DESVENDANDO O TEXTO



Neily Alves dos Santos Almeida[1]

Resumo

Esse artigo é resultado de uma análise sobre a importância que as escolas, do tempo atual, atribuem ao ensino-aprendizagem, a partir do uso de textos em sala de aula. Essa análise permitiu a constatação da dificuldade de algumas escolas em trabalhar a linguagem. Foi observado ainda, que mesmo com as políticas de incentivos ao trabalho com uso de textos, existem professores que trabalham a linguagem e a interpretação de textos de forma puramente instrucional. Daí a origem desse artigo que tem por objetivos: estabelecer um diagnóstico sobre a situação do trabalho com a linguagem e os textos nas escolas; fornecer subsídios aos professores dessas instituições para ajudá-los em sua metodologia aplicada ao estudo e compreensão desse conjunto de signos e; auxiliá-los no trabalho de interpretação e produção de textos, a partir dos diferentes gêneros textuais.

Palavras-chave¹: Análise. Metodologia. Ensino-aprendizagem. Compreensão. Gêneros textuais.

Summary

This article is resulted of an analysis on the importance that the schools, of the current time, attribute to the teach-learning, from the use of texts in classroom. This analysis allowed the constatação of the difficulty of some schools in working the language. It was observed still, that exactly with the politics of incentives to the work with use of texts, exist professors who work the language and the interpretation of texts of purely instrucional form. From there the origin of this article has for objectives: to establish a diagnosis on the situation of the work with the language and the texts in the schools; to supply subsidies to the professors of these institutions to help them in its applied methodology to the study and understanding of this set of signs e; to assist them in the interpretation work and production of texts, from the different literal sorts.

Word-key: Analysis. Methodology. Teach-learning. Understanding. Literal sorts.

1.Introdução

É por meio da linguagem que o ser humano age, criando e recriando um mundo, fruto do resultado de práticas sócio-interativas. Daí afirma-se que a língua é uma atividade constitutiva e criativa, que implica ação conjunta de sujeitos. Oralidade e escrita, elementos comunicativos que coloca a linguagem em prática, são interdependentes nas sociedades atuais e não podem ser tomadas isoladas. Tais processos são modos de representação cognitiva e social.

Todas as atividades humanas estão relacionadas com a utilização de linguagens que não se restringem apenas às palavras, mas abrange outros elementos como formas, gestos, cores, etc. Tais elementos para se tornarem linguagem precisam obedecer a regras que lhe permitam entrar no jogo da comunicação. Uma delas é que toda manifestação da linguagem se dá por meio de textos, que surgem de acordo com as diferentes atividades humanas e podem ser agrupadas em gêneros textuais. "Na última década, a grande mudança nas aulas de Língua Portuguesa foi a chegada dos gêneros à escola. Porém muitos especialistas destacam que há uma pequena confusão na forma de trabalhar." (Rev. Nova Escola, p. 49. 2009)

Esses gêneros surgem de acordo com sua função na sociedade, seus conteúdos, seus estilos. Conhecê-los não é apenas conhecer suas características formais, mas antes de tudo, entender a sua função numa realidade interativa. "Pode ser relativamente simples ensinar as características formais de um gênero; por exemplo, uma carta sempre começa com um vocativo. Mas ensinar o uso social dessa carta, bem como a função e o valor desse vocativo, é muito mais desafiador." (José Luís Landeira, p.5. 2009)[2]

Assim é importante pensar para quem se escreve, porque se faz, qual a real necessidade de fazê-lo, o que o leitor conhece sobre o tema, o que pensa dele, como fazer compreender, como usar a língua na produção do texto.

Essa abordagem de ensino usando gêneros textuais deve levar em conta tanto a cultura, quanto os diferentes domínios histórico-sociais em que estão inseridos nossos alunos.

