Discalculia: Um problema presente e pouco conhecido na rede de ensino da cidade de Tobias Barreto - SE



Virgilio Junior de AndradeMenezes

Maria José de Azevedo Araujo (Orientadora)

RESUMO

O presente artigo traz uma visão geral sobre a difusão do conhecimento do que seja a discalculia pelos professores da rede pública de ensino de Tobias Barreto  SE. Baseado em pesquisa bibliográfica dos principais pesquisadores no campo da educação. Seu objetivo é trazer um panorama geral sobre o nível de conhecimento de um dos principais distúrbios de aprendizagem na matemática, a discalculia, fazendo um enfoque do que seja tal distúrbio: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento, procurando responder às diversas dúvidas que são peculiares sobre o tema. O artigo constata que o professor que atua na rede pública municipal de Tobias Barreto - SE, não conhece, não sabe lidar e o mais agravante nunca tinham visto falar em discalculia, mostrando que o sistema educacional Municipal de ensino possui uma deficiência significativa tendo em vista que a discalculia é um transtorno que impede o acompanhamento do nível intelectual normal do aluno. O Sistema de Ensino deve definir diretrizes para atuação abrangente de modo a incluir o portador de tal distúrbio nos serviços comuns e se necessário com recursos especiais; orientar as escolas e professores sobre procedimentos didáticos e administrativos para favorecer a integração de alunos portadores de necessidades especiais nas classes comuns.

PALAVRAS-CHAVE

Educação, fracasso escolar, discalculia.

ABSTRACT

The present article brings a general vision on the diffusion of the knowledge of what it is the discalculia for the professors of the public net of education of Tobias Barreto -SE. Based in bibliographical research of the main researchers in the field of the education. Its objective is to bring a general panorama on the level of knowledge of one of the main riots of learning in the mathematics, the discalculia, making an approach of what it is such riot: causes, symptoms, diagnosis, treatment, looking for to answer to the diverse doubts that are peculiar on the subject. The article evidences that the professor who acts in the municipal public net of Tobias Barreto -SE, does not know, does not know to deal and more the aggravation never had seen to speak in discalculia, showing that the Municipal educational system of education possesss a significant deficiency in view of that the discalculia is an upheaval that hinders the accompaniment it normal intellectual level it pupil. The System of Education must define lines of direction for including in order to include the carrier of such riot in the common services and if necessary performance with kinds of appeal Brazilian Supreme Court; to guide the schools and professors on didactic and administrative procedures to favor the integration of special carrying pupils of necessities in the common classrooms.

WORDS KEY: Education, Pertaining to school, dyscalculia.

INTRODUÇÃO

O ensino da matemática sempre foi visto como bicho de sete cabeças por parte dos alunos ao longo da vida estudantil, desde o ensino infantil ate as séries mais avançadas. Essa ojeriza à disciplina de Matemática pode estar associada a vários fatores um deles, a má formação do professor, quando o professor elabora enunciados inadequados. Tudo isso pode levar a criança a ter uma maior dificuldade, e assim criar esse distanciamento à disciplina de matemática. Mas, nem sempre isso acontece. Há casos em que a criança realmente possui um distúrbio de aprendizagem. Assim, o professor deve estar preparado para lidar com esse problema que é muito sério e que afeta a sua vida intelectual e profissional.

A importância de se estudar a discalculia está evidenciando-se e mostrando-se em vários artigos e reportagens. A discalculia está cada dia mais presente nas salas de aula. Acredita-se em que a discalculia está sendo diagnostica com mais freqüência do que a própria dislexia, isso fica bem claro na publicação de Quezia Bombonatto[1],.Ela relata o seguinte "Um novo estudo elaborado em Cuba e divulgado em um congresso científico no Reino Unido neste final de semana avaliou 1500 crianças e constatou que de 3% a 6% delas sofriam da discalculia, contra 2,5% e 4,3% que apresentaram dislexia".

A Discalculia é uma desordem neurológica especifica que afeta a habilidade de uma pessoa compreender manipular números[2] A grande dificuldade na aprendizagem, a repetência, o abandono escolar e a exclusão é sem duvida um fato consumado na educação brasileira. O aluno discalculio apresenta um baixo rendimento escolar esperado ao seu nível de escolaridade. Será que o professor está atento às causas que pode esta levando esse aluno a estar passando por essas dificuldades?Quais os distúrbios de aprendizagem ele possui? Mas será que os professores sabem ou conhecem os distúrbios de aprendizagem?

