O TRABALHO NA CRISTA DA ÉTICA



"Neste país  TRABALHO, dinheiro e Ética  andam de mãos dadas...". (grifo meu)

Do centro financeiro de Genebra, Suécia, assim  Roberto Justos em "O Aprendiz 4", falou.

Em artigo anterior discorri sobre dois princípios que nos afetam o tempo todo: o Princípio da Ostentação e o Princípio da Utilidade, de cujo antagonismo se extrai o TRABALHO como grande diferencial. No primeiro ele é negado e no segundo afirmado. É exatamente sobre esse valor essencial para a construção da Ética Cidadã que pretendo falar desta feita.

Fala-se que o Brasil necessita urgentemente de reformas: Reforma Tributária, Reforma Eleitoral, Reforma Política e até Reforma do Estado. O saudoso Betinho cunhou "Ética na Política", sugerindo que o sujeito é um ANJINHO aqui embaixo e ao adentrar os umbrais da República vira um DEMÔNIO? Ética é um problema da sociedade como um todo e não de quem ascende ao poder via cargo eletivo. Essa visão do Betinho é uma visão paternalista que subestima o papel do cidadão. Discordo inteiramente. O Brasil necessita de todas essas reformas todavia será em vão discuti-las sem que haja a Reforma da Ética. E porque "reforma"? Ora, estamos em tempos de paz e aceitamos pacífica ou passivamente as coisas. Então temos uma "Ética"! O que é aceito pacificamente é ético. É um princípio de Ética Geral. De que adianta haver reforma tributária, se as pessoas continuarem pensando assim não posso reclamar da escola, do hospital, do atendimento desse órgão porque é de graça?

Os dois Fundos mais solidários numa Economia são: os TRIBUTOS e a POUPANÇA INTERNA. O primeiro é público e o segundo privado. O primeiro é a parte do trabalho da sociedade carreada para o Estado na forma de impostos, taxas e contribuições dentre os quais o imposto é o mais expressivo. O imposto é um tributo não vinculado. O cidadão é obrigado a pagar sem que possa exigir contrapartida específica. A sua destinação é papel dos homens do Estado que o fazem de forma impessoal e solidária. O segundo fundo é também parte do trabalho da sociedade carreada ao Sistema Financeiro Nacional, pela rede de Bancos Comerciais. É o maior indutor do desenvolvimento via crédito sustentado. Nenhum país do mundo hodierno se desenvolveu sem Poupança Interna. E todos os países que tem Poupança Interna forte, valorizam sobremaneira o trabalho.

O Estado nada produz além de custos então todo o recurso do governo vem do trabalho dos contribuintes. Portanto, é OBRIGACAO SOLIDÁRIA exigir a contrapartida dos tributos na direção e na medida certas, conforme as prioridades. Os omissos são cúmplices do desperdício, da arbitrariedade, dos descasos e da corrupção também. A razão que nos faz péssimos em matéria de Controle Social é a mesma que nos faz insignificantes em matéria de poupança: não damos valor ao nosso trabalho. Urge reformar nossa forma de pensar acerca desse valor moral e ético.

Etimologicamente trabalho não tem origem totalmente definida. De modo geral temos duas vertentes antagônicas. Uma que diz que deriva de tripalium (um instrumento de suplício) segundo a qual somente os baixos extratos sociais trabalhavam. Portanto, trabalho é abjeto na origem. A outra vertente diz que vem de labore que significa lavrar a terra (no antepassado) ou elaborar (trabalho intelectual nos dias atuais). Mais ainda, essa vertente é Criacionista e vincula a origem do trabalho à Criação narrada no Gênesis, quando Deus estabeleceu o tempo do trabalho e do descanso. Dando importância tanto ao trabalho quanto à fadiga dele decorrente. Eu fico com a segunda.

O trabalho é a priori uma obrigação individual mas acaba despertando a necessidade de organização e estabelece fortes laços de solidariedade entre os indivíduos. Trabalhar sem se organizar é ser burro de carga.

Como mudar, com tamanha amplitude, a nossa maneira de ver o trabalho e agir em torno dele?

Através de uma Reforma Civil com forte viés religioso. Fato que já está ocorrendo. Estamos exercendo mais a nossa liberdade de expressão e de culto. Ora, se somos um país cristão porque o trabalho é tão achincalhado? Segunda-feira é o dia internacional da ressaca, da preguiça, do bocejo, do mau humor. Bom dia mesmo é a sexta-feira para alguns e o sábado para a maioria. Tem gente que diz que o melhor dia é a segunda-feira porque está mais distante da PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA. Que tal essa? Quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. São piadas? Não! São manifestações do nosso Inconsciente Coletivo sob efeito de 500 anos de pensamento aviltado.

Há três décadas éramos bem piores, houve mobilização e estamos num processo de melhoria lenta, porém constante. Daqui a três décadas já teremos cara de nação. E nação forte.

NESTES TERMOS, EU ACREDITO NO MEU PAÍS!

FRANCISCO GOMES

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Autor: FRANCISCO DE LIMA GOMES


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