"A língua portuguesa deixa de ser limitada por uma visão gramatical teórica e passa a ser considerada uma atividade humana, um meio, por excelência, de existir no mundo. Isso nos desafia a levar essa língua para a sala de aula o mais próximo possível de como ela é surpreendida em seu uso cotidiano". (José Luís Landeira, p.4)

2.A linguagem possibilita-nos participação social

A linguagem é sem dúvida a prática mais importante em nosso cotidiano, pois é ela que nos possibilita uma plena participação social, é por meio dela que nos comunicamos e interagimos com o meio em que vivemos. "A linguagem é, ao mesmo tempo, o principal produto da cultura, e é o principal instrumento para sua transmissão". (Magda Soares, p.16). "Também a comunicação com as pessoas permite a construção de novos modos de compreender o mundo, de novas representações sobre ele." (PCNs, p.24)

Para se ter o domínio da língua e aprender a usar a linguagem de maneira coerente com o espaço em que vivemos, essa aquisição de saber é intermediada e preparada nas instituições escolares, mais precisamente na aula de Língua Portuguesa, onde os alunos aprendem as especificidades de cada conteúdo de maneira didática.

"Numa concepção tradicional, o processo de ensinar centra-se na transmissão de conhecimentos. Isso supõe uma fonte que sabe, lugar ocupado exclusivamente pelo professor, e um receptáculo deste saber, ocupado pelos alunos". (Lígia Chiappini, p.20) Era desta forma que a escola trabalhava em décadas passadas, que consequentemente evidenciava um fracasso escolar sempre crescente.

"Desde o início da década de 80, o ensino de Língua Portuguesa na escola tem sido o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a qualidade da educação do País. No ensino fundamental, o eixo da discussão, no que se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da leitura e da escrita. Sabe-se que os índices brasileiros de repetência nas séries iniciais estão ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever... Essas evidências de fracasso escolar apontam a necessidade da reestruturação do ensino de Língua Portuguesa, com o objetivo de encontrar formas de garantir, de fato, a aprendizagem da leitura e da escrita". (PCNs, p.19)

Radicalizando-se essas necessidades, desloca-se a noção do processo de ensino como transmissão, concebendo-se a sala de aula como lugar de interação verbal[3] e por isso mesmo de diálogo entre sujeitos, ambos portadores de saberes. São os saberes do vivido que trazidos por ambos, alunos e professores, se confrontam com outros saberes, denominados conhecimentos que dialogam em sala de aula.

"A linguagem, por realizar-se na interação verbal dos interlocutores, não pode ser compreendida sem que se considere o seu vínculo com a situação concreta de produção. É no interior do funcionamento da linguagem que é possível compreender o modo desse funcionamento. Produzindo linguagem, aprende-se linguagem. Produzir linguagem significa produzir discursos. Significa trazer alguma coisa para alguém, de uma determinada forma, de um determinado contexto histórico. Isso significa que as escolhas feitas ao dizer, ao produzir um discurso, não são aleatórias, mas decorrentes das condições em que esse discurso é realizado... O discurso, quando produzido, manifesta-se linguisticamente por meio de textos. Assim, pode-se afirmar que texto é o produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo e acabado, qualquer que seja sua extensão". (PCNs, p. 25)

O texto (oral ou escrito) é precisamente o lugar das correlações: construído materialmente com palavras em unidades maiores para construir informações, cujo sentido somente é compreensível em sua unidade global. Concebê-lo como unidade de ensino-aprendizagem é entendê-lo como lugar de entrada para o diálogo com outros textos.

Daí vem a importância dos textos serem trabalhados em sala de aula, espaço de interação entre professor e aluno. "A partir dos mesmos, alunos e professores aprendem e ensinam um ao outro, construindo novos contextos e situações, reproduzindo e multiplicando os sentidos em circulação na sociedade." (Lígia Chiappini, p.23)[4]

Desde a década de 80, quando se reorientou uma nova forma de trabalhar os textos em sala de aula focalizava os textos escolares e literários. Com as novas tecnologias e as mudanças no mundo, tornou-se necessário uma variedade muito maior de conhecimento de gêneros que não tinham naquela época. De modo a alavancar os índices negativos no âmbito escolar é que começou um estudo e aprofundamento nas metodologias aplicadas pelas instituições de ensino.