O que mais preocupa é que: além da seriedade dessa desordem neurológica, é a falta de conhecimento do que seja a discalculia por grande parte dos professores de matemática que estão atuando numa sala de aula sem saber o porque que seu aluno não consegue aconpanhar os conteúdos, a lentidão nas interpretações dos enuciados entre outras coisas.

Em matemática, o distúrbio mais comum nos indivíduos é a discalculia, será que os professores de matemática conhecem ou sabem lidar com indivíduos discalculio? Assim, justifica-se nossa temática. O mais agravante é isso a falta de informação, a falta de conhecimento específico.

Com a resposta desta pesquisa, é notória a importância de fazer-se a difusão do que seja esse tal distúrbio, as causas, como identificar, como ajudar aos alunos e aos pais, com o intuito de tentar ajudar aos alunos a superar essa tal dificuldade. Que possam ter uma vida estudantil com menos dificuldades e mais prazerosa na tentativa de diminuir o abandono escolar e a ojeriza à disciplina Matemática, tornando-se um cidadão capaz de estar inserido na sociedade cada vez mais competitiva. Assim, nosso objetivo é analisarse os professores de matemática da rede pública de Tobias Barreto conhecem e sabem lidar com alunos discalculios em sala de aula.

1. DESCORTINANDO A DISCALCULIA

1.1 Transtornos da aprendizagem

Os transtornos de aprendizagem tais como: a dislexia, a dispraxia, disgrafia, a discalculia é diagnosticada uma deficiência específica na leitura, na escrita e na matemática. Os indivíduos que apresentam um baixo rendimento escolar, lentidão extrema da velocidade de resolução de questões, esperado para seu nível desenvolvimento e escolaridade.

De acordo com o National Joint Committee on Learning Disabilities NJCLD2 , "Dificuldades de aprendizagem" é um termo genérico que diz respeito a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por problemas significativos na aquisição e uso da capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou matemáticas.

A Discalculia é individualizada por Novaes e Ruschel[3] como uma desordem estrutural da maturação das capacidades matemáticas, sem manifestar, no entanto, uma desordem nas demais funções mentais generalizadas. A criança com discalculia enfrenta uma série de dificuldades na prática de lidar com os números, em que os erros com as operações, a confusão de sinais matemáticos, problemas com orientação espacial, entender palavras, dificuldade em lidar com grandes quantidades entre outras.

Carraher[4] afirma que:

Vários estudos sobre o desenvolvimento da criança mostram que termos quantitativos como "mais", "menos", maior", "menor" etc. são adquiridos gradativamente e, de início, são utilizados apenas no sentido absoluto de "o que tem mais", "o que é maior" e não no sentido relativo de " ter mais que" ou "ser maior que". A compreensão dessas expressões como indicando uma relação ou uma comparação entre duas coisas parece depender da aquisição da capacidade de usar da lógica que é adquirida no estágio das operações concretas "..." O problema passa então a ser algo sem sentido e a solução, ao invés de ser procurada através do uso da lógica, torna-se uma questão de adivinhação

O indivíduo com discalculia pode ser capaz de entender conceitos matemáticos de um modo bem concreto, uma vez que o pensamento lógico está intacto, porém tem extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas, e enunciados. Ela é capaz de compreender a matemática representada simbolicamente (10 + 3= 13), mas é incapaz de resolver "Maria tem dez balas e João tem três. Quantas balas eles tem no total?"

Alunos que apresentam os sintomas de discalculia podem freqüentar normalmente as salas de aula, pois, esse distúrbio tem um tratamento específico acompanhado por uma equipe de especialistas que tentar minimizar os efeitos dessa dificuldade em manipular os números como afirma Quezia Bombonatto:

Hereditário, esse transtorno é identificado em crianças a partir de 7 anos de idade. Caso o problema seja diagnosticado, saiba que seu filho pode continuar freqüentando as aulas normalmente - mas sempre acompanhado de perto pelos especialistas. "A pessoa com discalculia terá problemas com raciocínio matemático a vida inteira. Mas com o tratamento adequado, ela poderá se desenvolver satisfatoriamente.[5]

Em seu artigo Sampaio trata bem da discalculia quando onde, de acordo com Johnson e Myklebust, terapeutas de crianças com desordens e fracassos em aritmética, existem alguns distúrbios que poderiam interferir nesta aprendizagem:

1.1.1Distúrbios de memória auditiva:

- A criança não consegue ouvir os enunciados que lhes são passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria para resolver os problemas matemáticos.

