Faça.



Faça.

 

 

Pior que o medo da morte, é o medo da vida. Aquele medo de saltar na incerteza maravilhosa do minuto seguinte, de confiar que vai dar certo. E tentar de novo, mesmo tendo dado errado antes.

E o medo da vida, só se perde quando perdemos o medo da morte, quando a encaramos com a naturalidade que ela merece, não nas suas mais variadas formas, mas no que ela realmente significa. E esse significado - pretensamente oculto -  está sendo revelado, cada dia mais, na descoberta e prática de esportes radicais pelos jovens.

Se não ocorrer o vício na adrenalina, tudo bem, pois todo vício - queira ou não - mascara todos os sentidos. Então, tem-se uma visão/compreensão do que significam ambos os medos.

Por isso, esta geração atual é radicalmente diferente da minha geração, por exemplo. Vivi a geração da repressão e do medo. Primeiro a repressão sem explicações (e necessária) exercida pelos pais, pela igreja e pela escola, como era costume. E depois pela política, exercida por um regime ditatorial e injusto que impunha o silêncio, enquanto tínhamos vontade de falar.

Não foi fácil superar isso, mas foi possível. Descobri que posso fazer qualquer coisa que desejar nesta vida, porém, sem esquecer minha responsabilidade pelo venha a fazer.

Uma estranha consciência de que, quando nascemos ganhamos dois presentes: a vida e a morte. A partir daí, vivemos uma e carregamos a outra, lado a lado, sem perceber.

Não nos damos conta da fragilidade e beleza da vida, até que ela esteja sob grave ameaça. Então os medos se encontram, um com o outro, para se anularem, enfim.

A partir daí, a descoberta de que amar é fazer. Exercitar o verbo escutar, ouvir, olhar, tocar, acarinhar, aceitar e muitos outros que possam nos tornar, finalmente, humanos. E é o que nos leva a celebrar cada novo dia outro renascimento.

Engraçado é que, olhando pelo túnel do tempo para trás, mesmo sem poder fazer isso em relação ao futuro, há uma misteriosa alegria e serenidade, vinda de uma voz, não sei de onde, que me incita: faça!

Então, o trabalho dá prazer, a amizade companhia, a respiração eleva o pensamento, mesmo quando a nostalgia da saudade atravessa um dia chuvoso.

Ao final uma descoberta: não há nada que se possa separar do restante!


Autor: Joaquim Saturnino Da Silva


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