte e a ciência do CUIDAR, necessária a todos os povos e a todas as nações, imprescindível em época de paz ou em época de guerra e indispensável à preservação da saúde e da vida do ser humano em todos os níveis, classes ou condições sociais".

Geovanini

Resumo:

Florence Nightingale, procedia de uma família inglesa rica, com relações poderosas. Foi uma jovem bela e brilhante, que teve oportunidade de desfrutar todos os prazeres típicos de sua classe social. Estudou filosofia, grego, matemática, música, pintura e arquitetura. É considerada a fundadora da enfermagem moderna. Sua família considerava a enfermagem algo inapropriado para uma dama de boa estirpe, por isso, começou seu estudo após os 31 anos, em um curso de treinamento na Alemanha. Na Inglaterra, Florence abriu o primeiro curso de treinamento em 1860. Florence acreditava que para a cura e a prevenção da saúde, o homem teria que ter condições favoráveis de higiene, limpeza do ambiente, boa alimentação, repouso necessário e assistência médica, seguida de acompanhamento da enfermagem. Embora tenha descoberta a sua vocação (ou sentido o chamamento de Deus para a missão) aos 17 anos, somente aos 31 anos, depois da autorização definitiva de seus pais (que sempre se opuseram, porque seguramente teria para a filha outros projetos de vida), é que Florence decide dedicar o resto da sua vida à enfermagem. Ao longo de toda a Guerra da Criméia, Florence conseguiu reduzir as taxas de mortalidade entre os soldados britânicos, através de seus esforços como enfermeira e, provando a eficiência das enfermeiras treinadas para a recuperação da saúde. Era amada e respeitada por todos os soldados, pelo conforto e amparo que ela e sua equipe de enfermeiras lhe ofereciam frente ao campo de batalha.

Sumário:

1. Introdução........................................................................................................................................1

  1. Desenvolvimento ..........................................................................................................................2

2.1.O despertar de Florence Nightingale para a Enfermagem .....................................................3

2.2.Florence e a concretização de sua aspiração ..........................................................................4

2.3.A Guerra da Criméia (1853-1856) .........................................................................................4

2.4.A Escola de Enfermagem do Hospital Saint Thomas ............................................................5

  1. Conclusão ......................................................................................................................................8
  2. Referência .....................................................................................................................................9
  1. Introdução:

Este trabalho tem por objetivo relatar a bibliografia da grande precursora da enfermagem Florence Nightingale, e mostrar que suas concepções teórica-filosóficas da Enfermagem modificaram a imagem negativa que a Enfermagem trazia, era necessário um novo perfil que reconstituísse o profissional. A Enfermagem desenvolvida por Florence Nightingale apoiou-se em observações sistematizadas das teorias e práticas. O cuidado com o doente envolve tanto o meio ambiente e a saúde Os registros feitos por Florence nas cidades, foram conceitos revolucionários para sua época, que serviram de modelo para a construção das escolas de enfermagem. Estes conceitos visam até hoje, como uma ferramenta, que ajudam a identificar quais os principais cuidados que devemos ter com o homem, e o grande e importante papel da Enfermagem para a cura e prevenção da Saúde.

2. Desenvolvimento:

Florence Nightingale nasceu no dia 12 de maio de 1820 na cidade de Florença, na Itália, em uma família rica e aristocrática. Morreu aos 90 anos de idade no dia (13 de agosto de 1910). Sua longa vida, segundo Seymer cobriu cinco reinados ingleses. Na época do seu nascimento não existiam muitos recursos como, motores, luz elétrica, aviões, estrada de ferro e telefone. E a Inglaterra era agrícola. Com o passar dos anos, a cidade teve uma grande melhoria (foram implantadas ferrovias por toda cidade, as cidades espalharam, passaram a ter carros, luz elétrica e telefone) que facilitavam os estudos em casa, pois na época não existiam escolas para elas, e sim mosteiros e/ou conventos católicos. Os pais, governantas e mestres eram os responsáveis pelo ensino.

