O contexto da escola tradicional no âmbito escolar
Diante da afirmação de Alves, por muito tempo cultivou-se a ideia de que o professor deve facilitar a aprendizagem do aluno ao máximo. Segundo um conceito tradicional a criança não está apta a aprender o complexo mundo exterior, competindo ao adulto, o papel de definir o que a criança deve ou não aprender e principalmente como deve fazer.
Na escola não é diferente, uma vez que o ensino ainda encontra-se alienado a pedagogia tradicional, onde o conhecimento tem por finalidade facilitar a memorização por parte do aluno, sendo este o estágio máximo, que o aluno pode alcançar, segundo a lógica predestinada do professor. Nestas escolas a metodologia frequentemente se define nas aulas expositivas, seguindo uma sequência fixa, enfatizando a repetição de exercícios e exigindo a memorização do tema abordado. Em suma, nunca é considerado o que a criança aprende fora da escola. Os únicos recursos didáticos além do livro são o quadro e mais arcaicamente a cartilha que simbolizam de forma clara, a precariedade dessa fase ainda inclusa em várias escolas no século XXI.
Na concepção de Saviani (1988) a Pedagogia Tradicional é classificada como intelectualista, e às vezes como enciclopédica, pois os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, o que vale é uma educação formalíssima e acrítica.
Neste contexto a avaliação obtida nas escolas tradicionais se traduz em: desenvolver no aluno o ato de reproduzir exatamente o que o professor lhe ensina, desenvolvendo assim um pensamento que compete ao professor não ao aluno. Consequentemente o professor só poderá ser considerado um bom professor se obtiver uma boa nota por parte dos alunos. Resumindo, a aprendizagem, o ensino tanto do aluno quanto do professor baseia-se no mero fato de decorar o que foi repassado. Neste sentido Vasconcelos (1995), afirma que:
"O aluno recebe tudo pronto, não problematiza, não é solicitado a fazer relação com aquilo que já conhece ou questionar a lógica interna do que esta recebendo e acaba se acomodando. A prática tradicional é caracterizada pelo ensino ?blá-blá-blante?, salivante, sem sentido para o educador, meramente transmissora, passiva, a - crítica, desvinculada da realidade, desconectada". (VASCONCELOS, 1995, p.21)
O que Vasconcelos afirma e exatamente o que ocorre na maioria das escolas públicas do Estado do Amapá. O ensino voltado para a repetição do conteúdo, sem que haja o interesse em aprender, utilizando o concreto. Quando se refere a concreto, pensasse num conhecimento sistematizado, onde o aluno aprenda com a realidade em sua volta, tornando a aprendizagem mais significativa para o aluno e facilitada para o educador. Uma vez que o professor aprende também com a realidade do aluno, e ultrapassa o paradigma de detentor único do saber, a passa à postura de pesquisador, que esta em processo contínuo na elaboração do processo de ensino-aprendizagem.
Todavia a pedagogia tradicional necessita de mudanças. A principal parte do pressuposto básico de que o ensino concebido pela maioria dos professores permanece na ilusão de que o educador é detentor único do saber, e o aluno uma máquina que apenas memoriza e repete um conhecimento pronto e acabado. A prática docente deve estar aliada ao saber teórico e prático que se apreende num curso superior. Libâneo (1994) da ênfase na necessidade do professor possuir uma formação pedagógica e acadêmica, como descreve a seguir:
"A formação profissional para o magistério requer, assim, uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula depende da vocação natural ou somente da experiência prática, descartando-se a teoria. E verdade que muitos professores manifestam especial tendência e gosto pela profissão, assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teórico - científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente ganha base para pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade do seu trabalho". (LIBÂNEO, 1994, p.28).
Desse modo torna-se impossível que o professor não possua um referencial teórico que possibilite uma maior abordagem de conteúdo e melhor compreensão do aluno. De certo que as aulas não mais se tornaram tendenciosas muito menos irão cair na monotonia de filas, silêncio, quadro e giz, professor fala e o aluno escuta, o professor escreve e o aluno copia, o professor manda e o aluno obedece.
Na perspectiva de Libâneo (1994) historicamente a educação Liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional, e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou ativa), fato que não significa a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar.
Autor: Adriana Dos Santos
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