ANÁLISE DA OBRA DE AMADOU HAMPÂTÉ-BA: O MENINO FULA



Dhiogo José Caetano & Angra CardosoAcadêmicos da UEG  Universidade Estadual de GoiásA partir da análise do livro "Amkoullel, o menino fula de Amadou Hampâté-Bâ", podemos perceber uma representação bibliográfica cujo objetivo é mostrar as qualidades da África; um processo voltado de dentro para fora.

Assim podemos notar uma construção de culturas diversificadas no sul da África, ou seja, na região da Badiagara. Para colocarmos em perspectiva a cultura africana devemos colocar em voga os inúmeros dialetos, modos e comportamentos de um povo não homogêneo.

Amadou em sua construção bibliográfica buscou construir uma história família e ao mesmo tempo uma história individual, porém trabalhando em uma perspectiva de complexidade dos conceitos coletivos da realidade africana.

Ao trabalhar tal perspectiva devemos nos remeter á questão do misticismo, algo complexo em meio à construção da mentalidade africana. Amadou em sua obra trabalha com clarividência, á questão mística e religiosa, enfrentando dualidades constantes, pois recebeu como herança a religião africana da mãe e mulçumana do pai.

Em meio a esta análise não podemos deixar de apontar o poder matriarcal, pois a mãe em meio à construção dos processos sócios culturais era considerada de extrema importância nas decisões tomadas pelos homens.

Porém para tornar possível a permanência da cultura e da memória africana, os griots contavam a história e os anciãos eram fundamentais na transferência do conhecimento, da sabedoria e dos ritos de seus ancestrais, Amadou nos deixa claro em sua narrativa que os griots deveriam trabalhar com a verdade "absoluta", pois eles tinham como missão transferir esse saber para a juventude africana, como objetivo de não perder a história.

O trabalho de Amadou trás átona a fusão entre memória e oralidade com relação ao poder da palavra na África, pois ele remetia algo de permanência dos cultos e rituais utilizados pelos ancestrais. A palavra tinha o poder de levar o conhecimento e ao mesmo tempo acarretava li o poder de amaldiçoar toda uma geração.

Portanto, notamos em meio à análise que a oralidade é de extrema importância para concretização dos saberes de um povo anterior que antecederia a gerações futuras. Assim fica claro que o trabalho da memória e da oralidade se funde como algo primordial na cultura do povo africano, tornando vivo as representações do imaginário que envolve todo um proceder sócio cultural em relação há um procedimento historiográfico amplo, diversificado e complexo com relação à linguagem, os dialetos, os ritos, a cultura e a religiosidade que se mistura em meio há uma dialética que permanece viva na memória dos anciãos e na oralidade dos griots.


Autor: Dhiogo José Caetano


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