- Problemas de reorganização auditiva: a criança reconhece o número quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar o número com rapidez.

1.1.2 Distúrbios de leitura:

Os dislexos e outras crianças com distúrbios de leitura apresentam dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o problema é lido em voz alta. É bom lembrar que os dislexos podem ser excelentes matemáticos, tendo habilidade de visualização em três dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos, podendo resolver cálculos mentalmente mesmo sem decompor o cálculo. Podem apresentar dificuldade na leitura do problema, mas não na interpretação.

1.1.3 Distúrbios de percepção visual

A criança pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2 por 5 por exemplo. Por não conseguirem se lembrar da aparência elas têm dificuldade em realizar cálculos.

1.1.4 Distúrbios de escrita:

- Crianças com disgrafia têm dificuldade de escrever letras e números.

Estes problemas dificultam a aprendizagem da matemática, mas a discalculia impede a criança de compreender os processos matemáticos.

A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem que causa a dificuldade na matemática. Este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivos, nem por má escolarização, por isso é importante não confundir a discalculia com os fatores citados acima.

O portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na compreensão dos números.

Kocs[6] classificou a discalculia em seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos:

1.Discalculia Verbal - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.

2.Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.

3.Discalculia Léxica - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.

4.Discalculia Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

5.Discalculia Ideognóstica  Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.

6.Discalculia Operacional - Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

De acordo com Johnson e Myklebust[7]a criança com discalculia é incapaz de:

·Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;

·Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.

·Seqüenciar números: o que vem antes dos 11 e depois dos 15  antecessor e sucessor.

·Classificar números.

·Compreender os sinais +, - , ÷, ×.

·Montar operações.

·Entender os princípios de medida.

·Lembrar as seqüências dos passos para realizar as operações matemáticas.

·Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.

·Contar através dos cardinais e ordinais.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:

 1. Dificuldade na memória de trabalho;

2. Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;

3. Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefas de escrita);

4. Não há problemas fonológicos;

5. Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;

6. Dificuldade nas habilidades viso-espaciais;

7. Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

Segundo Sacramento7os requisitos necessários para o aprendizado de matemática e as dificuldades causadas pela discalculia:

Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que e mais que. Classificar objetos pelo tamanho, cor e forma Reconhecer números de 0 a 9 e contar até 10. Nomear formas. Reproduzir formas e figuras. Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos Insucesso ao enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagens 6 a 12 anos.

Agrupar objetos de 10 em 10. Ler e escrever de 0 a 99. Nomear o valor do dinheiro. Dizer a hora. Realizar operações matemáticas como soma e subtração. Começar a usar mapas. Compreender metades, quartas partes e números ordinais. Leitura e escrita incorreta dos símbolos matemáticos 12 a 16 anos.

Capacidade para usar números na vida cotidiana. Uso de calculadoras. Leitura de quadros, gráficos e mapas. Entendimento do conceito de probabilidade. Desenvolvimento de problemas. Falta de compreensão dos conceitos matemáticos Dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos.[8]

O diagnóstico do indivíduo pode ser notado já na pré-escola, quando ainda estar aparecendo alguns sinais do distúrbio, quando a criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas, tais como: igual e diferente, maior menor. Mas ainda é cedo para um diagnóstico preciso. É só a partir dos sete ou oito anos, com a introdução dos símbolos específicos da matemática e das operações básicas, que os sintomas se tornam mais visíveis.

Como afirma Sacramento[9],

É importante chegar a um diagnóstico o mais rapidamente para iniciar as intervenções adequadas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar - Neurologista, Psicopedagogo, Fonoaudiólogo, Psicólogo - para um encaminhamento correto. Não devemos ignorar que a participação da família e da escola é fundamental no reconhecimento dos sinais de dificuldades.

