Resumo Do Livro Mulheres De Cabul



Atuais confrontos entre o Taliban e as tropas nacionais e internacionais no Afeganistão têm despertado ainda mais o interesse da população ocidental por obras sobre o cotidiano dos habitantes deste controvertido país.

Mulheres de Cabul, resultado do trabalho da polêmica e corajosa fotógrafa inglesa Harriet Logan, pela Geração Editorial/Ediouro, é um livro realista que retrata a vida de mulheres afegãs durante o Regime Taliban, que se estendeu de setembro de 1996 a outubro de 2001.

A convite da London Sunday Times Magazine, em dezembro de 1997, Harriet desembarca na capital Cabul, com a missão registrar imagens de mulheres subjugadas pela dolorosa realidade que há quinze meses aterrorizava o país.

Ainda durante o percurso – do Paquistão até Cabul são seis horas de viagem em um velho e comprometido táxi – ela e o jornalista que a acompanha têm real noção do risco da expedição. Por ter descuidadamente deixado à mostra uma mecha do cabelo, que deveria estar totalmente coberto pelo véu, seu motorista e intérprete são espancados.

Submetidos às leis absurdas do regime, os afegãos eram proibidos, entre outras coisas, de rir em público, ouvir qualquer tipo de música ou empinar pipas. Aos homens não era permitido cortar a barba. As mulheres, principais afetadas, eram obrigadas a usar a burkha, traje que as cobria por completo, tornando-as irreconhecíveis.

Não podiam trabalhar ou freqüentar escolas, ou usar qualquer produto de beleza. Neste cenário intimidador, Harriet entrevistou e fotografou dezenas de mulheres ousadas, que arriscavam a vida ao se expor, para que o mundo tomasse conhecimento de sua desesperada situação.

Disfarçada com a burkha, sob a qual ia sua câmera fotográfica, ela entrava nas casas e colhia imagens e depoimentos de profissionais competentes cuja carreira fora bruscamente interrompida, de professoras impedidas de lecionar, de viúvas sem parentes proibidas de trabalhar. Uma e outra eventualmente espancadas pelos truculentos e ignorantes detentores da nova ordem.

Registrou igualmente sua audaciosa e arriscada reação ao autoritarismo, na ação de meninas que iam para a escola com livros escondidos sob as roupas, de mestras que se arriscavam dando aulas em salas clandestinas, de costureiras de uma ONG que chegaram a ser presas por suas atividades. Em 2001, após a partida do Taliban, Harriet retorna a Cabul com o objetivo de reencontrar estas mulheres e colher imagens de sua nova situação.

Encontra outro ambiente. Objetos anteriormente proibidos, como câmeras, tevês e aparelhos de som são encontrados aos montes nos mercados, assim como pôsteres de cantores indianos e da atriz Kate Winslet (tardiamente cultuada por Titanic). No céu, muitas pipas. Para sua surpresa, entretanto, a burkha não havia sido totalmente abandonada. Por causa da reação dos homens, segundo explicaram, que não estavam acostumados a ver as mulheres descobertas em público.

Muitas das entrevistadas não foram encontradas. Outras, como a professora Zargoona, se apresentavam ainda em situação deplorável. Ao ter contato com Harriet pela primeira vez, a mestra havia chorado. Fora proibida de exercer sua profissão. Cinco anos depois, ao reencontrá-la, foi às lágrimas novamente. Estava com câncer e não tinha dinheiro para comprar remédios. Dura ainda, a realidade. Em contrapartida, a crença no amanhã. A esperança de um futuro finalmente justo e igualitário como – mesmo antes do Taliban – nunca tiveram.

Autor: Daniele Barizon


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