Omitir e mentir, pecados na informação!



Omitir e mentir, pecados na informação!


Edson Silva

Não devia ser assim, mas infelizmente é tradição no Brasil surgirem "denuncismos" em anos eleitorais. A situação se agrava, deixando cidadãos, eleitores ou não, ainda mais confuso, quando a disputa é por cargos executivos, como presidente da República, governador de estado e prefeitos, direitos que, no caso dos primeiros cargos, só retomamos respectivamente há 28 e 21 anos, após o de Regime Militar. E a conquista foi com luta e mobilizações populares, com participações corajosas de partidos compromissados com o povo. Os reacionários se omitiram e a maioria de outros setores, cito o caso da imprensa, foi obrigada a se calar por meio de censura brutal, o que vozes libertárias tentavam expressar, o fuzil e o canhão obrigaram a calar.

Felizmente, no que se refere à liberdade de expressão, vivemos outros tempos e com tanta liberdade que, infelizmente, alguns órgãos de imprensa utilizam para extrapolar a verdadeira função de informar corretamente, dar amplo direito de defesa, não fazer juízo de valores e deixar que os leitores tirem suas conclusões. Neste ponto, às vezes me pergunto se o pior é censurar ou manipular e entro na velha questão: "é pior omitir ou mentir?" É notório que algumas grandes empresas (revistas, jornais, rádios e TVs) tomam partido em em segmentos como esportivo, religioso, social e quando se trata do político, então? Nem se fala!

Não sou contra a tomada de partido em si. Sou contra manipular, querer impor aquilo que a empresa acha certo, não levar em consideração documentação, sabendo que, em época de Eleição, não faltam oportunistas, prontos aos "denuncismos", pouco se importando com qual conseqüência que terá o país. Tivemos exemplos nas eleições presidenciais de 89, que levaram Collor à vitória; nos anos 90, com policiais apresentaram na TV acusados de seqüestrar um empresário brasileiro, obrigando-os, num dia de eleição, por camisetas de um partido político. Enfim coisas que não favorecem a democracia.

Recentemente, a revista Veja publicou como sendo novos, fatos investigados há mais de cinco anos. A reportagem chegou ao cúmulo de dar crédito a uma fonte, que se diz empreiteiro e não se identifica, que diz mais ou menos isso: "...acho que as Notas frias que me pediam eram para favorecer candidatos fulano e cicrano, do partido tal. Além de mim, outros empreiteiros faziam isso..." Pelo pouco que entendo de lei, quem confessou que cometeu um crime (acho que emitir Notas Fiscais falsas é sonegação fiscal) foi o entrevistado, já que "denúncia" sem provas é vazia.

Como um órgão de imprensa de repercussão nacional, se estiver bem intencionado, divulga algo assim? Emails que recebi de amigos me aproximaram dessa resposta: na página da reportagem na internet havia, segundo eles, publicidades governamentais do governo do estado de SP. Será que poderíamos chegar aos jornalistas Alexandre Oltramari e Diego Escosteguy, que assinaram a matéria da Veja, e pedir para esconder o rosto e "denunciar" que ouvimos dizer que grupos de políticos de centro-direita pagam o articulista Diogo Mainardi, da própria Veja, para fazer campanha contra candidatos da esquerda, teríamos o crédito dado à fonte da entrevista?

Já que falamos em "denuncismo", recentemente parte da imprensa "caiu de pau" no delegado federal Protógenes Queiroz porque ele disse na "CPI dos Grampos", no Senado Federal, sem apresentar prova, que o banqueiro Daniel Dantas, acusado no caso do Banco Opportunity, teria esquema de favorecimento na mídia, que envolveria vários jornalistas, entre os quais os da Veja, citados neste artigo. Hoje, com internet e tanta pluralidade de informações, o negócio é seguir (agora mais atualizado) um conselho de minha querida mãe (que Deus a tenha): "Ler três vezes(e tantas versões forem possíveis) para poder crer!"

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

Autor: Edson Terto Da Silva


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