Deve-se ter muito cuidado ao fazer um pré-diagnostico de uma criança com suspeita de discalculia, pois podemos estar cometendo um erro muito serio, bem como estar rotulando essa criança a um distúrbio que ela não tem, condenando um aluno para o resto de sua vida. Um fator muito importante é fazer a eliminação de suspeita de outros distúrbios tais como: acalculia é a total falta de habilidade para desenvolver qualquer tarefa matemática, que geralmente indica um dano cerebral. Esse problema afeta a criança a aprender os princípios básicos da contagem.

Além de ser muito freqüente, a discalculia do desenvolvimento compromete o desenvolvimento do indivíduo de diversas formas:

1) contribui para a redução da escolarização profissional e da qualificação profissional;

2) afeta o bem-estar do indivíduo e da família, causando estresse, desmoralizando a criança, diminuído sua auto-estima, a motivação para o estudo e podendo ser um fator contributório para formas de transtornos mentais;

3) a frustração associada às dificuldades crônicas de aprendizagem associa-se ao surgimento de comportamentos desadaptativos do tipo desobediência, agressividade e comportamentos antisociais.

De um modo geral, a educação matemática insuficiente compromete o funcionamento do indivíduo na vida cotidiana e social, sendo um dos principais fatores associados com desemprego e renda inferior[10].

Quanto mais precoce for o diagnóstico, o professor juntamente com a equipe multidisciplinar poderá atuar como minimizadores dos sintomas que a discalculia manifesta. Sendo assim, o discalculio passa a ter um novo desenvolvimento nas suas práticas educacionais, com menos dificuldades, com um maior desempenho escolar, conforto e acima de tudo proporcionar uma vida cada vez mais próxima da normalidade. Não se pode apenas pensar em diagnosticar o indivíduo, deve-se também analisar qual é o melhor tratamento e esse deve ser feito de forma sistemática com uma equipe multidisciplinar preparada com total apoio e confiança não só pela família, mas sim da principal cliente que é o discalculio.

O tratamento é efeito de forma minuciosa, em que o psicopedagogo é o protagonista dessa longa e árdua caminhada. A participação de outros profissionais é vista como uma valiosa participação tornando os trabalhos muito mais significativos. Entre eles o acompanhamento de neurologista, de um psicólogo, de um terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e a família. O paciente deve estar inteiramente disposto a aceitar o problema e o seu tratamento que dispõe de muitos custos.

A equipe do laboratório O Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento (LND) relata muito bem como deve ser procedida o processo de tratamento:

Idealmente, os transtornos de aprendizagem devem ser tratados a partir de um conceito multidisciplinar, biopsicossocial. A avaliação deve ser abrangente e considerar todos os possíveis fatores que possam estar contribuindo para o problema. O cerne do atendimento é psicopedagógico, mas outros profissionais podem contribuir de forma significativa.

O médico neurologista, por exemplo, pode excluir e/ou tratar fatores agravantes, tais como transtornos de ansiedade, depressão hiperatividade, epilepsia etc.

As psicólogas desempenham um papel importante no diagnóstico do potencial intelectual, perfil neuropsicológico bem como diagnóstico e tratamento de fatores motivacionais e afetivos correlatos.

Outros profissionais, como fonoaudiólogas e terapeutas ocupacionais podem contribuir significativamente no atendimento de dificuldades da linguagem e/ou da coordenação motora, atenção etc. O ideal é que o plano de tratamento seja formulado de forma colaborativa entre a criança, os pais, as educadoras e os demais profissionais.

Uma avaliação neuropsicológica permite reconhecer os pontos fortes e fracos das crianças contribuindo para o planejamento das estratégias mais eficazes de intervenção. O tratamento deve focalizar os níveis orgânicos, educacionais e psicológicos. Apesar de o tratamento ser multidisciplinar, nem todas as intervenções devem ser realizas simultaneamente. O tratamento é implementado em longo prazo e envolve um custo enorme em termos de recursos de trabalho e tempo, emocionais, financeiros etc.

Devem ser estabelecidas prioridades, de comum acordo entre os envolvidos. Nenhum tratamento será eficaz se não for aceito pelo cliente principal que é a criança. É preciso considerar também e fazer bom uso dos recursos disponíveis na comunidade.

