A Assitência da Enfrmagem na Exosanguineotransfusão



RESUMO:

O presente artigo foi elaborado através de revisão de literatura, com o intuito de descrever a assistência de enfermagem na exosanguineotransfusão, através dos cuidados prestados ao recém-nascido portador de doença hemolítica. Possibilitando desta forma uma melhor assistência de enfermagem antes, durante e após a transfusão.

PALAVRAS CHAVE:Exosanguineotransfusão, doença hemolítica e cuidados de enfermagem.

INTRODUÇÂO

A doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) é um índice anormalmente alto de destruição das hemácias, o que provoca a hiperbilirrubinemia. Está destruição estimula a produção de novas hemácias, o que, por sua vez, oferece um número crescente de células para a hemólise. As causas principais que provocam essa destruição são a isoimunização (primariamente Rh) e incompatibilidade ABO (WONG, 1999).

A hiperbilirrubinemia neonatal é um evento comumente observado em berçários e unidades de terapia intensiva neonatal, acometendo tanto recém-nascidos a termo (RNTs) quanto prematuros(RNPTs) (BUENO et al, 2003 ).

Segundo Wong (1999) a icterícia surge logo após o nascimento durante as primeiras 24 horas, e os níveis séricos de bilirrubina não-conjugada se elevam rapidamente. Habitualmente esses níveis são de 1,5mg/dl ao nascimento, chegando a 6,5mg/dl no terceiro ou quarto dia de vida, retornando aos valores iniciais até o 10º dia de vida do neonato (STEUBEN,1992 apud BUENO et al,2003); a icterícia pode ser notada quando os níveis de bilirrubina total estão acima de 7mg/dl (HINKES; CLOHERTY, 2000 apud BUENO et al,2003).

A hiperbilirrubinemia não tratada apresenta uma grave complicação que é denominada Kernicterus e consiste na impregnação do tecido cerebral pela bilirrubina, ocorrendo lesão neuronal (BUENO et al,2003).

Metodologia

Para alcançar o objetivo proposto pelo estudo, utilizou-se revisão bibliográfica de artigos realizando levantamento da literatura no período de 01 a 12 de setembro, tendo como base de dados: SCIELO, LILACS e acervo da biblioteca das Faculdades Unidas do Norte de Minas. As palavras chaves usadas para consulta em banco de dados informatizados foram: Exosanguineotransfusão, doença hemolítica e cuidados de enfermagem.

Revisão de Literatura

Detecção da Hiperbilirrubinemia

De acordo com MAISELS (1999) apud Bueno et al (2003) a detecção da hiperbilirrubinemia ocorre, principalmente, pela observação de alteração da cor da pele do recém-nascido ao exame físico de rotina.

Desta forma durante o exame físico do recém-nascido, o enfermeiro deve estar atento à presença de icterícia e achados clínicos e físicos relacionados à hiperbilirrubinemia, sendo os principais descritos por Hinkes; Cloherty (2000) apud Bueno et al (2003) como: prematuridade, microcefalia, coleções sanguíneas, palidez, hepatoesplenomegalia, ausência ou falta de freqüência nas evacuações.

Condutas Terapêuticas

Para Wong (1999), o objetivo principal da conduta terapêutica da isoimunização é a prevenção. A terapia pós natal envolve a fototerapia, exosanguineotransfusão e tratamento farmacológico dependendo da intensidade da hemólise e do aumento dos níveis séricos de bilirrubina.

Fototerapia

Embora a fototerapia possa controlar os níveis de bilirrubina nos casos leves, a doença hemolítica pode continuar provocando intensa hiperbilirrubinemia e anemia. Ela pode ser o único tratamento necessário para alguns recém-nascidos com incompatibilidade ABO (WONG, 1999).

Exosanguineotransfusão

A exosanguineotransfusão é a transfusão sanguínea em que se realizam trocas sanguíneas totais ou parciais da volemia com finalidade terapêutica (TAMEZ; SILVA, 1999 apud BUENO et al, 2003). Ela foi à primeira terapia de sucesso instituída para tratar a icterícia neonatal grave. Apesar da mesma ser considerada um procedimento seguro, ela não é isenta de riscos e apresenta índices de mortalidade variando entre 0,5 e 3,3(SÁ et al, 2009).

Os estudos de Sá et al (2009), descrevem que os níveis de bilirrubina para indicar a exosanguineotransfusão permanecem controversos, uma vez que a incidência de encefalopatia bilirrubínica também depende de outras variáveis como a idade gestacional, a presença ou não de hemólise e o quadro clínico do recém-nascido. As recomendações atuais para se realizar a mesma baseiam-se no balanço entre os riscos para ocorrência da encefalopatia e os eventos adversos relacionados ao procedimento.

