O ENSINO DE GEOGRAFIA NAS 3ª E 4ª ETAPAS DO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA - PA



Valtey Martins de Souza

RESUMO

Este trabalho propôs como tema de estudo, a Educação de Jovens e Adultos no município de São Domingos do Araguaia, Pará, principalmente no que se refere à formação dos professores envolvidos nesse segmento educativo, nos fundamentos epistemológicos da Geografia, que são entendidos como Geografia Tradicional, Nova Geografia, Geografia Crítica, Geografia da Percepção e Pós-modernismo em Geografia. Este trabalho também se propõe a analisar esses enfoques nos livros didáticos de Geografia do mencionado segmento. Dentre as proposições deste trabalho, uma delas pode alcançar destaque que a coloca como de fundamental importância, as práticas dos professores em sala de aula, que podem ser entendidas como tradicional, tecnicista, escola nova e sociocultural. Essas características foram observadas nas práticas dos professores da educação de jovens e adultos, através de pesquisa de campo.

Palavras-chave: Educação. Educação de Jovens e Adultos. Currículo. Epistemologias. Metodologias. Práticas dos professores.

ABSTRACT

This work approached like theme of study, the young and adults Education in the São Domingos do Araguaia township, Pará, principally to go towards the formation of the teachers that were bandaged in this educational segments, in the epistemological bases of the geography, that are understood like traditional geography, New geography, critique geography, geography of the perception and postmodernism in geography. This work to stand for analyze too those approaches in the didactic geography books of the cited segment. From the propositions in this work, one there can reach highlight that lay her like of importance fundamental, the practice of the teachers in the classroom, that they can to be understood like traditional, of orientation technique, new school and sociocultural. That characteristic was observed in the practice of the teachers of the young and adults Education, through camp research.
Key-words: Education. Young and adults Education. Curriculum. Epistemologies. Methodologies. Practice of the teachers.
INTRODUÇÃO
O tema deste trabalho é o ensino de Geografia nas 3ª e 4ª etapas do Ensino de Jovens e Adultos no município de São Domingos do Araguaia-PA. A minha intenção é a de pesquisar o ensino da Geografia nas turmas de 3ª e 4ª etapas da educação de jovens e adultos no mencionado município, principalmente porque se tornou comum observar alunos oriundos da EJA, quando chegam ao ensino médio, dizerem: "a geografia é muito difícil de aprender". Devido a isso, resolvi tentar verificar quais os motivos que levam os alunos a fazerem essa afirmação, já que meu papel de professor deve ser o de contribuir para a formação de seres capazes de analisar as transformações espaciais, levando em consideração seu papel na transformação desse espaço.
Assim, decidi verificar a formação dos professores de geografia, analisar o material didático utilizado por eles, a fundamentação teórica adotada por eles, suas práticas e as políticas curriculares. No entanto, essa pesquisa não analisa somente os educadores, o alunado também é verificado, principalmente no que tange ao modo como eles vêem o professor de Geografia, a sala de aula, a localidade onde habitam, como chegam à escola, se trabalham e que série freqüentam.
Dessa maneira, em um primeiro momento, realizei uma revisão bibliográfica, para depois, realizar uma pesquisa de campo junto aos envolvidos no processo ensino-aprendizagem local: professores e alunado.
Desta forma, estruturei o presente trabalho em três itens, sendo que, o primeiro versa sobre o histórico da alfabetização de jovens e adultos no Brasil, a alfabetização de EJA no estado do Pará e a discussão acerca do currículo, principalmente em nível de estado do Pará.
No segundo ítem, os assuntos abordados são a formação de educadores no Brasil, a formação de professores de EJA no país, o ensino de Geografia nessa modalidade de ensino, os fundamentos epistemológicos de Geografia, a análise dos conteúdos geográficos contidos nos manuais didáticos da EJA.
No terceiro e último ítem, a abordagem se dará em torno das metodologias de ensino e práticas do professor em sala de aula, nos procedimentos metodológicos adotados pelo autor para realizar esse trabalho, e na análise da formação dos professores e no processo ensino-aprendizagem da EJA em São Domingos do Araguaia-PA. Para alcançar o objetivo deste último item, necessitei realizar pesquisa de campo com professores e alunos envolvidos no mencionado processo.
Nesse contexto, surgiram algumas dúvidas: qual seria o motivo dos alunos do ensino médio reclamar de dificuldades no aprendizado da disciplina de Geografia? As dificuldades dos alunos estão vinculadas a formação dos professores? A prática dos educadores? Ao currículo? Ao livro didático? A inadequação da sala de aula? Ao cansaço devido ao trabalho? Ou ao conjunto de todos os fatores aventados aqui?
