Resenha - Além Do Golpe – Versões E Controvérsias Sobre 1964 E A Ditadura Militar



Aqui, pelo espaço e pela característica que se expressa numa resenha, será uma tentativa de elaborar um sintético panorama explicativo a despeito da obra a qual destina seus comentários, dando conta dos seus aspectos mais destacados e relevantes para a compreensão do temas acerca do qual o autor elabora suas idéia e perspectivas.

O golpe militar de 1964 foi gestado sobre uma iniciativa marcadamente ilegal de Jango, ou seja, iniciativas estas que só ficaram com apenas uns telefonemas e movimentações, o que levaram a impedir ordem de Prisão que Jango emitia para O Ministro da Guerra, o general Castelo Branco. Jango abraçou a causa de reformas de base, pois ai conquistaria apoio, independente do Congresso. Reformas estas que estavam encabeçadas pelo PCB, operários, camponeses e estudantes. Considerando a obra de Daniel Aarão Reis Filho citada pelo autor, foi no campo que se constitui um grande espaço de luta pela verdade.

Conforme o autor Carlos Fico deixa evidente que as leituras privilegiadas do Golpe foi a que esteve estampada nos jornais da época,e estes mesmos textos mais tarde seriam publicados como obras de grande excelência tornando fontes para novos trabalhos. Na obra de Thomas Skidmore mostra um certo empirismo, quando cita o trabalho dos brazilianists, que seriam estudiosos americanos, ou seja, originados do país que pesava algumas acusações, afinal o golpe começou em Washington. Outra obra destacada pelo autor é a de Alfred Stepan, que faz alusão tradicional da ciência política, em especial a norte americana, sobre regimes militares, a obra de destacava na simples demonstração de que era possível pesquisar, pois se fez sobre documentos accessível a todos, e se beneficiou apenas de algumas entrevistas conseguidas somente pela sua nacionalidade, que empolgava alguns brasileiros. Outro autor que partiu de pressupostos marxistas, citado por Carlos Fico é a do Cientista Político uruguaio René Armand Dreifuss, analisa que o golpe de 64 como agente causador não foram as forças armadas, ou a doutrinação da Escola Superior de Guerra, com intuito de dar a importância necessária aos empresários, que no Governo de Castelo Branco tiveram cargos gerenciais de grande relevância a empreendimentosindustriais e financeiros de interesses multinacionais. Podemos perceber nestes relatos que houve sim uma forte atuação dos empresários para desestabilização do Governo de Jango.

Após o golpe houve algumas manifestações a favor do golpe o qual em muitas vezes comemoravam a existência do mesmo. Enquanto isso pessoas mais letradas ficaram e inconformadas com a denúncia de torturas que se falavam por aqui e acolá. O Cientista Político Bolívar Lamonier, segundo Carlos Fico, afirma que a vitória de boa parte dos oposicionistas em outubro serviria de pretexto para criação do AI-2.

Com a derrota de Castelo Branco, o Sistema Nacional de Informação, o famoso SNI, começou a ser dirigido pelo general Médici, o que criou a ponte para a Presidência da República com apenas dois anos na função de chefe dos espiões, que fazia parte de um projeto global do golpe de 64, não apenas de repressão e controle, mas também a censura e a propaganda política.

O temor da quebra da disciplina, do desordenamento da moral familiar, da normalidade familiar faz surgir então esses departamentos com conceito de autoridade, pelo qual se identifica o papel de atores que mandam e aquele que obedecem. Nisso resulta um fortalecimento do poder central e do aparato policial como legitimadores da violência, amparado mesmo na legalidade, que moldarão a consolidação do Estado autoritário de então.

Diferentemente de outros "pilares básicos" da repressão, como a espionagem e a censura, a tortura criava náuseas em alguns militares, principalmente quando tinham que negar a existência desses elementos com o silêncio, que era feito quando questionados por organismos internacionais, tais como OEA, ou seja, nada deveria ser respondido a acusações ou questionamentos desses organismos. Elemento também utilizado para negar a censura à imprensa.

A Divisão de Censura de Diversões Públicas DCDP era a responsável por censurar ou liberar programas de televisão, peças teatrais, filmes, entrevistas e tudo relacionado à mídia, o que gerava grandes negociações entre esta Divisão e a direção da emissora, o que fazia com que a Rede Globo, mesmo quando punida mantinha certa cordialidade com esta Divisão fazendo o que essa determinava, pedindo em barganha maior liberalidade da censura.

Outro instrumento utilizado pelo governo do golpe de 64 foi a propaganda política sofisticada, feita no seio da Presidência da República, com caráter utópicos, que sempre exaltava o Brasil e o poder dos brasileiros, onde em plena ditadura falavam em participação (não sei em quê) e amor, onde era cultuados valores morais e relações familiares, com noções de educação e civilidade, com belas imagens e musicas envolventes, com frases do tipo: "Ninguém segura o Brasil"

É a partir do movimento de homogeneidade do imaginário da nação que surge outra faceta do conteúdo que norteia a pátria, a moral. Nesse aspecto, a pátria, seus símbolos e valores são regulados de forma a construir uma identidade aos membros da nação brasileira.

Referências bibliograficas

FICO, Carlos. Além d Golpe – Versões e controvérsias sobre 1964 e a Ditadura Militar. Editora Record - 2004.


Autor: Rócio Stefson Neiva Barreto


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