INGAZEIRA



O município de Ingazeira está localizado às margens do Rio Pajeú, distante 390 quilômetros da capital. Administrativamente, o município é formado pelo distrito sede e pelo povoado de Santa Rosa. Os primeiros habitantes que povoaram estas terras foram indígenas da tribo Cariri (ou Tapuia). O Jesuíta Fernão Cardim em seu "Tratado dos Índios do Brasil", de 1584, refere-se a eles já com essa denominação. No século seguinte, os holandeses penetram na região por eles habitada. O historiador holandês Ellias Herkmann os representa como uma raça numerosa que habita uma região elevada e fria. Designava assim o Planalto da Borborema, cujas ramificações estendem-se até a atual Campina Grande na Paraíba. A penetração do sertão nordestino se fez por dois caminhos: antes de 1650, gente da Bahia de São Salvador percorrendo o Rio São Francisco chega ao Moxotó e ao Pajeú e destes ao interior do sertão onde estabeleceram fazendas de gado as margens desses rios. Outros, chamados paulistas (bandeirantes), liderados por Domingos Afonso Malfrense (conhecido pela alcunha de Domingos Sertão) e Domingos Jorge Velho, descendo o curso do São Francisco, a partir da sua nascente até a atual Petrolina em Pernambuco onde rumaram para o norte se estabelecendo em terras do Piauí. Os Jesuítas evangelizavam os índios mais próximos do litoral e os Padres Carmelitas Franceses tinham a missão de evangelizar os índios do interior. Nessa época, colonizadores baianos foram os primeiros que aqui se estabeleceram ocupando as margens do Rio Pajeú. Destacando-se a poderosa família da Casa da Torre, que mandava seus rebanhos bovinos pastorearem por toda a bacia do Rio Pajeú. Outra família nobre, a de Christovão da Rocha Pitta, também se estabeleceu nesta região, provavelmente às margens do Rio Moxotó. De modo que se formaram espécies de "feudos" nesta região, tanto é que, em carta ao Rei de Portugal Dom Pedro II (o Pacífico) de 1700, o Governador de Pernambuco Fernando Martins Mascarenhas e Lencastre reclama que "A Casa da Torre, dos herdeiros de Garcia D'Ávila, a Casa da Ponte de Antonio Guedes de Brito e Domingos Afonso Sertão, moradores da jurisdição da Bahia, estão se tornando senhores de quase todo o sertão de Pernambuco". Outros portugueses também se estabeleceram na região, observando que nessa época, estava o Recife em poder dos holandeses da Casa de Orange e a Paraíba em luta contra estes e os franceses, natural, portanto que o sertão fosse o único refúgio seguro para os lusitanos, onde os flamengos só a muito custo e lutas contra estes e os Cariri conseguiam penetrar. Num escrito da época feito pelo frei Martin de Nantes, o missionário capuchinho francês menciona a existência de um Antonio de Oliveira que havia alcançado uma aldeia dos índios Cariri e recebido autorização para ali se estabelecer. Foi da fazenda deste que anos depois, partiu o bandeirante capitão-mor Theodosio Oliveira Ledo para reprimir os índios Xucuru estabelecidos na margem esquerda do Rio Paraíba. Frei Martin de Nantes percorreu toda essa região até a fazenda de Antonio de Oliveira, descrevendo com espanto a natureza desolada e morta dos lugares atravessados em tempo de seca, tal qual o inverno europeu em suas comparações. No século XVII foram designados a pedido do próprio fazendeiro, miss ionários capuchinhos do Convento da Penha no Recife para evangelizar os povos dessa região. Coube ao Frei Theodosio de Lucce essa missão. É bem provável que este foi o primeiro missionário dos sertões do Pajeú. Somente depois de 1710 é que foram pacificados ou destruídos os índios que habitavam essa região. Nessa época, propriedade quase exclusiva da Casa da Torre, da família D?