O pai de Florence Sr. Willam era formado em estudos superiores, dominava muito bem a literatura, matemática, história natural, filosofia, artes e história geral, assim como outros idiomas. A convivência com o pai e outros preceptores ajudou Florence a dominar muito bem a matemática, a ciência, e vários idiomas como: latim, grego, inglês, francês, alemão e italiano. Tinha uma vasta aquisição de conhecimentos de história, além disso, tinha juntamente com sua irmã mais nova aulas de canto e piano. Seus pais, o casal Fanny e William, incutiu nas filhas um profundo senso de responsabilidade social e grande sensibilidade para com os menos favorecidos, estimulando o interesse pela melhoria das condições de vida e pela educação dos mesmos.

Florence aos seus 17 anos (1837) pela primeira vez teria sentido sua vocação, como um chamado de Deus, para prestar serviços aos doentes e menos favorecidos. A família que dispunha de recursos, pôde completar os estudos de Florence com uma longa viagem de quase dois anos para a França, Suíça e Itália. Freqüentando então as sociedades locais e visitando instituições de caridade.

Em 1789 a Revolução Francesa derrubou o regime aristocrático (que dominou o país desde a Idade Média), permitiu a ascensão da classe burguesa ao poder. Na França, Florence foi introduzida em salões literários onde conheceu escritores e políticos influentes, cuja conversa girava em temas como a liberdade e as lutas sociais pela igualdade. Florence ti nhá um diário, no qual fazia anotações de suas observações, comparando as condições sociais que via em cada lugar com as da Inglaterra. Essas descrições diárias permitiram-lhe a inclinação para documentar as condições deficitárias de enfermarias em hospitais e a necessidade de reorganizar os serviços de atendimento aos doentes, nos moldes das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.

A grande barreira que Florence tinha era que os hospitais ingleses não eram considerados locais convenientes para moças de família, e as mulheres que cuidavam de doentes haviam sido, recrutadas em prisões. Eram pessoas rudes, analfabetas, de moral duvidosa e incapazes de transmitir quaisquer tipos de conhecimentos e/ou ensinamentos.

Florence manifestava em seus diários e cartas dois traços que sempre marcaram sua vida: o acurado poder de observação e o interesse em auxiliar as pessoas enfermas.

Ø2.1. O despertar de Florence Nightingale para e enfermagem

 

Em 1844 a família Nightingale recebeu na Inglaterra a visita do médico americano Samuel Gridley Howe e sua mulher. Florence aos 24 anos, vivia a frustrante experiência de ver seu desejo de ser útil e servir o próximo sempre negado pela família, principalmente pela sua mãe e irmã mais velha, que não compreendiam esse interesse. Na conversa com o doutor Howe, expôs o seu desapontamento em não poder trabalhar de forma caridosa nos hospitais como faziam as religiosas católicas. O médico concordara que visto pela sociedade não era usual, era inadequado, mas, contudo incentivou-a prosseguir com seu desejo, pois fazer o bem aos outros não poderia ser impróprio a ninguém - já que tinha vocação - que seguisse em frente.

Em 1845, um ano depois da visita, ela cuidou de um familiar, e percebeu que não bastava ter carinho, bondade e paciência para cuidar do enfermo, mas necessitava de conhecimentos e habilidades. Que só seria possível com treinamento adequado, mas uma vez a família tentava impedir cada vez que ela mencionasse seu desejo de ajudar, chocada a família apontava as dificuldades de saneamento, e o baixo nível de degradação do ambiente. Como uma forma de distraí-la proporcionava viagens e uma vida social ativa. Como uma boa religiosa ela aceitava a situação. Segundo Dolan, ela queria completar seus 30 anos para iniciar seu trabalho de ajuda, assim como Cristo quando iniciou seu trabalho de salvação.

Florence quando esteve por 10 dias no Convento da Trindade do Monte (Roma), absorveu muito do espírito da Igreja, onde sua crença religiosa amadureceu muito. Ela conheceu Sidney Herbert, que por seu intermédio, foi o responsável pela sua ida mais tarde para a Guerra da Criméia. Em suas conversas Florence expôs seus planos de estabelecer um abrigo para doentes, quando retornasse. Sidney e seus amigos se interessaram pela questão de reforma de hospitais, assim como a opinião pública, especialmente quanto à necessidade de reformas sociais em prisões, hospitais e manicômios. Florence como tinha tudo anotado, juntamente com sua vivência bem de perto dos fatos era capaz de contribuir e muito, com informações valiosas.

