Pequenas economias, grandes prejuízos.



A nova realidade empresarial, em face da globalização, nos leva a repensar certos comportamentos antigos que nunca foram corretamente analisados. Pareciam "funcionar bem", pois a roda viciada da inflação mascarava o que realmente acontecia.

Como profissional da área que possui um nome bastante impróprio, Recursos Humanos, que dá às pessoas uma conotação de "coisas" ou máquinas, passei 23 anos me debatendo com as tais pequenas economias que geram grandes prejuízos.

Nunca consegui entender direito, como empresários que tinham grande visão para negócios, podiam permanecer cegos para o fato de que o "barato" sempre tem a incrível capacidade de se tornar caro. E, na maioria dos casos, muito mais caro do que o procedimento correto custava à época.

Tenho na memória muito bem gravados os dissabores por que passei, ao indicar que o procedimento adotado  a escolha feita  apontava para prejuízos a médio e longo prazos. Não é raro para mim hoje, encontrar pessoas de meu passado profissional que dizem: "é, você tinha razão!"

Recebo as notícias de prejuízos que previ, com muita tristeza. Pois seria tão fácil ter feito a coisa certa. E esta custaria na época, aparentemente muito caro em relação à escolha feita, mas o tempo revelou que era, na verdade, imensamente mais econômica e eficiente que a "economia" usufruída.

Escolhas de colaboradores  nomenclatura muito mais simpática que empregados  feitas com vistas mais às remunerações baixas que às qualidades profissionais, quase sempre se revelavam desastrosas. Mesmo sem possuir "bola de cristal", era possível antever o resultado.

Empregados sem registro, salários ou horas extras por fora, eram outros absurdos que pareciam ser uma grande vantagem, um "ganho" enorme. Ledo engano. Não era apenas ilegal, era burrice mesmo!

Invariavelmente, após a rescisão de cada um daqueles "salários econômicos" os resultados se traduziam em reclamações trabalhistas, que levavam a prejuízos muito maiores que o custo do procedimento correto. E além de valores materiais, carregando uma imensa carga emocional negativa e estressante.

Valia a pena continuar naquele caminho?

As empresas que sobreviveram à globalização, hoje sabem que não. Sabem que não foi só o conjunto da informação que evoluiu.

Sabem que após o advento da Lei 8.078/91, conhecida como  Código de Defesa do Consumidor, ou simplesmente CDC, uma empresa que deseja sobreviver, não pode mais operar com colaboradores e com matéria prima de segunda.

A famosa "rádio peão" ganhou velocidade de informação e, de quebra, recebeu a colaboração da Internet. A Justiça do Trabalho necessitou da criação de uma Conciliação Prévia, pois corria o sério risco de emperrar de vez, pela quantidade de processos e pela vigência de uma CLT vetusta.

A quantidade de atendimentos nos Procons é uma clara revelação de que os consumidores conhecem, cada dia mais, os seus direitos.

A palavra de ordem passou a ser QUALIDADE!

E não se trata aqui só da qualidade de produtos, mas da qualidade de serviços, tanto das empresas quanto de seus colaboradores. Qualidade de vida e de relacionamentos, pois ninguém produz bem se sua vida não está bem. Qualidade do meio ambiente, pois a consciência de que se o meio for destruído o homem também o será, é algo que já ocupa a mente de grande parte das pessoas. Assim, puro e simples extrativismo sem reposição, é outra "economia" que se revelou causadora de extensos prejuízos. O respeito pelos recursos naturais se impôs. Descobriu-se o crescimento sustentado. Lenta mas gradativamente ele vai ocorrendo.

É gratificante ver que boas mudanças ocorreram, mesmo admitindo que ainda falta muito a ser mudado. Mas já é um começo. Pois, embora bem devagar, a estúpida "lei da vantagem" parece perder o fôlego, cedendo lugar ao bom senso e à inteligência.


Autor: Joaquim Saturnino Da Silva


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