Agora, porque ira contra o Irã ?



Agora, porque ira contra o Irã ?

Edson Silva

Um dia após Brasil, Turquia e Irã comemorarem a assinatura do acordo para fins pacíficos, que era tentado há anos pelos norte-americanos, em relação ao programa nuclear iraniano, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) fez reunião de emergência e estabeleceu novas sanções ao Irã. No meu entender, qualquer negociação que avance milímetros em direção da paz mundial é infinitamente mais importante que ameaças e sanções que dão saltos quilométricos rumo aos conflitos.

Fala-se em paz mundial, o que aconteceu para os membros permanentes da ONU (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemão) primeiro aplaudirem o acordo e depois recuarem e optarem por imposição de sanções? Será que o dito primeiro mundo civilizado não engoliu as participações decisivas do presidente Lula (Brasil) e do presidente Abdullah Gul (Turquia) para chegar ao acordo com o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad? Se for isso, temos o direito de crer que a ONU, que deveria zelar pela paz mundial, é um tabuleiro de "Novos Cavaleiros do Apocalipse", que não precisam da espada, mas de canetas, para exterminarem sonhos de paz, que parecem virar ilusões "quixotescas", se persistirem as sanções contra um país que dialogou e assinou diplomaticamente acordo nuclear para fins pacíficos, até que prove o contrário.

O impressionante é que durante anos, o Irã e outros países do mundo se fecharam em regimes de exceção violentos, com torturas e genocídios e não foi raro apoio ou, no mínimo, conivência de membros da ONU. Em muitos casos, a "guerra" foi pretexto para "impor a paz", mas a mesma "boa" vontade não é demonstrada quando a saída é a negociação que não tende a derramamento de sangue. Vejo no Brasil, por exemplo, a dita oposição (não é a primeira vez que isso ocorre) critica Lula por se envolver em negociação no distante Irã. Se líderes mundiais se omitirem em relação ao futuro do planeta, a nossa única casa, nem futuro haverá... A paz mundial também é assunto sim para nós brasileiros, hoje povo de um Governo que conquistou respeito na ordem política e econômica mundial e não só em Copas do Mundo de Futebol.

O dramaturgo Nelson Rodrigues disse que nós brasileiros tínhamos "síndrome de vira-latas" até ganharmos a primeira Copa, em 58. Hoje temos cinco mundiais e vemos ditos compatriotas que se substimam, como se não fizessem parte de nosso povo. Nada tenho contra cães, os sem raça definida, chamados vira-latas, também são bonitos e fiéis, mas a gente não pode se diminuir, não pode se deixar levar por comparações pejorativas. Hoje temos um país respeitado em outros campos além dos esportivos e isso é preciso ser expresso, é motivo de orgulho.

Nas TV do Brasil, apresentadores e repórteres expressavam no rosto preocupação patronal em relação a nossa embaixadora na ONU Maria Luiza Ribeiro Viotti ter se recusado de participar da reunião que ampliaria sanções ao Irã, isso um dia após o presidente Lula ter sido noticia como líder do acordo de paz. Eu senti orgulho da diplomata e de ser brasileiro. Há uma história que lembro da infância da floresta em chama e os animais grandes fugindo, enquanto um pássaro, sob chacotas dos demais, carregava no bico pingos de água para derramar no fogo. Ele tentou uma coisa boa, se não foi maior, pelo menos foi melhor do que os nada fizeram. Parabéns Lula (Brasil), Abdullah Gul (Turquia) e Ahmadinejad (Irã), o mínimo esforço pela paz é melhor que omissão ou declaração de guerra.

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
Email: [email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


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