Freud e Breuer: Traumas psíquicos.



Ao indicarmos as condições das quais depende, segundo as nossas observações, os traumas psíquicos originarem fenômenos histéricos, já tivemos de falar de estados anormais de consciência, nos quais surgem tais representações patógenas, e ressaltamos o fato de a recordação do trauma psíquico eficaz não aparecer contida na memória do enfermo, achando-se este em seu estado normal.Quanto mais detidamente fomos estudando estes fenômenos, mais firme se fez nossa convicção de que a dissociação da consciência, que tão singular se mostra como double conscience nos conhecidos clássicos, existe de modo rudimentar em toda histeria, sendo a tendência a esta dissociação e, com ela, ao aparecimento de estados anormais de consciência, que reuniremos sob o qualificativo de hipnóides[1], o fenômeno fundamental desta neurose.Quando o indivíduo tem predisposição a Histeria, observamos que sua origem foi um trauma grave (como o da neurose traumática) ou uma penosa repressão (por exemplo, a do afeto sexual) podem também produzir no homem não predisposto uma dissociação de grupos de representações. Este seria o mecanismo da histeria psiquicamente adquirida. Entre os extremos destas duas formas, supomos existente uma série dentro da qual variam em sentido contrário a facilidade de dissociação no indivíduo e a magnitude afetiva do trauma.Com freqüência a predisposição desenvolve-se a partir dos sonhos diurnos, tão freqüentes até em indivíduos são, e aos quais, por exemplo, oferecem tão ampla ocasião os trabalhos manuais femininos. A questão de que as associações patológicas, que em tais estados se formam, sejam tão firmes e exerçam sobre os processos somáticos influência muito mais enérgica do que em geral exercem as representações, coincide com o problema do afeto das sugestões hipnóticas.As observações revelam uma contradição de que:a histeria é uma psicose e o fato de encontrarmos entre os histéricos indivíduos de claríssima inteligência, grande força de vontade, caráter enérgico e sutil juízo crítico.Nestes casos, tais caracteres correspondem ao pensamento desperto do indivíduo, o qual só em seus estados hipnóides aparece alienado, como na vida onírica. MAS, AO PASSO QUE NOSSAS PSICOSES ONÍRICAS NÃO EXERCEM INFLUÊNCIA ALGUMA SOBRE NOSSO ESTADO DE VIGÍLIA, OS PRODUTOS DOS ESTADOS HIPNÓIDES SE ESTENDEM À VIDA DESPERTA NA QUALIDADE DE FENÔMENOS HISTÉRICOS.Referências:Obras Completas de FreudHTTP://METAPSICANALISE.BLOGSPOT.COMNOTAS:[1] sintomas histéricos em estados mentais particulares.
Autor: Samuel Delgado Tavares


Artigos Relacionados


Freud E Breuer: A Histeria; O Mecanismo Psíquico Dos Fenômenos Histéricos.

Abreação: Uma Reflexão.

Freud ? Histórias Clínicas:

Freud E Breuer: Método Terapêutico Como Meio.

Freud E Breuer: O Efeito "catártico".

Freud E Breuer: Conexão Causal Do Trauma Psíquico Com O Fenômeno Histérico.

Charcot E A Histeria (neurose Caracterizada Por Perturbações Passageiras).