Hoje quando se fala em texto, compreensão e produção textual, pensa-se e comenta-se a forma com que os gêneros textuais estão sendo trabalhados na escola. E o que pôde ser notado, é que os professores foram bastante receptivos para execução dessa proposta. Mas infelizmente, tais gêneros ainda não estão sendo trabalhados de forma que incentive o aluno para a importância do texto. "Não se trata apenas de ensinar o gênero, mas pensar no que ensinar por meio de gênero." (Drª. Roxane Helena Rojo)[5]

Os gêneros é uma ótima forma de trabalhar a compreensão de texto, mas se trabalhados da forma certa. Alguns professores trabalham apenas as características de cada gênero, ou trabalha de forma isolada, sem levar em conta o mundo e a cultura em que estão inseridos seus alunos. Por isso que ainda encontramos alunos desmotivados, sem interesse pelo ato de ler ou sequer de escrever. É esta a realidade que precisa ser mudada. Esse é o desafio que este artigo vem propor aos professores em suas aulas de compreensão e produção de texto.

Para o trabalho com gêneros surtir efeito positivo na educação é preciso, antes de tudo, uma variedade maior de conhecimento das características de cada gênero, saber usá-las de acordo com a necessidade e o interesse dos alunos, conciliar as regras da gramática ao seu uso, entre outras coisas.

"No mundo atual, por exemplo, o gênero digital vem ganhando cada vez mais espaço. Mas dar essa resposta sem considerar a realidade de cada canto do Brasil poderia condenar muitas comunidades a uma situação de exclusão. É preciso conhecer a cultura em que a escola está inserida para pensar num projeto voltado para essa comunidade". (Drª Roxane Helena, em entrevista aos educadores da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro)

3.Mudanças na forma de trabalhar os textos na sala de aula

Uma forma muito eficaz de trabalhar o gênero (texto) em sala de aula é abrir espaço para diálogos, pois estes possibilitam uma troca de conhecimentos e culturas entre alunos e professores. Muitas vezes encontramos alunos indisciplinados, desmotivados em decorrência de temas que impomos a eles. Daí a importância do diálogo.

Este cria a possibilidade de se estabelecerem relações de amizade entre alunos e professores, a partir da descoberta do que pensa e de como vive o grupo. Com essa descoberta o professor pode se adequar e saber qual gênero usar em determinada aula. Sem dúvida, é também o exercício do diálogo fator decisivo no processo de transformação da escola.

Freire afirma que "não se pode pensar pelos outros nem para os outros nem sem os outros. A significação do diálogo está no fato de que os sujeitos dialógicos crescem um com o outro. O diálogo não nivela, não reduz um ao outro. Ao contrário, implica um respeito fundamental dos sujeitos nele engajados". (Freire, 1992: 117-118)

Quando o diálogo passa a fazer parte do cotidiano dos professores e se transforma na tônica da convivência dos alunos, o retorno se faz presente. "Entretanto, para estabelecer um diálogo com jovens, é necessário interesse, vontade de aprender e de penetrar num universo de gírias, dos não-ditos, das maneiras de pensar e agir do jovem, muitas vezes incompreendidos pelos professores", ressalva Miriam Abramovay[6] em seu livro "Escolas Inovadoras".

Através do diálogo há uma abertura para sugestões de alunos e professores, sobre a cultura daquele lugar, levar em conta o ponto de vista do outro e assim o professor poderá se adequar a realidade vivenciada pelos alunos, podendo introduzir um repertório mais atraente para se trabalhar em sala de aula.

Por exemplo: Quais os interesses dessa comunidade? O que faz de melhor? Rap? Pode ser que o professor não aprecie o Rap, que não seja de sua geração, mas pode-se trabalhar a interpretação da letra presente, que tem um apelo bem interessante. Pode-se ainda trabalhar com reportagens, histórias em quadrinhos, sequências narrativas, argumentações em função de algo, descrição, enfim uma variedade de atividades envolvendo compreensão e produção de textos. Para isso: "É preciso conhecer a cultura em que a escola está inserida para pensar num projeto voltado para essa comunidade", aconselha a Doutora Roxane.

Outra dica para chamar a atenção dos alunos é a diversificação em seu repertório de textos, prática essencial para o professor motivar seus alunos. "Trazer para a escola o repertório e os produtos da cultura local, que às vezes a gente discrimina..." (Drª Roxane). Mas para isso é preciso que o professor leia jornais, revistas, livros de literatura. É essencial ser usuário frequente da leitura e da escrita, rever valores e conhecer as peculiaridades da cultura local. O aluno espelha-se no professor. Se este não lê, não tem hábito de leitura, como pode exigir ou até mesmo despertar em seu aluno um gosto que ele mesmo não tem?