O atendimento deve ser coordenado por um profissional de referência, o chamado case manager, no qual a família e o cliente confiam e o qual conhece a fundo o caso e as necessidades da criança.

Pode-se perceber que o tratamento da discalculia é composto por profissionais tanto na área educacional e também de profissionais da área da saúde. Assim, é notória a gravidade e a importância de se conhecer e saber lidar com a discalculia que é cada vez mais presente e cada vez menos difundida.

2 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Determinou-se como campo de pesquisa a cidade de Tobias Barreto. A história registra que Tobias Barreto teve origem no achado ocasional de uma imagem de Nossa Senhora, numa mata. Ali foi construída a igreja que hoje é a matriz do município. Ao redor da igreja foram construídas casas, passando o lugarejo a se chamar "Passagem da Igreja de Nossa Senhora dos Campos do Rio Traripe", hoje Rio Real. O nome mais tarde simplificado para Campo ou os Campos. capitania de Sergipe d'Del rei.

A cidade está localizada no centro sul sergipano onde dista 127 Km da capital sergipana, com uma população estimada em 49.261 habitantes, possui uma área de 1.119,1 km², onde faz divisa com os municípios de Poço Verde, Simão Dias, Riachão do Dantas, Itabaianinha e Tomar do Geru em território sergipano. Itapicuru em território baiano.Tendo um forte mercado comercial na área têxtil, sendo conhecida como a capital do Bordado[11].

Para analisarse os professores de matemática da rede pública de Tobias Barreto conhecem e sabem lidar com alunos discalculios em sala de aula foi necessario realizar pesquisa qualitativa do tipo pesquisa de campo. Efetuou-se uma revisão da literatura, buscando informações nas mais diversas obras que tratem a respeito do assunto em questão, seja em livros, periódicos, monografias, e anais de congressos e/ou encontros. Na produção de uma pesquisa, deve-se ter em conta que a referência teórica fundamenta as idéias conceituais do estudo em questão pelo pesquisador. Conforme Azevedo,

A teoria que sustenta um estudo amplia a visão, "ilumina" os dados coletados na investigação. Não é a teoria uma "camisa de força" que se veste para interrogar a realidade. Outra questão a considerar pelo pesquisador é a certeza de que o fenômeno estudado deve ser importante e a teoria não deve aprisionar ou inibir o olhar reflexivo de quem investiga. [12]

Dessa forma, foram realizadas visitas e aplicação de um questionário direto na área em estudo, ou seja, pretendeu-se estar o mais próximo possível da realidade educacional, tendo um acompanhamento sistemático e minucioso. As amostras foram compostas de professores licenciados em matemática e pedagogos que atuam na rede Municipal de ensino de Tobias Barreto Sergipe.

A partir da análise do espaço vivido pelos professores, através do questionário revelador, pretendeu-se coletar dados através dos questionários que demonstraram como está o grau de conhecimento da discalculia por parte dos professores do município de Tobias Barreto, no Estado de Sergipe.

3 ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados deste trabalho demonstram o pensamento dos educadores envolvidos na pesquisa. Para Azevedo[13],

. O pesquisador tem na relação atitude-reflexão-interpretação a base de sustentação para a construção de um conhecimento seguro. O ponto de partida para essa construção se encontra na decisão tomada no sentido de desenvolver no aluno a conscientização acerca do seu compromisso com a essência das coisas. Em seguida, a reflexão apresenta-se como o momento propriamente dito de produção do saber, uma vez que nessa fase há a possibilidade de se questionar de forma mais rigorosa as coisas que estão ao nosso redor. Não obstante, a atitude crítica ser fundamental, é no momento reflexivo que o indivíduo chega às raízes, às causas do problema e tem a possibilidade de encontrar as respostas.

Na aplicação dos questionários a primeira pergunta foi a seguinte:

Professor quais os transtornos da aprendizagem você conhece?

Tendo como resposta, 54,3% dos professores falaram que não conhecem nenhum transtorno da aprendizagem; 40% deles falaram que conhecem a dislexia; 2,8% falaram que conhecem a dislalia e 2,8% falaram que conhecem disgrafia.

Na segunda pergunta perguntamos: Professor você sabe ou já ouviu falar a palavra discalculia?