Ávila de Salvador que cobrava dízimos ou arrendamentos foreiros. E foi as margens do Rio Pajeú, embaixo de uma baraúna secular onde foi celebrada a primeira missa nestes sertões no ano de 1717. Foi ai que se formou a próspera povoação de São José da Ingazeira. Situada à margem do Rio Pajeú, com terrenos extensos e próprios para agricultura e em redor, numa extensão de cinco a seis léguas de matas vivas, ricas em pastagens, próprias para criação de gado, Ingazeira teve sua origem na Sesmaria de São Tiago a primeira vendida aqui e adquirida por Eusébio da Gama, conhecido pela alcunha de Marinheiro, vindo da cidade de Goiana no litoral. Foram interrompidas as relações com a capital da província devido ao Levante dos Tapuias e a ocupação do Recife pelos holandeses. Duas moças fugitivas de uma revolta numa fazenda do Cariri velho pelos índios Carirí, refugiaram-se nesta região onde se uniram a esta família, dessa união nascendo Agostinho Nogueira de Carvalho, o fundador da fazenda Ingazeira, o qual começou em 1820 a construção de uma capela dedicada a São José. Morrendo em 1832, seu filho de mesmo nome, continuou a obra (só concluída em 1852), nessa época já era a segunda maior povoação da região com aproximadamente 6.500 habitantes. O alto sertão esteve sempre administrado religiosamente pelos Bispos de Olinda. A primeira sede de freguesia, nos princípios do século XVIII, foi Garanhuns, brevemente esteve um vigário em Cabrobó, no São Francisco. Este não se adaptando bem a região, veio fixar sua residência em Pajeú de Flores, perto de uma próspera fazenda, tornando-a sede de freguesia. Formaram-se várias freguesias desmembradas de Garanhuns, Cabrobó e Flores. Uma delas foi a de São José da Ingazeira desmembrada da de Flores por decreto da Assembleia Legislativa Provincial de Pernambuco, de 29 de abril de 1836 e Lei Provincial nº 123 de 9 de junho de 1836. Foi elevada a categoria de vila pela Lei Provincial nº 295 de 5 de maio de 1852 e instalada em 7 de janeiro de 1853. A capela dedicada a São José, foi elevada a categoria de matriz e o capelão Pe. José Antonio Alves de Brito, o primeiro vigário da nova freguesia, por provisão datada do Palácio da Soledade em 4 de agosto de 1836 pelo Bispo Diocesano Dom João da Pacificação Marques Perdigão, sendo Dom Pedro I Imperador do Brasil. questões políticas e a má administração determinaram a decadência da próspera freguesia de São José da Ingazeira. Tivera o fundador dois filhos: Agostinho e Dona Iná, a qual casou-se com o Coronel Francisco Miguel de Siqueira, chefe político que segundo contam insultava os sacerdotes que por ali se sucediam. Por lei provincial de nº. 1.403 de 12 de maio de 1879, a sede da Vila de Ingazeira foi transferida para a povoação de Afogados, que foi elevada à categoria de vila. Ingazeira voltou a ser sede municipal pela Lei Provincial de nº 1.761 de 5 de julho de 1883, porém, revogada pela Lei nº. 1.827 de 28 de junho de 1884. Teve o predicamento de cidade pela Lei estadual de nº. 991 de 1 de julho de 1909. Na divisão administrativa estadual do ano de 1911, o município ainda se denominava Ingazeira, tendo Afogados como um de seus distritos. Situação que se inverteu e o município passou a denominar-se Afogados da Ingazeira, tendo Ingazeira como um de seus distritos. Posteriormente, foi criado o município de Tuparetama pela Lei Estadual nº. 3.332 de 31 de dezembro de 1958 desmembrado de Afogados, ao qual Ingazeira ficou subordinada. Finalmente a Lei Estadual de nº. 4.971, de 20 de dezembro de 1963, veio a emancipação política, fazer justiça à antiga vila de Ingazeira, restaurando o município e devolvendo sua autonomia, desmembrado de Tuparetama. O município de Ingazeira está localizado na parte setentrional da microregião Pajeú, na porção norte do Estado de Pernambuco, limitando-se geograficamente, ao Norte com os município de Tabira e São José do Egito, ao Sul e Oeste com o município de Iguaraci e ao Leste com o município de Tuparetama. Ingazeira encontra-se totalmente inserido na Bacia Secundária do Rio Pajeú, sendo este seu rio mais importante. Seus principais afluentes são: Riacho da Redonda, do Xique-Xique, do Manuíno, do Manoel Pereira, do Pau-Ferro, da Manhãzinha, do Jorge, do Salgado, do Mororó, da Volta e o maior deles o Riacho do Cedro. São poucas as lagoas em seu território. Merecem destaque: a Lagoa do Cuvico, do Guandu e do Mororó, abastecidas por cursos de água temporários, permanecendo secas a maior parte do ano.Bahia de São Salvador percorrendo o Rio São Francisco chega ao Moxotó e ao Pajeú e destes ao interior do sertão onde estabeleceram fazendas de gado às margens desses rios.



Autor: Djalmira Sá Almeida


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