Usar os textos produzidos pelos próprios alunos para trabalhar a compreensão, também é uma forma de chamar a atenção deles. Inicialmente explicar como será o procedimento, pedir que eles escrevam, e eles mesmos corrijam os textos produzidos pelo outro, analisando o que cada um queria dizer, quais palavras foram utilizadas, a coerência nas ideias. "Isso fará com que os alunos vão, aos poucos, se conscientizando sobre o que já sabem e como podem usar esses conhecimentos. Também irão descobrir novas formas de preparar a escrita de um texto". (Claudia Davis, junho/julho 2007)[7]

"É comum encontrarmos alunos se queixando de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios nessa categoria. Acham monótonos,sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não-literário isso é um equívoco". (www.energia.com.br)[8]

A compreensão de textos é, sem dúvida, considerada um dos maiores desafios dentro do ambiente escolar. Diante desse problema, seguem algumas dicas importantes, que merecem ser expostas aos alunos a fim de analisar, compreender e interpretar com mais proficiência.


1º - Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Também não se intimide caso alguém diga que você lê porcaria. Leia tudo que tenha vontade, pois com o tempo você se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridículas. Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refinada;

2º - Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio.

3º - Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é fazer palavras cruzadas.

4º - Faça exercícios de sinônimos e antônimos.

5º - Leia verdadeiramente.

6º - Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas.

7º - Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à idéia geral do texto.

8º - Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso:

Texto:

Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.

(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)

- Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram:

a) os portugueses. b) os negros. c) os índios. d) tanto os índios quanto aos negros. e) a miscigenação de portugueses e índios.

Resposta: Letra C. Apesar do autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto.

9º - Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir.

a) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. b) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes. c) Os alunos dedicados passaram no vestibular. d) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. e) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. f) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi.

Explicações:

a) Diego fez sozinho o trabalho de artes

b) Apenas o Diego fez o trabalho de artes

c) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não-dedicados e, passaram no vestibular, somente, os que se dedicaram restringindo o número de alunos.

d) Neste outro caso, todos os alunos eram dedicados.

e) Marcão é chamado para cantar

f) Marcão pratica a ação de cantar

10º - Estratégias de compreensão da leitura:

10.1 - Reconhecer e determinar as ideias principais

10.2 - Sumariar a informação

10.3 - Efetuar inferências sobre o texto

10.4 - Gerar questões sobre o texto

10.5 - Monitorar a compreensão (metacognição)


4.Considerações Finais

"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado". (Rubem Alves) [9]

Assim como o pensamento de Rubem Alves, não podemos considerar nossos alunos como pássaros engaiolados, que vivem sob o nosso controle. Precisamos fornecer subsídios para que esses pássaros, ou melhor, nossos alunos, para que eles usem os ensinamentos apreendidos no ambiente escolar e aprendam a voar em seus pensamentos. A aprendizagem e o ensino são um empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender saberes, as crianças estão a aprender valores.

Espera-se com esse artigo que os professores entendam e valorizem as metodologias aqui expostas para se trabalhar adequadamente os gêneros e a interpretação de textos e, assim como Rubem Alves disse, que eles abram espaços para que os alunos aprendam aquilo que seja importante e relevante em suas vidas alcançando desta forma alavancarem voos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam (Coord.)

Escolas Inovadoras: experiências bem-sucedidas em escolas públicas / Miriam Abramovay ET allii.  Brasília: UNESCO, Ministério da Educação 2004. 124p.

A linguagem e o outro no espaço escolar: Vigotsky e a construção do conhecimento / Ana

Luísa Smolka, Maria Cecília Rafael de Góes (orgs.)  3ª edição  Campinas, SP: Papirus, 1994. (Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico)

Aprender e Ensinar com textos /coordenador geral Lígia Chiappini.  6. ed.  São Paulo:

Cortez, 2004. Conteúdo: V.I. Aprender e ensinar com textos de alunos / coordenadores do volume João Wanderley Geraldi, Beatriz Citelli

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental.

B823pParâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental.  Brasília: 144p.

