O pedinte, o bêbado, o louco e eu!
Resolvi seguir o caminho e encontrei ao meu lado um bêbado. Esse chorava, cantava, sorria, caia, fazia sua graça. Pensei nesse instante na vergonha que tal estava passando. Mas não! Quantas vezes já chorei? Muitas, claro! Mas escondido, fraqueza não cabe no mundo pensei. Canto no chuveiro, mas não sei cantar a vida e caí muitas vezes tropeçando em meus fracassos. Realmente não estou muito distante desse bêbado, apenas escondo o que tenho de melhor, os meus sentimentos, enquanto ele escancara para o mundo o que sente.
Fui caminhando e vi berrando pelas ruas, um dito louco, que bradava para o mundo ouvir a sua indignação contra o ser - humano. Exigia mais dignidade e educação. Falava de amor e de ecologia, gritava paz para o mundo. De louco ele não tem nada pensei. Lucidez talvez seja um desvio de comportamento. Eu então percebi o quanto sou passivo, a vida querendo mais atitudes e eu me escondendo atrás de regras que aprisionam a sensatez. Sou sim, o avesso do louco, plácido demais quando é necessário gritar não para muitas coisas.
O pedinte, o bêbado e o louco nada mais são que pessoas que a sociedade não educa, e nem coloca o seu cabresto. A liberdade está muitas vezes em quebrar as grades que nós mesmos criamos.
Autor: Mário Paternostro
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