Tivemos como resposta, 51,4% disse que nunca ouviram falar nessa palavra e 48,6% afirmaram já ter ouvido falar nesta palavra.

Terceira pergunta: Professor você sabe o significado da palavra discalculia? As respostas foram às seguintes 68,6% disseram que não sabiam o significado da palavra discalculia e 31,4% disseram que sabiam o significado desta palavra.

A quarta pergunta foi: Professor você conhece os sintomas que a discalculia manifesta no indivíduo?

Obtivemos as seguintes respostas, 68,6% falaram que sabiam quais os sintomas que o discalculio manifestava e 31,4% falaram quem não sabiam quais eram os sintomas que se manifestavam no discalculio.

A quinta pergunta foi à seguinte: Já teve algum aluno discalculio?

Sendo as respostas, 80% falaram que nunca tiveram alunos discalculio e 20% afirmaram que já tiveram alunos discalculios.

A sexta e ultima pergunta foi à seguinte: Na sua formação acadêmica você estudou o que seria a discalculia?

As respostas foram surpreendentes onde 91,4% afirmaram que nunca estudaram discalculia durante a sua formação acadêmica e 8,6% afirmaram ter estudado a discalculia durante sua formação acadêmica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No âmbito educacional, é importante destacar a necessidade de se rever a concepção sobre o portador de necessidades especiais e o papel da escola e dos professores no desenvolvimento das suas atividades educacionais, seja pelas pessoas individualmente, por grupos organizados para defesa da cidadania, pelas campanhas de esclarecimento da população.

Assim, pode-se concluir que o processo de ensino-aprendizagem permite a comunicação entre os indivíduos de um grupo social. É a visão, idéias e imagens dos sujeitos sobre a realidade que os cerca, às quais estão vinculadas as suas práticas sociais. Dentro desse contexto, podem estar inseridos indivíduos que necessitam de uma maior atenção, carinho, respeito amor e cuidados especiais. A partir disso, estão sendo delimitadas as relações entre professores e alunos.

Esse estudo serviu para proporcionar alguns pontos positivos acerca, especialmente, do processo de ensino aprendizagem, da relação entre professores e alunos, num ponto de vista dos protagonistas desse processo. Sendo assim, devemos mostrar que temos um papel muito importante e singular, há a necessidade de conhecimento dos principais distúrbios de aprendizagem para adentrar nesse processo também se faz necessário, além de 'dedicação', preparo e compreensão a cerca da temática.

A organização administrativa, didática e disciplinar deve ter a maior amplitude possível a fim de contemplar a maior diversidade possível das condições dos alunos a atender.

Para tanto, éimportante observar e criar condições de trabalho aos educadores no intuito de prepará-lo para desenvolver e perceber as possíveis dificuldades na aprendizagem por parte dos alunos em salas de aulas cada vez mais diversificadas, a modo de poder dar uma maior atenção a quem necessita; entender que nem todos os professores têm condições intelectual e profissionais adequadas ao trabalho com portadores de necessidades especiais no processo de ensino aprendizagem requerendo orientação, preparo e apoio para perceber quando o aluno esta tendo um desempenho inesperado ao nível de escolaridade em que está inserido; elaborar critérios para percepção de tais distúrbios na tentativa de ajudá-lo, garantir recursos materiais necessários na observação e tratamento; envolver os pais, profissionais da área da saúde no diagnóstico e no tratamento; identificar e corrigir atitudes de desvalorização e/ou discriminação de alunos e professores por quaisquer razões (raça, cor, classe social, idade, sexo, deficiência, etc.); entender que a escola é um ambiente onde a diversidade é um valioso meio de aprendizado; valorizar a integração do professor capacitado para atender a demanda de alunos que chega a escola cada dia mais heterogenia, desenvolver ações práticas no intuito de trazer de volta o prazer pelo estudo na tentativa e inserir na sociedade um aluno capaz de interagir com os outros de forma satisfatória.

É preciso chamar a atenção dos alunos e pessoas que compõem o meio social sobre a relevância de acabar com preconceitos e tornar a escola um ambiente aberto que subsidia oportunidades das pessoas crescerem no campo intelectual e social. Assim, destaca-se que os itens abordados devem tornar-se alvos de reflexões e que se serve como fonte para discussões no âmbito educacional e social.