NA PONTA DO LÁPIS, Olimpíada de Língua Portuguesa: Escrevendo o Futuro. 3x1, Edição

Especial: revisitando os gêneros artigo de opinião, memórias literárias e poesia

ano V- número 11, agosto de 2009

NOVA ESCOLA, A revista de quem educa. Ano XXIV. nº 224. Agosto 2009

Práticas de leitura e escrita / Maria Angélica Freire de Carvalho, Rosa Helena Mendonça

(orgs.).  Brasília: Ministério da Educação, 2006. 180p. ; 28 cm.

Revista Aprende Brasil: A revista da sua escola / Ano 3  nº. 17  junho/julho de 2007

Ed. Positivo

SOARES, Magda.

Linguagem e Escola: uma perspectiva social / Magda Soares / Série Fundamentos  11ª ed.  São Paulo: Ed. Ática, 1994.

www.energia.com.br  site do Sistema de Ensino em Santa Catarina

www.pensador.info/educacao_rubem_alves

ANEXOS

Letra de música do gênero Rap, para trabalhar os gêneros.


De que vale o Crime? - (Neguinho da Favela)

Era só mais um neguinho da favela queria viver em paz um dia sair dela escapar do preconceito, ter prestígio ter dinheiro poder sair de casa sem precisar ter medo essa é só mais uma história de um rapaz comum que acontece todo dia na periferia mais um inquerito prescrito é só mais um fato perdido na DP sem ser apurado Aos doze anos de idade ele já trabalhava saia cedo de casa pra rodoviária engrachar sapato, limpar pé de barão pra ajudar no sustento de sua família meu irmão seu pai um cachaceiro sem perspectiva de vida gasta tudo que ganha no boteco da esquina a droga mais pesada é legalizada destrói lares, famílias e é facilmente encontrada te vicia pode até te levar a morte esquecido num leito de hospital cirrose, última dose do álcool letal só a morte te separa do vício fatal Com quinze anos de idade parou seus estudos chegava cansado do trampo e não via futuro foi quando esperimentou seu primeiro bec fumou, prensou, pirou moleque como pode existir algo tão gostoso assim certamente agora estou premeditando seu fim Passou mais um ano e o neguinho falava que ser bonzinho, honesto de nada adiantava metia os ganhos sem dó no Gilberto Salomão depois vinha tomar todas em São Sebastião já conhecido no distrito assinou vários B. O's chegados já te diziam que o crime não tinha dó muitas passagens no caje, rebelião carcerária torturas, maus tratos que a TV não mostrava conseguiu sobreviver até os seus dezoito é de maior moleque, cuidado com os homens, eu tô de olho era fã numero um de Leonardo Pareja que fez os homens de palhaço e se entregou de bandeija pra depois ser morto numa rebelião é fim trágico de um homem dentro da detenção pobre homem que ne vida sofreu demais pelo menos na morte será que encontrará paz? Pergunta cretina mas que sempre se faz procure a paz, ouça o conselho então exemplo de malandragem não está na prisão Ele se considerava o bandidão da quebrada fumava, cheirava, roubava, não tinha medo de nada é a lei do mais forte na favela e com certeza o rival é a caça, e a caça põe a mesa sem esperança de um dia a vida melhorar se perguntava porque Deus não vinha te ajudar pra dar conforto a sua mãe, mais uma sofredora que passa o dia ralando cançada de lavar roupa certamente inconsequente com ódio na mente meteu um ferro na cinta com quinze balas no pente foi resolver a parada do jeito que ele aprendeu quem cuida da minha família e da minha mãe sou eu o alvo já está traçado, posto de gasolina três malucos no esquema esperando na esquina opalão quatro portas vidro fumê seis bocas calibre carregado, encapuçados de touca corre, corre, rende o frentista dá o bote amarra o gerente, pede o segredo do cofre pega a grana põe no saco e sai no pinote se der sorte fica vivo e escapa da morte na correria vai em frente, pneu queima o chão de longe ouço sirenes começa a perseguição seis viaturas na cola fecha o cerco para o carro mas ele não se entrega desce do opala e sai voado escuto tiros, gritos, não pede rendição é bala por bala, tiro por tiro sem negociação naquele dia eu então presenciei seu fim na mão da polícia eu ví morrer o neguim tomou dois tiros no peito, fita amarela, isolamento giz em volta do corpo, lençol, carona em rabecão IML, corpo delito e ficha no dedão vida de crimes, mais um malandro no caixão refrão Um dia vamos ter paz então vale a pena esperar E de que vale o crime irmão? Se ele vem te matar


