A queda do mundo mecânico de Newton
O Cosmos de Newton torna-se algo como uma equação matemática, onde para se obter um valor y basta-se colocar um valor x já conhecido. Nisto consiste o mecanicismo de Newton, a Natureza pode ser compreendida pelo conhecimento racional das forças que interagem com ela, utilizando-se as leis físicas do movimento e da gravitação. O Universo não passa, pois, de uma máquina que tem funcionamento já predefinido, criando-se assim um determinismo implícito capaz de tudo prever e descrer.
Objetiviza-se o Cosmos e dessa maneira também a visão de mundo das pessoas. Todo o espírito dos séculos XVIII e XIX respira essa mecanicidade física aplicada aos astros e corpos. A filosofia torna-se, consequentemente, mecanicista e os métodos e teorias utilizados pelas ciências, reducionistas. Tudo é objetivo e a certeza é sempre presente. Contudo, entra em evidência um questionamento epistemológico com Locke, Berkeley e Leibniz, mostrando a complexidade de se conceber as substâncias.
Destarte, tal linha de pensamento abre as portas para que se elabore a preposição de que tudo o que conhecemos não passa de qualidades existentes no espírito, ou seja, não mais podem ser objetivas. Indo além, Einstein postula que até mesmo as certezas conservadas pela mecânica de Newton são relativas, destruindo assim o mundo matemático e determinado pelas leis físicas. De fato, o espaço só tem existência na consciência humana, apenas dessa forma é objetivo: enquanto ordem das coisas percebidas pelo homem. Igualmente, o tempo não tem existência própria a não ser organizador dos eventos medidos pelo homem. Desse modo, o quadro de concepção de mundo começa a tomar novas formas e entrar em contraste com o antigo Cosmos mecânico e regido perfeitamente pelos números. A relatividade contrapõe a objetividade do Universo que se torna incerto e dependente do sujeito, num horizonte onde a única certeza é a da divergência ante o que se toma como referencial.
Autor: Eduardo Carnello
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