Resenha de ''Diferentes Formas de Resolver Problemas''



CAVALCANTI, Cláudia T. Diferentes Formas de Resolver Problemas. In: Smole, K. S. e Diniz, M.I. (orgs.) Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001.

O capitulo 7, "Diferentes formas de resolver problemas", aborda questões relacionadas aos problemas matemáticos aplicados em sala de aula. A autora, Cláudia Cavalcanti, escreve sobre as diferentes formas que os alunos podem usar para aprender a resolver problemas. Ela coloca como base para exemplificar os diversos tipos de resolução de problemas que os alunos encontram o seguinte problema: Clovis é um colecionador muito estranho. Ele tem 2 caixas. Em cada caixa há 4 aranhas. Cada aranha tem 8 patas. Se Clovis tivesse que comprar meias no inverno para suas aranhas, quantas meias ele compraria?

Alguns alunos resolveram através de desenhos, das meias, das aranhas ou pauzinhos. Segundo Cavalcanti, este tipo de resolução é feita de forma livre, o professor abre mão de ensinar a representação numérica, uma regra, assim os alunos aprendem de maneira prazerosa e autônoma.

No decorrer do processo ensino-aprendizagem, das observações feitas pelos professores, este problema foi ficando mais complexos, e algumas questões foram acrescentadas: As aranhas de Clovis tiveram filhotes, agora ele tem 5 caixas. Em cada caixa há 4 aranhas e 3 filhotes. Se Clovis tivesse que comprar meias para todos. Quantas seriam? E se ele tivesse 32 meias, quantas aranhas ele poderia aquecer no inverno? O grau de dificuldade desses problemas pode ser aumentado de acordo com a necessidade de cada aluno.

É importante apresentar aos alunos essas diferentes formas de resolver problemas, o desenho, o jeito que eles pensam e tentam resolver os problemas propostos ajuda na quebra da necessidade da imposição do algoritmo. Para Cavalcante, a autonomia que os alunos conseguem desenvolver através dessa relação é fundamental para quando o professor for introduzir o algoritmo, assim o aluno aprende com mais facilidade.

No entanto, para que os alunos adquiram esta autonomia e desenvolvam as diferentes formas de resolver problemas, cabe ao professor criar espaços de discussão para que eles compartilhem e registrem as soluções encontradas para se chegar ao resultado. O incentivo do professor é fundamental para esse processo, ele deve incentivar que os alunos registrem suas hipóteses através de desenhos, escritas matemáticas e a oralidade. Através da oralidade a criança pode expor suas hipóteses e compartilhar com os outros, o professor pode utilizar deste recurso perguntando para as crianças se elas concordam com a proposta do colega, qual a outra maneira de se encontrar o resultado.

Claudia Cavalcanti escreve sobre três maneiras diferentes de trabalhar com desenhos na resolução de problemas, no primeiro momento o resolvedor utiliza o desenho com uma ilustração da situação apresentada, em uma segunda etapa o desenho é uma representação da solução, e na terceira etapa o desenho é misturado aos sinais matemáticos, nesta a criança pode utilizar o desenho como uma forma de constatar se a sua resposta esta correta ou para a interpretação do texto. Nesta fase, pode-se perceber que o resolvedor já esta conseguindo associar a linguagem matemática, a partir daí, o professor pode começar a introduzir as formas convencionais de resolução de problemas, ele pode interferir dizendo que existem formas mais rápidas de se chegar a um resultado, em alguns casos, mesmo com maior facilidade com os algoritmos, algumas crianças ainda podem resgatar os desenhos para auxiliar na resolução de problemas.

Cavalcanti também nos chama atenção para alguns possíveis erros que os alunos podem cometer, o professor pode, através desses erros, fazer exposições, pedindo que os alunos encontrem outras formas de resolver estes problemas, procurar saber se a situação proposta esta adequada ao resultado encontrado, propor que os alunos descubram outras soluções ou outras propostas que se adéqüem ao resultado encontrado, assim eles avançam através de erros.

Ao final do capítulo, Cavalcanti propõe que os professores incentivem os alunos a escreverem sobre o que eles aprenderam e compartilhem com o grupo o que eles aprenderam, assim eles podem trabalhar a oralidade compartilhando seus textos, ajudando no avanço deles. Também é importante o registro dos professores, assim eles podem acompanhar o desenvolvimento de cada aluno, verificando as dificuldades e aprendizagens, podendo interferir da maneira correta.

Cavalcanti traz uma rica discussão sobre uma questão tão importante para o educando, ela nos ajuda a refletir sobre a importância de um ensino significativo. Aprendemos a resolver problemas de maneira mecânica, sem nenhum significado, uma forma tradicional com problemas convencionais de fácil resolução, onde os dados necessários para encontra a solução eram encontrados facilmente, desprezando problematizações que incentivem um pensamento mais elaborado.

A proposta apresentada por Cavalcanti permite-nos uma gama de possibilidades, podemos ensinar matemática de maneira interdisciplinar, as crianças podem aprender a resolver problemas de diferentes formas e ainda aprender a se comunicarem umas com as outras, elas podem aprender a expor suas hipóteses, adquirindo autonomia, autoconfiança e aprendizado.

Combinar o ensino da matemática com o incentivo a comunicação, a oralidade, a escrita é uma forma de inovar o ensino, promovendo uma aprendizagem significativa que auxilia no desenvolvimento do aluno, ajudando-o não só na busca da resposta correta, mas também na construção de conhecimento, desenvolvimento, habilidades e autonomia.


Autor: Grazielle Almeida De Jesus


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