Ø2.2. Florence e a concretização de sua aspiração

 

Em 1851, Florence aos 31 anos, finalmente conseguiu vencer a resistência da família e foi autorizada a ir para a instituição de Kaiserswerth, onde permaneceu por três meses. Participou de todas as aulas teóricas e práticas, executando inclusive serviços de limpeza. Essa experiência reforçou sues objetivos. Foi novamente para França recebendo a autorização oficial para completar seus estudos e observações com as Filhas da Caridade.

Florence ao retornar de Kaiserswerth, foi indicada para trabalhar como superintendente de uma instituição de mulheres doentes da alta sociedade. Sua habilidade foi tão grande, que logo em seguida, foi chamada para trabalhar no Hospital King's College, e, conseqüentemente foi convocada para ir à Guerra da Criméia.

Ø2.3. A Guerra da Criméia (1853-1856)

 

A Guerra da Criméia foi uma disputa entre a Rússia e as forças aliadas da França, Inglaterra e Turquia, na Península da Criméia. A situação que se encontrava os soldados mobilizou a opinião pública, que exigiu do governo uma solução imediata para reverter o quadro. Florence ao tomar conhecimento viu surgir a grande oportunidade que sempre esperou para servir a humanidade e a seu país. Escreveu para o ministro da Guerra, Sidney Herbert, seu amigo pessoal, e ofereceu seus serviços.

Imediatamente a oferta foi aceita, então em poucas semanas Florence recrutou candidatas e se preparou para ir para o campo de batalha. Sua equipe contava com 38 mulheres, entre religiosas anglicanas, leigas e católicas. Partiram no dia 21 de outubro de 1854 para atender os feridos da guerra. Foram designadas para a base militar atual Scutari, lado oposto, onde ficava Constantinopla atual Istambul. Nessa base um hospital havia sido improvisado com milhares de feridos da guerra. Eram trazidos por barco que demoravam cerca de duas a três semanas (atravessavam o Mar Negro). Estes barcos vinham superlotados, com feridos, doentes e moribundos, soldados com várias amputações, homens com disenteria e cólera, mal vestidos e mal alimentados. Durante a viagem não era prestado nenhum tipo de assistência e/ou cuidados médicos adequados. O índice de mortalidade durante o percurso podia atingir 75%.

Eram muitos os que necessitavam de cuidados, e as condições sanitárias desse hospital eram as piores possíveis, muitos feridos ficavam deitados no chão, tinha poucos sanitários, falta de suprimentos para alimentação ou higiene e escassez de roupa e material, o que obrigava os pacientes a continuar com seus uniformes sujos de sangue e terra. Florence usava seus próprios recursos para atender a todas as necessidades e pedia ajuda aos seus amigos. Acreditava que a ciência e a arte de alimentar um doente eram partes essenciais da enfermagem, e que o doente tinha que ter uma alimentação adequada. A enfermagem deveria se encarregar da seleção e de como preparar os alimentos.

Em seis meses o quadro hospitalar foi revertido, Florence conseguiu reduzir a mortalidade para 2%. Sua capacidade de coletar os dados e de trabalhá-los a fez membro da Real Sociedade de Estatística da Inglaterra, em 1858, e membro honorário da Associação Americana de Estatística, em 1874.Todos a amavam e respeitavam, pelo conforto e atenção prestada. Depois que todos se recolhiam Florence fazia sua ronda solitária, de mãos a uma pequena lâmpada para clarear o caminho, e ver as condições dos pacientes. Essa lâmpada tornou-se depois o símbolo da enfermagem no mundo.

Após sua estada em Scutari, Florence resolveu ir até o campo de batalha, em Criméia, junto com outras enfermeiras. Contraindo o que se supunha ser febre tifóide, sem se recuperar volta para Scutari, onde a paz entre as nações foi finalmente selada. Todas a s enfermeiras regressavam, Florence foi a última a deixar o local, em julho de 1856.

Ø2.4. A escola de Enfermagem do Hospital Saint Thomas

 

O trabalho que Florence realizara durante a guerra, permitiu que ela se tornasse uma pessoa amável e respeitada. Com sua eficiência e heroísmo ela quebrou o preconceito que existia em torno da participação da mulher no exército e transformou uma outra visão que a sociedade tinha perante a enfermagem.