É pertinente afirmar que o educador e a sociedade precisam estar preparados para que possam dar subsídios necessários aos portadores de dislexia no intuito de se respeitar cada indivíduo levando em consideração suas dificuldades e limitações.

Portanto, para os professores da rede Municipal de ensino de Tobias Barreto - SE verificou-se que há uma falta de conhecimento prévio do que seja os distúrbios de aprendizagem especialmente a discalculia que está ligada diretamente ao ensino da matemática. Faz-se necessário o uso de recursos para uma preparação pedagógica no preparo dos professores para aquisição de conhecimento no que é a discalculia bem como suas características.

SOBRE OS AUTORES

Virgilio Junior de AndradeMenezes, graduado (2008/2) em Licenciatura em Matemática pela Universidade Tiradentes. O presente trabalho foi originado a partir de pesquisa científica efetivada durante a participação na disciplina Práticas Investigativas 2009/1, sob orientação da professora Maria José de Azevedo Araujo. Graduada em pedagogia, especialista e mestre em educação pela Universidade Federal de Sergipe, professora da Universidade Tiradentes  UNIT. Contato com os autores: [email protected] e [email protected]


[1] Presidente da Associação de Psicopedagogia

[2] Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

[3] 2005.

[4]2002, p. 72.

[5] Conforme Quezia.

[6] Apud García, 1998.

[7]JOHNSON, D.J e MYKLEBUST, H.M. Distúrbios de aprendizagem: princípios e práticas educacionais. Tradução Marília Zanella Sanvincente. 2ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1987.

8Fonte: http://crescer.globo.com/edic/ed77/rep_discalculia.htm.

[9] SACRAMENTO, Ivonete, http://www.artigonal.com/educacao-artigos/dificuldades-de-aprendizagem-em-matematica-discalculia-860624.html.

[10]Segundo Vitor Geraldi Haase, membro da equipe de Neuropsicologia e desenvolvimento humano da Universidade de Aachen, RFA onde no desenvolvimento do projeto com o Título: Discalculia do desenvolvimento em crianças de idade escolar: triagem populacional e caracterização de aspectos cognitivos e genético-moleculares, tendo como coordenadores: Vitor Geraldi Haase (Psicologia, UFMG), Maria Raquel Santos Carvalho (Biologia Geral, UFMG) & Klaus Willmes-von Hinckelday (Neuropsicologia, Universidade de Aachen, RFA), 2008, diz o quando é importante se fazer um diagnostico precoce da discalculia na criança devido a serie de fatores citados.

[11]Fonte: IBGE/2009.

[12]2008, p. 22.

[13] 2008,p.50.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO ett allis. Quem tem medo do TCC? Desatando os nós da pesquisa científica. Espírito Santo, Ex Libris. 2008.286p.

GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre, ArtMed, 1998.

GLASER, Jacqueline ,GLASER, Jacqueline Andréa, Psicopedagoga. In:http://www.neuropediatria.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=92:discalculia&catid=59: transtorno-de-aprendizagem-escolar&Itemid=147 Acessado dia 10/08/09 às 14h

JOHNSON, D.J e MYKLEBUST, H.M. Distúrbios de aprendizagem: princípios e práticas educacionais. Tradução Marília Zanella Sanvincente. 2ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1987.

www.dislexia.org.br/material/estudantes/discalculia.doc. Acessado em 09/08/09 às 5h

SACRAMENTO, Ivonete, http://www.artigonal.com/educacao-artigos/dificuldades-de-aprendizagem-em-matematica-discalculia-860624.html. Acessado em 10/08/09 às 20h14min

http://pt.wikipedia.org/wiki/Discalculia. Acessada dia 08/08/09 às 17: 43

http://www.Educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=133

http://www.juliannamartins.ubbi.com.br/pagina2.html. Acessado dia 08/08/09 às 23h04mi

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/dificuldades-de-aprendizagem-em-matematica-discalculia-860624.html.Acessado dia 09/08/09 as 08h 16min

Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento (lnd) http://npsi-reha.blogspot.com/2008/10/discalculia-dodesenvolvimento.html. Acessado em 11/08/09 às 8h 5min.


Autor: Virgilio Andrade


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