Mundo Melhor  (Atitude Feminina)

Eu tenho pensado muito em nós porque vivemos assim ? porque o mundo é tão ruim ? Nos meus pensamentos viajei Um mundo onde houvesse leis, todos iguais.. Que as guerras não existissem mais Vivendo num mundo melhor.. que o amor é sempre maior e todos vivendo em paz no paraíso seu sonho não pode morrer, basta só você perceber.. Pois todos queremos viver no paraíso.. Família em desespero sempre refém do medo a violência toma conta o mundo não é mais perfeito, eu vejo drogas, vejo armas, vejo descriminação..o ódio crescendo perdemos a razão.. Será que merecemos o perdão e Deus ? Você se lembra porque foi que cristo morreu? ééé Bobo sem fé você sabe como é, igreja meu irmão sai pra lá de qual é, sem querer tirar pare pra raciocinar a viagem na história e tente imaginar um irmão sacristão na cinta um oitão armando uma casinha pra pegar um vacilão então.. Imaginou ?..Nem dá... Não tem como negar, se todos fossem como eles tudo ia melhorar ninguém é certo 100% até aí tudo bem, consciência do que é certo e errado todos tem, dia- dia sangrento a esperança morrendo vidas jogadas ao vento e sonhos apodrecendo... esperança a paz eterna ao lado do rei dos reis... Vivendo num mundo melhor... que o amor é sempre maior e todos vivendo em paz no paraíso seu sonho não pode morrer, basta só você perceber.. Pois todos queremos viver no paraíso.. O mundo renasceu na mais perfeita harmonia eu vi crianças sorrindo no rosto só alegria a fome que matava não existe mais, e o que rolava na quebrada era só a paz, fogos de artifício ao invés de sapecos, políticos agora eram todos honestos a minha quebrada era toda unida sem guerra sem ponti meu Deus como seria..ééé São Sebastião nome de santo lei do cão, só em sonhos pra dizer que existe união realidade pra quem sente o pânico crescente o caus do nosso país quem vai salvar nossa gente ?..Na periferia somos jogados pras cobras só nos restam migalhas vivemos de esmolas, leite e pão pra quem tem fome se escondendo dos homi a falta de emprego o desespero te consomi, eu só lamento porque o que eu posso ensinar é só cantar, falar, fazer você pensar..passar idéias conscientes pra você raciocinar se tudo fosse diferente como ser e está 2x Vivendo num mundo melhor.. que o amor é sempre maior e todos vivendo em paz no paraíso seu sonho não pode morrer, basta só você perceber.. Pois todos queremos viver no paraíso..


[1] Graduada em Letras-Português pela Universidade Tiradentes em Sergipe

E-mail: [email protected]

[2] José Luís Landeira é professor de língua portuguesa, doutor em linguagem e educação (USP), autor de livros e artigos e assessor nas áreas de metodologia de ensino e de didática.

[3] Interação verbal é entendida como toda e qualquer comunicação que se realiza pela linguagem, tanto as que acontecem na presença (física) como na ausência do interlocutor. É interação verbal tanto a conversação quanto uma conferência ou uma produção escrita, pois todas são dirigidas a alguém, ainda que esse alguém seja virtual.

[4] Lígia Chiappini é coordenadora geral da coleção de livros: Aprender e Ensinar com Textos.

[5] Doutora Roxane Helena Rojo, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, em entrevista aos educadores da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro.

[6] Miriam Abramovay é professora da Universidade Católica de Brasília e vice-coordenadora do Observatório de Violência nas Escolas no Brasil e consultora de vários organismos internacionais em pesquisas e avaliações nos temas: juventude, violência e gênero.

[7] Cláudia Davis é pesquisadora na Fundação Carlos Chagas, é docente no programa de estudos pós-graduados em psicologia da educação da PUC-SP

[8] Site do Sistema de Ensino Energia de Santa Catarina

[9] Pensamento de Rubem Alves extraído do site www.pensador.info/educacao_rubem_alves.


Autor: Neily Alves


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