Abreação: Uma reflexão.



Uma de nossas pacientes reproduziu assim numa seríe de sessões, que durou meio ano, tudo aquilo que em iguais dias do ano anterior (durante uma histeria aguda) havia constituído para ela motivo de excitação. Um diário que sua mãe trazia, por ela ignorado, confirmou a absoluta exatidão da reprodução.Outra doente viveu de novo com alucinante precisão, todos os fatos de uma psicose histérica, de que padecera dez anos antes; acontecimentos com respeito aos quais apresentava total amnésia até o momento da nova emergência. Algumas reminiscências etiologicamente importantes, de quinze a vinte anos de data, também demonstraram ter-se conservado assombrosamente inatas e precisas, atuando em seu retorno com toda a força afetiva dos fatos novos.A razão desta singularidade acha-se em que tais recordações constituem exceção da regra geral do desgaste, a que antes nos referimos. DEMONSTRA-SE, COM EFEITO, QUE TAIS RECORDAÇÕES CORRESPONDEM A TRAUMAS QUE NÃO FORAM SUFICIENTEMENTE "DESCARREGADOS" E, EXAMINANDO COM DETENÇA AS RAZÕES QUE O IMPEDIRAM, CHEGAMOS A DESCOBRIR PELO MENOS DUAS SÉRIES DE CONDIÇÕES, EM QUE NÃO EXISTIU REAÇÃO ALGUMA AO TRAUMA.De primeiro, incluímos os casos em que os doentes não reagiram a traumas psíquicos porque a própria natureza do trauma exluia uma reação (impede o pensamento consciente); eDe segundo, não aparece determinada pelo conteúdo das reminiscências, mas pelos estados psíquicos, com os quais coincidiram no doente os acontecimentos correspondentes.Achamos também, efetivamente, como causa de sintomas histéricos, "representações carentes em si de importância, que devem sua conservação à circunstância de terem surgido em graves afetos paralisantes, por exemplo, o sobresalto, ou diretamente em estados psíquicos anormais, como o estado semi-hipnótico do sonho diurno, etc.NESTES CASOS, É A NATUREZA DESTES ESTADOS QUE IMPEDIU QUALQUER REAÇÃO AO ACONTECIMENTO. PARECE TAMBÉM ACONTECER, PORÉM, QUE O TRAUMA PSÍQUICO PROVOQUE EM MUITAS PESSOAS ALGUM DOS ESTADOS ANORMAIS JÁ MENCIONADOS, O QUAL IMPEDE ENTÃO POR SUA VEZ "QUALQUER REAÇÃO".Por outro lado, é comum a ambos os grupos de condições o fato de que, nos traumas não descarregados, se vê também "negada" a descarga por elaboração associativa.No primeiro grupo, o propósito do doente de esquecer os sucessos penosos exclui-os, na maior escala possível, da associação; no segundo, a elaboração associativa não tem êxito porque entre o estado normal da consciência e o estado patalógico, no qual surgiram tais representações, não exite ampla conexão associativa.Referências:Obras completas de Freud. HTTP://METAPSICANALISE.BLOGSPOT.COM
Autor: Samuel Delgado Tavares


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