Com o apoio de Sidney Herbert foi criado um movimento para honrar Florence, ele sugeriu que se criasse o Fundo Nightingale para o treinamento de enfermeiras.

Mesmo não se recuperando completamente da doença adquirida em Criméia, ela fundou sua escola de enfermagem (quatro anos após voltar da guerra) no Hospital Saint Thomas.

A escola começou a funcionar no dia 3 de julho de 1860, com um grupo de 15 alunas (data essa considerada como o nascimento da moderna enfermagem). Florence acreditava que a saúde deveria estar presente tanto na alma quanto no corpo, que cada pessoa tinha talentos e habilidades que precisavam ser desabrochados. O treinamento organizado era uma forma de fazer que a aluna usasse seus recursos intelectuais, buscando de fato o melhor de si para ajudar o próximo. O papel da enfermagem era ajudar a pessoa viver, era uma arte que requeria treinamento organizado, prático e científico. A enfermeira deveria ser uma pessoa capacitada a servir a medicina, à cirurgia e à higiene e não a servir aos profissionais dessas áreas. Ela entendia que a enfermagem era o corolário necessário desses campos e que, para o bem-estar dos pacientes, a enfermeira deveria adaptar suas habilidades ao trabalho da equipe, obedecendo então de forma inteligente e usando o discernimento.

A escola tinha por objetivo a preparação das enfermeiras, para que elas atuassem como multiplicadoras de conhecimento. A disciplina era rigorosa, tipo militar, e as aulas eram diárias, ministradas por médicos (a eles cabia decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras). As candidatas selecionadas por Florence tinham que apresentar principalmente caráter moral, aliada a outras habilidades como, saber ler e escrever bem. A escola Nightingaleana serviu de modelo para a construção das demais escolas. Ela formava duas categorias distintas de enfermeiras, as Ladies  que procediam de classe social mais elevada, respondiam pela administração, supervisão e controle dos serviços. E as Nurses  que pertenciam aos níveis sociais mais baixos e que, sob a direção das ladies, desenvolviam o trabalho manual da Enfermagem.

Florence era consultada por todos que pretendiam construir hospitais, tanto na Inglaterra, Alemanha, Suécia, Noruega, Canadá ou mesmo nos Estados Unidos, analisando a construção, a instalação de equipamento e a rotina administrativa. Dedicava-se aos estudos para melhorar as condições das Forças Armadas inglesas, como participou da Guerra da Criméia, desenvolveu para o Exército um programa específico de saúde e de promoção educacional e recreacional, como parte de um desenvolvimento humano de seus integrantes.

Florence enfatizou em seus dois livros, Notas sobre Hospitais (1858) e Notas sobre Enfermagem (1859), que a arte da Enfermagem consistia em cuidar tanto dos seres humanos sadios como dos doentes. A enfermagem tinha ações interligadas como, o cuidar-educar-pesquisar. A cura não resultava da ação médica ou de Enfermagem, mas que esta era um privilégio da natureza, contudo as ações de Enfermagem deveriam visar a manutenção do doente em condições favoráveis à cura para que a natureza pudesse atuar sobre ele.

 

3. Conclusão:

Com este trabalho foi possível concluir que Florence foi a grande pioneira que impulsionou o crescimento social da Inglaterra, com a criação do Serviço Nacional de Saúde. Com seu caráter e determinação, venceu todas as dificuldades expostas pela sociedade e pela família. Trabalhou e determinou reformas que reverteu o quadro degradante em que a saúde pública e as Forças Armadas encontravam-se. Sua visão e habilidade prática deram a enfermagem os poderosos fundamentos, os princípios técnicos e educacionais e a elevada ética que impulsionou a profissão de enfermagem. E o mais importante foi à valorização da mulher no mercado de trabalho.

4. REFERÊNCIA:

OGUISSO, Taka. A História da Enfermagem. Florence Nightingale. Cap. 3. p. 67-77.

GEOVANINI. A História da Enfermagem. Rio de Janeiro: Revinter, 1995. Cap. 1, p. 17-19.


Autor: Gabriela Dos Santos Crozara


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