Brasil, Estado Forte Versus Neoliberalismo em Cheque
Brasil, Estado Forte Versus Neoliberalismo em Cheque
Adilson Boell[1]
Caro leitor, para se compreender bem o real significado da crise financeira e imobiliária nos Estados Unidos e quais os efeitos desta crise sobre a forma de se pensar o desenvolvimento, é necessário primeiramente compreender que tipos de vertentes teóricas estão em discussão e mesmo sendo adotadas como modelo de desenvolvimento da economia Mundial.
Em tempos de Neoliberalismo, vertente teórica que se sustenta sobre a idéia força de que o mercado é auto-regulável, ou seja, quanto menor forem as influencias externa sobre ele, maior será o seu desenvolvimento. Neste modelo o estado deve se preocupar com as questões de menor importância e não interferir nas políticas de mercado. Quanto menos interferência, bloqueios e barreiras, quanto mais livre estiver a "mão invisível do mercado", mais possibilidades haverá para o tão sonhado desenvolvimento das nações.
Na tentativa de compreender como ocorre, e quais fatores influenciam o desenvolvimento, desenvolveram-se várias concepções teóricas, que por sua vez desdobraram-se em diversas vertentes analíticas. Grosso modo, as principais concepções ou "Teorias Clássicas".
As primeiras vertentes teóricas que se tem conhecimento (pelo menos no conhecimento do autor deste artigo) foram as "Espaciais", e tem como seus precursores Tüner (1826) e Alonso (1964); seu eixo analítico versa sobre o valor da terra e custos de transporte. Outra vertente teórica importante é a do "Crescimento Econômico". Marshall (1891) foi o precursor desta vertente, sua teoria, chamada de distritos Marshallianos, buscava explicar as razões da concentração territorial das atividades produtivas, tendo por base, além dos aspectos econômicos, a dinâmica sociocultural das regiões. Esta vertente teórica tem em Keynes (1930/1985) um dos seus principais representante, pois sua teoria apesar de polemica a época, recobra fôlego nos dias atuais, com a crise norte-america (que colocou em cheque as teorias neoliberais de "livre mercado" e de um "estado mínimo").
A Teoria Keynesiana tem como sua idéia força a intervenção exógena no mercado via ação e investimento do Estado. Para Keynes a ausência de mecanismos corretores ou reguladores do "livre mercado" provocaria como conseqüência, a intensificação das desigualdades inter-regionais e o agravamento da crise do capitalismo, o que justificaria a ação do Estado, principalmente em épocas de crise.
Com a necessidade da intervenção por parte do governo americano junto a sua economia, obrigando-se a realizar enormes investimentos para evitar à quebradeira de bancos e conseqüentemente a falência do setor imobiliário, as teses neoliberais que sustentavam a liberdade de mercado foram colocadas em cheque. Exemplos como o Brasil, primeiro País a sair da crise, devido à forte intervenção do estado, em políticas sociais e de fortalecimento da economia brasileira, fortalecem ainda mais, a atualidade e a eficiência da teoria Keynesiana, e servem para anuncia o fim do neoliberalismo e o surgimento do pós-neoliberalismo.
[1] Licenciado em Matemática na UNIASSELVI em Indaial, Pós graduando em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares pela FURB/SAPIENCE em Blumenau e Mestrando em Desenvolvimento Regional, pela Universidade do Contestado em Canoinhas.
Autor: Adilson Boell
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