Da tragédia à comédia: do comunismo ao céumunismo
Era uma vez um coelho que trabalhava incansavelmente em prol de uma causa: a filosofia. Não existia feriado, nem um certo tempo de dedicação por dia, nem um lugar exclusivo que o coelho sentava para trabalhar. Quando se trabalha para algo no qual se acredita trabalha-se todo dia, toda hora, todo minuto.
O coelho e seus amigos tinham um nobre discernimento: não podiam trabalhar para a ética e para a raposa ao mesmo tempo. Devido a isso, a raposa visava a todo instante aniquilar os coelhos através de seu poder. Porém, os coelhos prosseguiam na luta diária em função de sua causa comum.
A raposa, indignada com os coelhos, corrompeu alguns animais, transformando-os em cobras-cegas; construiu pactos venenosos e centros que se diziam democráticos, mas que, no fundo, eram fascistas e cultuavam ao líder; destruiu qualquer indício que pudesse comprometê-la, deixando visível sua maldade cuja fachada dizia ser "democrática".
A labuta dos coelhos prosseguia, entre um evento e outro e um maior ainda; entre coerções da raposa, falácias dos centros e picuinhas das cobras.
_O capitalismo é como um capeta sugando o sangue de vocês! O capitalismo é, portanto, capetalismo! Era o que dizia a raposa, em seu discurso neurótico a fim de cooptar para sua própria causa (que se jurava humanista, redentora e messiânica) os ouvintes.
_O fim de tudo é o comunismo! - Concluía a raposa.
Diante disso, expressavam os coelhos em coro:
_Esta perspectiva é muito ressentida e mesmo religiosa e dualista, afinal, entre comunismo primitivo, capitalismo e comunismo futuro, é possível fazer esta analogia: paraíso perdido, inferno e paraíso final, ou céumunismo.
O cenário estava tragicamente construído e as cobras contracenavam os espetáculos do horror dirigidos pela raposa. Contudo, a vida é cheia de alegrias: da tragédia à comédia, da alienação e retaliação à conquista ética e crítica; do trabalho incansavelmente executado ao resultado final aqui, a partir de agora.
Autor: Felipe Figueira
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