HUMANISMO



H U M A N I S M O ( 1418 a 1527)

4.1.ORIGEM E DESENVOLVIMENTO:

Também chamado de segundo período medieval, começa com a crise política pela questão sucessória aberta com a morte de D. Fernando e termina com a aclamação de D. João I em l385.
Houve nessa época a ascensão da burguesia mercantil e a classe mostra-se apegada aos valores culturais e históricos da nação.
Portugal luta para firmar sua posição de grande potência européia. Em 1415 Portugal toma Ceuta e marca sua posição ultramarina. O país se torna temido e respeitado pelo mundo moderno de então.
Em l434 houve a criação do cargo de Cronista-mor por D. Duarte. Isto iria estimular o desenvolvimento da prosa nacional. Foi nomeado Cronista-mor Fernão Lopes. A historiografia começa a nascer - surge então a prosa histórica. Houve também grande contribuição do teatro e da poesia.
Em 1502 Gil Vicente cria a dramaturgia nacional, elevando-a sozinho ao nível que até
hoje não foi ultrapassada por nenhum outro teatrólogo.
A poesia volta a florescer, revelando um grande avanço em relação ao lirismo trovadoresco, tanto no plano temático, como no formal.
As crônicas historiográficas tomam novo rumo, com propostas bem definidas:
a)Probidade na narrativa;
b)Escrúpulo na escolha dos materiais que se há de empregar;
c)Método na ordenação da matéria;
d)Clareza e cuidado na composição estrutural da obra;
e)Concentração em um só assunto.
Principais cronistas historiadores:Fernão Lopes,Gomes Eanes de Zurara e Rui de Pina.

4.2.PROSA DE FICÇÃO:

Estava ligada ainda às novelas de cavalarias. Filia-se ao ciclo Bretão a novela mais expressiva do Humanismo: Amadis de Gaula - onde se contam as fabulosas aventuras do herói com esse nome, levado pelo amor de Oriana - filha do rei da Grã-Bretanha.
A realidade se confunde com a fantasia, sem qualquer limitação. As pessoas eram consideradas heróis nos mesmos planos de fadas, feiticeiras, monstros, gigantes, etc. A isto acrescenta-se ainda o amor à justiça, espírito de sacrifício e abnegação, veneração e respeito à mulher.
A primeira edição dessa obra data de 1508 por Garcia Ordõnez de Montalvo, que era espanhol, mas os portugueses reivindicam a obra como deles e atribuída a Vasco de Lobeira e/ou João de Lobeira. O problema ainda está em pé, sem solução.

4.3.PROSA DIDÁTICA:

Conhecida também como prosa doutrinal da corte, seus escritos são de escassa importância literária. Mostram que os reis e príncipes da dinastia de Avis, incentivaram o desenvolvimento da prosa e contribuíram com paixão nessa tarefa. São trabalhos de cunho didático e moral, originais ou em tradução. Entre os autores temos: D. João I, infante D. Pedro e D. Duarte.

4.4.TEATRO POPULAR:

Gil Vicente foi o fundador da dramaturgia portuguesa, seu aperfeiçoador, elevando-a a uma altura jamais vista e ultrapassada até hoje.
Foi o autor mais imitado do gênero, pois ele criou um veículo mais direto e eficaz de comunicação entre o autor e o público. Foi o introdutor do novo teatro no mundo.
No Humanismo surge uma nova classe preocupada com o dinheiro e a riqueza: a burguesia, refletindo tendência ao individualismo. A cultura, antes privilégio do clero e da nobreza, torna-se láica.
O pensamento humanista representou uma corrente de aspirações orientadas para os ideais puramente humanos, em oposição ao misticismo que predominara na idade média, uma vez que os dogmas medievais impediram essa aspiração, faziam reviver então os temas clássicos da antiguidade Greco-latina.
O período anterior tudo se volta a Deus, por isto recebeu o nome de Teocentrismo, o período atual tudo se volta ao homem e recebeu o nome de Antropocentrismo.

4.5.POESIA PALACIANA:

A poesia palaciana é aquela produzida no âmbito do palácio, da corte, a partir da segunda metade do século XV, razão pela qual é também conhecida por quatrocentista.
Publicada em 1516, o Cancioneiro Geral por Garcia Rezende, reúne 1000 poemas de 256 autores que escreviam tanto em português como em castelhano. O fato fundamental é que a poesia não se destina mais ao canto, como na época medieval - a produção passa a ser consumida através da leitura silenciosa. Desvinculados da música e da estrutura paralelística do período anterior, os versos exploram os aspectos formais da poesia como o ritmo, a métrica e a rima. Predominam então duas modalidades do verso: redondilha maior e redondilha menor.
Autores: Garcia de Rezende é o autor principal, seguido de João Rui de Castelo Branco.

4.6.GIL VICENTE:

Nasceu por volta de l460 e morreu provavelmente em l536 em Lisboa, ano em que encetou sua última peça Floresta de Enganos e da instalação oficial do Tribunal da Inquisição de Portugal.
Na peça inicial é marcada a influência espanhola. Do autor Juan Del Encina, assimilou a temática religiosa e pastoril; e de Torres Navarro assimilou a crítica social das Farsas.
Não tarda, contudo, em criar as bases de um teatro original, quando então passa a predominar o teatro literário sobre a impressão visual do cenário, ou seja, a palavra torna-se mais importante do que a mímica.
Sua primeira peça Monólogo do Vaqueiro foi recitada na noite de 7 de junho de 1502 em homenagem ao nascimento do futuro D. João III.
Homem ligado à tradição, distante ainda da concepção científica e do progresso social, seu teatro espalha os gêneros tipicamente medievais como o auto, a farsa, o mistério, o entremez, tanto pela temática como pelos recursos cênicos em regras. Gil Vicente manter-se-á sempre fiel aos princípios do teatro popular.
Há dois aspectos na sátira de Gil Vicente: divertir o público e redimir o ser humano,conforme o lema da comédia antiga: rindo corrige-se os costumes. Alguns de seus versos valem como aforismas, confira: Mais quero um asno que me leva que um cavalo que me derrube.
Peças principais: Trilogia das Barcas (Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório, Auto da barca da glória ), Auto da Índia, Farsa de Inês Pereira, O velho da Hora, etc.




Autor: Henrique Araújo


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