O Abraço



Acordara cedo, como habitualmente fazia, mas aquela manhã não era igual a tantas outras.

O choro abafara o pranto doído. O coração batia compassivo como um tambor a marchar para a hora derradeira.

Aproximava-se a despedida inesperada, quando uma palavra ecoa no vazio:

- Tudo bem?

Como poderia estar bem, ela que via seus planos tomarem caminhos adversos ao que planejara e sonhara?

- Não!

De repente, um abraço apertado, o mais apertado que pudera dar, acontece. Como que a suplicar que aquele momento se eternizasse; que aqueles corpos jamais se separassem e, por um breve momento, os corpos se entregaram ao devaneio de um amor eterno, naquele abraço forte.

Nenhuma palavra, apenas os corpos unidos em súplica. Percebera, então, o quanto os corpos poderiam falar entre si e, mudos, deixaram-se quedar por um momento breve, mas eterno. 

É possível um abraço apertado desvendar uma vida inteira de busca, da procura daquele que viria ocupar o espaço vazio da sua alma?

Sim! Percebera que era possível sim. Naquele abraço apertado cessara a busca incessante de uma vida inteira - a busca de um encontro terno, de um amor real, puro e verdadeiro.

Naquele abraço apertado, a respiração ofegante gritava fundo, a sufocar o pranto doído pela separação, ainda que breve. O coração, compassivo e lento, dizia não ser mais decoração para aquele corpo, mas agora a entrega era de coração para coração.

Na mesma freqüência cardíaca, na mesma respiração, num só compasso, aqueles corpos faziam juras eternas, de um amor que não fora por eles escolhido, mas presente de Deus. 

A certeza do breve regresso não vinha daqueles que clamavam por não se despedirem, mas dAquele que impunha mais uma prova, mais um sacrifício.

Se ainda não podiam entender claramente o que havia acontecido, para que a separação fosse iminente naquele momento, sabiam que, com certeza respostas viriam em breve e abafaram o pranto doído.

Mas o abraço apertado jamais seria esquecido.

Aquele breve momento passaria a ansiar pelo reencontro e fazia plano... E esperava...  
Autor: Inajá Martins de Almeida


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