Marcas da infância



Marcas da infância

Edson Silva

Recentemente acordei nostálgico e sem querer, mas querendo muito, lembrei de marcas, cheiros e visões de minha infância, vivida nos anos 60, entre os bairros Parque Industrial e Jardim São Bento, em Campinas. Acredito que algumas das marcas (produtos mesmos) sobrevivem até hoje, outras foram extintas ou tão modernizadas que perderam as características. Começo pelo achocolatado Ovo Maltine, não tanto pelo gosto que rara vez experimentei, mas pelo sonho não realizado de ganhar a cópia miniaturizada (idêntica) do Robot B 9 do seriado Perdidos no Espaço, que eu religiosamente assistia nas casas vizinhas.

Entre outras marcas, lembro-me das pilhas amarelinhas Rayovac, comercial feito pelo Pelé, o maior camisa 10 de todas as Copas do Mundo. Me lembro nitidamente da Copa de 70, aliás não esqueço da tabela interativa, com bandeiras dos países para recortar, cedida pelos postos Atlantic. O meu mini-posto Esso, a Coca Cola, a Crush, o Guaraná Antarctica, o leite Ninho e o Sonrisal. Como esquecer a embalagem de papelão do fermento para bolos e pães, Pó Royal, que salvo engano mostrava várias das mesmas figuras, que iam diminuindo e me definiam o que era infinito ?

E os desenhos então? O fantasminha camarada Gasparzinho e sua turma; o Pernalonga; Speed Racer; Samurai Kid; Super Dínamo; Recruta Zero e os seriados do Batman e Robin; Roy Rogers, os Três Patetas, O Túnel do Tempo, Terra de Gigantes e Tarzan, que com um simples grito comandava as mais selvagens criaturas da África. Aliás, bichos que viravam jogadores de futebol nas narrações de meu irmão mais velho, nas noites de chuva e sem energia. Minha imaginação infantil até achava mais fácil uma girafa, por ser tão alta, cabecear até melhor que Leivinha, César Maluco ou Dada Maravilha; um elefante chutar mais forte que Rivellino; mas driblar melhor que Pelé, isso era impossível até para minha imaginação infantil...

E as "histórias de trancoso" contadas por minha mãe pernambucana, muitas vezes a luz de vela e como forma de passar mais uma noite sem televisão? Os álbuns de figurinhas, principalmente os de futebol ou de artistas da TV, que davam prêmios e para isso era preciso conseguir as difíceis figurinhas carimbadas e as "chaves". Lógico que o sonho era ganhar a bola de capotão, mas se viesse o jogo de louça para chá certamente agradaria a mamãe, que agradeceria com beijos e não esconderia a lágrima terna.

Viver uma boa infância, ter o que recordar, cremos que este devia ser direito mínimo de cada cidadão. Hoje notamos crianças que são obrigadas a viver como adultos; outras que têm a infância adulterada pelas drogas e violência, enfim coisas diferentes de nossos tempos onde empinávamos pipas sem cerol; jogávamos bolinha de gude, rodávamos pinhão, batíamos figurinhas, fazíamos carrinho de rolimã ou começávamos jogar bola ao nascer do sol e só parávamos com a lua e estrelas nascendo...

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

Email: [email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


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