O planejamento das cidades e as enchentes



O planejamento das cidades e as enchentes

Esse texto pretende expor um aspecto natural dos rios que deve ser considerado no planejamento de urbanização.

Cidades que cresceram ao lado de rios, geralmente, em estações chuvosas sofrem problemas de enchentes. Como a gestão pública poderia evitar esses problemas?

Os rios durante a época das chuvas, normalmente, tem seu volume de água aumentado. Essa elevação de volume é acompanhada pelo aumento da altura da lâmina de água que corre no corpo de água. Com isso, naturalmente esse maior volume de água extravasa para as laterais dos rios inundando as regiões vizinhas a este. Esse, como mencionado, é um processo natural e a área que passa a ser inundada durante as cheias chama-se planície de inundação.

Para se ter idéia, o Pantanal, por exemplo, é a maior planície de inundação do planeta Terra. Ainda, a Amazônia, possui rios que sobem mais de 10 metros de altura quando estão na estação úmida. Portanto, pode-se imaginar o tamanho da área que passa a ser inundada.

Diante disso, como planejar a urbanização?

Com o auxílio de técnicos especializados em recursos hídricos, deve-se delinear cuidadosamente os limites das planícies de inundação dos rios. Nelas não se deve permitir a instalação de indústrias, comércio, ou residências. A planície de inundação deve ser reconhecida como parte do rio. Uma vez inabitadas, essas áreas são importantes para que o rio possa "transbordar" o seu leito normal durante as cheias. Além disso, nos períodos das águas, os reservatórios e barragens têm seu volume máximo de armazenagem, muitas vezes, atingido. Isso torna obrigatório os engenheiros abrirem as comportas a fim de evitar possíveis danos às estruturas que retém água. Como conseqüência da abertura das comportas o rio tem seu nível de água elevado passando a inundar as áreas vizinhas ao seu leito principal.

Em outras palavras, é mais fácil manter as pessoas distantes do caminho natural das águas do que tentar a difícil tarefa de manter as enchentes longe das pessoas. Nos casos em que a urbanização desenfreada já se instalou na planície de inundação, deve-se agir tentando conter o rio, com obras de engenharia muito onerosas como, por exemplo, o aprofundamento da calha do rio Tietê. Essas obras possuem eficácia, muitas vezes, limitada o que, em outras palavras, significa dizer que elas não resolvem o problema, apenas atuam em efeitos dessa ocupação territorial desordenada e não nas causas.

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Figura 1. Cidades que cresceram perto de rios, geralmente, são inundadas pelas águas destes durante a estação chuvosa.

Fonte da foto: http://nerdshouse.files.wordpress.com/2008/11/foto-aerea-enchente-ilhota-sc-436.jpg

Preparado a partir de:

ROWLANDS, W.A. Today´s need for planning and zoning. Journal of Soil and Water Conservation, v.17, n.2, p.62-64, 1962.


Autor: Luiz Felippe Salemi


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