Segundo Bueno et al (2003), esta a última medida de cuidado para o neonato cuja fototerapia e ouras terapias tenham fracassado e quando a bilirrubina alcança níveis onde existe um grande risco de desenvolver Kernicterus. Pode ser realizada com papa de hemácias, sangue total ou com infusão prévia de albumina seguida de troca de sangue total. O volume para a transfusão é de duas vezes a volemia do neonato, ou seja, aproximadamente 85 ml/Kg para RNT e 100 ml/Kg para RNPT, assim, troca-se cerca de 85,0% do sangue do recém-nascido .Quanto ao sangue a ser transfundido deve-se observar a sua seleção a compatibilidade do grupo ABO e Rh entre doador e recém-nascido.

Conforme Wong (1999:227):

A exsanguineotransfusão é um procedimento cirúrgico estéril. Um cateter é introduzido na veia umbilical e empurrado até o interior da veia cava inferior. Dependendo do peso do recém nascido, 5 a 10 ml de sangue são retirados dentro de 15 a 20 segundos, e o mesmo volume de sangue do doador é infundido durante 60 a 90 segundos. Se o sangue tiver sido citratado (adição de citrato-fosfato-dextrose-adenina para evitar coagulação), deve ser dado gluconato de cálio após a infusão de cada 100 ml de sangue do doador para evitar hipocalcemia.

Os recém nascidos de mães já sensibilizadas algumas vezes são tratados pela transfusão intra-uterina, que consiste em infundir sangue dentro da cavidade peritoneal ou na veia umbilical do feto. A necessidade de terapia baseia-se na determinação da densidade óptica do líquido amniótico (via amniocentese) como índice da concentração de bilirrubina e grau de hemólise (WONG, 1999).

Assistência de Enfermagem na Exosanguineotransfusão

Frente às necessidades de monitorização freqüente do recém-nascido durante a transfusão corroboram Tamez et al (1999) & Bueno et al (2003), quando sugerem os seguintes cuidados descritos no quadro 1:

Intervenções de Enfermagem

Justificativa

Lava as mãos e preparar o material para o procedimento e eventuais complicações.

Prevenir contaminação e intervir rapidamente nas complicações.

Obter consentimento dos pais para o procedimento e administração de sangue.

Discutir com os pais a necessidade do procedimento, mantendo-os informados e diminuindo o nível de estresse.

Colocar o recém nascido no berço aquecido, mantendo a temperatura termoneutra.

Para a manutenção da temperatura durante o procedimento e também para permitir a visualização do paciente durante o procedimento.

Instalar o monitor cardíaco, oxímetro de pulso e pressão arterial, observar o traçado de ECG.

Para a monitorização constante dos sinais vitais durante o procedimento e rápida detecção de alterações hemodinâmicas.

Imobilizar as extremidades do paciente.

Para facilitar o procedimento.

Colocar coletor de diurese.

Para evitar a contaminação dos campos estéreis.

Verificar os sinais vitais, pressão arterial, cor e perfusão nas extremidades antes de iniciar o procedimento e a cada 15 minutos durante o procedimento.

Para monitorização hemodinâmica e detecção imediata de possíveis complicações.

Agitar a bolsa do sangue doador a cada cinco minutos.

Evitar hemossedimentação.

Após o procedimento verificar os sinais vitais cada 30 minutos por duas horas.

Para monitorização hemodinâmica e detecção imediata de possíveis complicações.

Verificar o nível de glicose imediatamente após o procedimento e uma, duas e quatro horas após o término do procedimento.

Para a monitorização dos níveis de glicose. O sangue do doador contém dextrose, que pode levar à hiperglicemia, aumentando a produção de insulina. Após o procedimento, com a diminuição de oferta de glicose, pode ocorrer a hipoglicemia.

Quadro 1 ? Cuidados de Enfermagem ao recém ? nascido submetido à exosanguineotransfusão.

Wong (1999) descreve ainda que a enfermagem deve preparar a família do bebê para o procedimento da exosanguineotransfusão,dando-lhes todas as informações e apoio pertinentes.

Considerações Finais

Contudo a atuação da enfermagem assistencial se torna extremamente relevante, na identificação da doença hemolítica uma vez que a mesma é quem permanece junto ao bebe e sua família. È por meio da assistencial individual e integrada que ela presta os cuidados durante a exosanguineotransfusão, proporcionando tratamento eficaz, melhor e mais rápida recuperação, além de diminuição de complicações durante o procedimento.

Referências bibliográficas:

SMELTZER, S. C. BARE, B. G. Brunner e Suddarth:tratado de enfermagem médico cirúrgico. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

SMELTZER, S. C. BARE, B. G. Brunner e Suddarth:tratado de enfermagem médico cirúrgico. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Piccoli M, Galvão CM. Enfermagem perioperatória: identificação do diagnóstico de enfermagem risco para infecção fundamentada no modelo conceitual de Levine. Rev. Latino-am. Enfermagem, vol.9, nº.4, Ribeirão Preto 2001, p.37-43.


Autor: Aline Fabiane Souza Oliveira


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