Não és vulgar e nua brilhas para todos!



Não és vulgar e nua brilhas para todos!

 

Edson Silva

 

Não é a primeira vez e, se Deus quiser, não será a última que te vejo linda e vistosa, mas alheia ao meu e aos tantos olhares admirados, brilhando sobre todos nós e só, quase sempre impressionantemente sozinha. Tão poderosa pareces, mas sua fragilidade feminina se faz presente quando delicadamente não resistes à tênue sombra da noite, que vagarosamente e decidida espalha seu escuro véu sobre tudo, coisas e pessoas, envolvendo-as na penumbra. Mas, ao que me parece, a escuridão não te assusta e mais até te fortalece e dar mais brilho.

 

Sem mudar de posição, somes de meu olhar, mas apareces para outros, mas nem em meus devaneios de ciúmes ouso te achar vulgar por isso. Gostaria de ser cantor para te exaltar. Quem sabe tocar violão e lindos acordes e fazê-los como acalantos, embora eu saiba que a noite é sua e não dormes jamais. Violão me leva a lembrar minha pouca ou nada habilidade musical. Talvez trauma desde a infância nos anos 60. Sendo canhoto não vi em toda infância violão para quem quisesse aprender tocar com a mão esquerda. Teria algo ideológico nisso? Afinal, estávamos numa Ditadura Militar.

 

Mas voltando ao hoje e a ti, a tua liberdade solitária, fico devendo a música, mas não me constranjo tanto, se posso me expressar em letras nesta prosa. Pensei na poesia, mas e a responsabilidade de achar palavras e rimas certas? Cá de baixo, aos seus pés e com a cabeça sob seu brilho, fico pensando coisas para desconstruir verdades milenares, seculares ou de apenas décadas. Não imagino tua delicada pele servindo de solo para cascos de cavalo, mesmo que montado por santo; pele servindo de base para espeto de bandeira; de estrada para jipe ou de capacho para pisos e pulos com pesadas botas.

 

Nem as viagens pelas histórias sobre ti não me fazem perder o foco. Meus olhos roubam, talvez, um pouco de teu intenso brilho. Se me viste ou estais me vendo nem sei, pois impassível você permanece e parece que age da mesma forma com toda a multidão admirada. Vou terminar esta prosa, afinal sei que nem a mais pura beleza resiste a uma extensa e melosa declaração. Só volto a me desculpar pela falta de música, mas tentei compensar com a prosa. Será que estou curado do crônico ciúme da raça humana? Afinal, mais de uma vez te vi linda, brilhando e não apenas para mim, mas para todos e olha que estavas nua, não é Lua ?! Rimou! Então virou poesia...

 

 

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Campinas

Email: [email protected]
Autor: Edson Terto Da Silva


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