Cartas De Amor



Cartas de amor...

Quantas escrevi e quantas refuguei!!

Ao relê-las, logo as atirava ao lixo...

Achava-as piegas, me via prolixo!

Nelas desnudava minha alma.

Despia-me de pudores, valores,

Contava minhas dores, meus amores,

Expunha meus temores.

Fazia juras, sonhava delícias futuras!

Quanta poesia, hoje eu entendo,

Descartada, desprezada, mutilada!

Hoje eu entendo!

Tivera eu lido Fernando Pessoa,

“...Todas as cartas de amor são ridículas...

Não seriam cartas de amor,

Se não fossem ridículas!”

E eu as teria guardado,

Sem ao menos tê-las enviado.

Só para ter o prazer de relê-las hoje.

Homem feito, maduro, seguro.

Marília, meu primeiro grande amor,

Tão linda, meiga, carinhosa,

Quanto fiquei lhe devendo

Depois de nossa forçada separação!

O destino, os estudos nos separaram.

E eu chorava minha saudade,

Solitário num quarto de pensão!

Na madrugada, lua cheia na janela,

Debruçada sobre o papel virgem,

Inspirava lindas cartas de amor,

Imaginando-a a esperar por mim.

... Lindas cartas de amor, que a luz do dia,

Invejoso, cruel, impiedoso, tornava ridículas.

... E eu as destruía.

Eram um pedaço de mim!!

 

Soriévilo 24/03/08


Autor: Oliveiros Coelho Neto


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