1. A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL E AS POLÍTICAS CURRICULARES
Neste ítem irei abordar, sem a intenção de esgotar o assunto, a alfabetização de jovens e adultos no Brasil e no estado do Pará. Falarei também das políticas curriculares paraenses, com especial ênfase para aquelas voltadas para a EJA.
1.1. BREVE HISTÓRICO DA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
Segundo a Unesco (2008), foi somente a partir do ano de 1947 é que foram implementadas as primeiras políticas públicas nacionais que visavam instruir jovens e adultos. A Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos teve inicio com a estruturação do Serviço de Educação de Adultos do Ministério da Educação. Nesse período foram realizadas duas campanhas que obtiveram poucos resultados efetivos. Inúmeras críticas foram dirigidas as campanhas no final dos anos 50, principalmente devido ao caráter superficial do aprendizado que se efetivava num curto período de tempo e a inadequação dos programas, modelos e materiais pedagógicos que não consideravam as especificidades do adulto e a diversidade regional.
No entendimento do órgão da ONU citado acima, a partir do início dos anos 60, a alfabetização de adultos compôs as estratégias de ampliação das bases eleitorais e de sustentação política das reformas que o governo pretendia realizar. A experimentação de novas práticas de alfabetização e animação sociocultural desenvolvidas pelos movimentos de educação e cultura popular encontrou apóio no bojo da efervescência político-social do momento, principalmente através da adoção da filosofia e do método de alfabetização proposto por Paulo Freire. Para esse professor, a alfabetização de adultos teria o papel de libertar os sujeitos de uma consciência ingênua, herança de uma sociedade opressora, agrária e oligárquica, transformando-a em consciência crítica. Desse modo, o método adotado pelo professor citado, vinculava a prática alfabetizadora ao exame de problemáticas que atrapalhavam ou impediam o acesso aos bens da própria cultura e à participação política; servia como meio para desvelar processos de opressão e dominação no mundo do trabalho e desigualdades das condições de vida dos brasileiros.
Porém, a Ditadura Militar que foi imposta aos brasileiros a partir de 1964, conseguiu interromper os preparativos para o início das ações do Plano Nacional de Alfabetização que o educador pernambucano coordenava a convite do governo.
Portanto, no período de governo ditatorial militar, a educação de jovens e adultos, promovida pelo governo federal, colaborou na sustentação da coesão social e na legitimação do regime autoritário, alimentando o mito de uma sociedade democrática em um regime de exceção. Assim, a escolarização de jovens e adultos ganhou a feição de ensino supletivo, instituído pela reforma do ensino de 1971, mesmo ano em que começou a campanha chamada Movimento Brasileiro de Alfabetização, que ficou conhecido pela sigla Mobral.
Nessas condições, o Mobral não conseguiu erradicar o analfabetismo no país e foi extinto e substituído na transição para o regime democrático, pela Fundação Educar.
Nesse contexto, a Constituição de 1988, atendendo aos clamores da sociedade, restituiu o direito ao voto aos analfabetos, em caráter facultativo. Tal Constituição concedeu aos jovens e adultos o direito ao ensino fundamental público e gratuito, comprometendo os governos nas esferas municipal, estadual e federal, com a superação do analfabetismo e a provisão do ensino elementar para todos.
No entanto, as políticas educacionais dos anos 90 não satisfizeram as perspectivas suscitadas pela nova Constituição. As políticas públicas da década de 1990 priorizaram a universalização do ingresso das crianças e adolescentes ao ensino fundamental, especialmente devido à reforma do Estado e as restrições aos gastos públicos impostos pelo ajuste da economia nacional às orientações neoliberais. Foram relegados a um nível secundário na agenda das políticas educativas, outros níveis e modalidades de ensino, entre as quais a educação de jovens e adultos.
Assim, em 1990, com a extinção da Fundação Educar, a atribuição da alfabetização dos jovens e adultos foi descentralizada para municípios ou delegada às organizações sociais, que freqüentemente atuaram em parceria em programas como Alfabetização Solidária ou Movimentos de Alfabetização (Movas).
Porém, a alfabetização de jovens e adultos, no início do terceiro milênio, adquiriu nova posição na agenda das políticas nacionais com o lançamento, em 2003, do Programa Brasil Alfabetizado e a progressiva inclusão da modalidade no Fundo de Financiamento da Educação Básica (Fundeb), a partir de 2007.

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Autor: Valtey Martins De Souza


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