Roubada na Delegacia, chamem o ladrão!



Roubada na Delegacia, chamem o ladrão!

Edson Silva

Acabo de ver na TV reportagem em que uma mulher foi agredida por ladrões e teve roubada a bolsa com R$ 13,5 mil, crime ocorrido numa Delegacia de Polícia de Salto (ou seria assalto?), em São Paulo. Não sei se estou ficando velho ou se ando chato mesmo, mas não consigo me calar diante de certas coisas ou me levar pelo conformismo do que sempre foi assim, nada podemos fazer... Na Delegacia, um escrivão que viu a "luta" disse que não interferiu, pois pensou ser "briga de marido e mulher"

Ora, que fosse. Não está aí a Lei Maria da Penha para punir agressões, com prisão em flagrante e inafiançável para companheiros violentos? A mulher resistiu e só entregou a bolsa quando o segundo assaltante entrou na Delegacia e ameaçou atirar nela. Uma situação tão absurda que até com nossa vivência de mais de 25 anos no Jornalismo nos negamos a acreditar e olha que durante anos fiz reportagem policial em Campinas e já vi muita coisa...

Posso citar, por exemplo, entre os anos 80 e 90, uma mulher foi fazer queixa numa Delegacia de Campinas, reconheceu o escrivão que iria atendê-la como sendo assaltante e o pior, na realidade ele o era. O funcionário, que depois se descobriria envolvido em outros crimes, foi preso na hora. Na mesma época, ocorria tanto roubo em caixas eletrônicos de bancos, que um delegado de boa fé propôs que transferissem caixas para os plantões policiais 24 horas, mas a proposta não agradou nem clientes e nem banqueiros.

Ora, o problema da Segurança Pública (ou pior da Insegurança Pública) em São Paulo é antigo. O fato é que a maioria dos municípios estaria perdida se dependesse do Governo do Estado para este tipo de ação, que é sim dever do Estado e responsabilidade de todos. Temos há mais de uma década, em São Paulo, um governo que prefere fugir da realidade à enfrentá-la. O crime organizado, por exemplo, o Governo Alckmin e até pouco o Governo Serra sequer admitia sua existência, mas por via das dúvidas o que se vê, sob pretexto de evitar atentado, são ridículas barreiras atrapalhando o caótico trânsito na frente de repartições policiais.

Para justificar as cadeias, que acredito ser as segundas de suas maiores realizações (as primeiras são onerosos pedágios em todo o Estado), os governantes tucanos mostram números: Presídios cada vez mais lotados, como se isso tivesse significado no dia a dia da segurança. Que adianta depósito de presos que não promove recuperação? Presídio dito de segurança máxima, mas que se torna misto de colônia de férias e escritório de "trabalho" de chefões do crime organizado?

Alguns policiais que hoje precisam fazer greve por salário e condição de trabalho contra o "desgoverno" do Estado que está aí, me criticavam, nos anos 80 e 90, quando eu dizia que São Paulo e o Brasil precisavam de um governo petista. Hoje, com Lula, mais de 80% dos brasileiros mostram que eu não estava equivocado.

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Campinas/Email: [email protected]


Autor: Edson Terto Da Silva


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