CLASSICISMO



CLASSICISMO - (1527 - 1580)

5.1.ORIGEM E DESENVOLVIMENTO:

O Classicismo está intimamente ligada à Renascença. Mas o que foi a Renascença? Foi um súbito crescimento do homem, que rompeu as limitações medievais e ou bíblicas e incorporou em si um saber e uma experiência adquiridos e armazenados pela velha civilização grega e romana.

O Renascimento teve como berço a Itália, vista, então como pátria do saber e das musas. Em 1527, Sá de Miranda retorna da Itália, introduzindo em Portugal um novo ideal artístico, denominado Dolce Stil Nuovo (doce estilo novo). O movimento foi uma profunda renovação nas ciências e nas artes que a Europa conheceu, fazendo reviver a cultura Greco-latina eclipsada na idade Média. As letras passaram a receber influência direta de Homero e Virgílio entre outros grandes gênios da antiguidade.

No séc.XVI o sistema feudal entra em franca decadência. A burguesia ascende na escala social, em razão da bem sucedida atividade mercantilista. É a época da expansão ultramarina: "Por mares nunca dante navegados". Portugal conhece um clima de euforia e confiança nacional.

A descoberta da imprensa viabilizou a divulgação dos textos antigos, que antes permaneciam em manuscrito: o papel substituiu o caríssimo pergaminho. O sistema hiliocêntrico de Copérnico começa a prevalecer sobre a concepção geocêntrica que predominou no período medieval.

O autor clássico atribui maior importância às faculdades racionais do que às emocionais. Por outro lado, os valores universais são colocados acima das particularidades do indivíduo e mesmo da reação. Os renascentistas põe em voga a mitologia, o relato fabuloso dos heróis e dos deuses da antiguidade pagã que, sob a forma de lenda, implica sempre significado simbólico, constituindo fonte inesgotável de temas para os artistas.

O clássico orienta-se por princípios e normas pré-estabelecidas como a harmonia, a
proporção, a simplicidade, o equilíbrio, a beleza, a subordinação do pormenor à idéia do
todo.

Em oposição ao Teocentrismo medieval, o período é agora definido ao Antropocentrismo (o homem ao centro), tal qual ensinaram os gregos:Protágoras - "O homem é a medida de todas as coisas" e Sófocles:"Muitos milagres há, mas o maior de todos é o homem".

5.2.A POESIA CLÁSSICA:

Com o advento do Renascimento em Portugal, incorporou-se à poesia formas líricas
e motivos da antiguidade, difundidos na Itália por Sá de Miranda: elegias, éclogas, cartas,
etc. Usaram também a temática antiga, cheia de mitos e lendas, também o uso de deuses
e musas.

Reaparece o soneto de Petrarca e passou a ser o tipo de poema mais difundido. Todos
os clássicos portugueses passaram a difundir os sonetos alcançando a perfeição máxima
em Camões.

Os poemas em forma de redondilhas (de 5 e 7 sílabas) são difundidos, integrando-os ao lirismo nacional, como, por exemplo a glosa, o vilancete, etc.

A epopéia adquire seu ponto máximo nos moldes greco-latinos. Os valores dos heróis
portugueses são explorados e difundidos nas epopéias do mestre Camões.

A poesia portuguesa adquiriu seu apogeu com Camões - poeta inigualável. A sua volta estão: Sá de Miranda, Antônio Ferreira, Bernardim Ribeiro e outros.

5.3.LUIS VAZ DE CAMÕES:

Em 1524 ou 1525 nasce, provavelmente em Lisboa. Pela erudição de sua obra é de supor que tenha recebido esmerada educação em Coimbra. Frequentou a corte de D. João III. Envolve-se em disputas e rixas amorosas nas rodas boêmias de Lisboa. Como soldado perde um olho ao combater em Ceuta. Em razão de uma briga fere um servidor do Paço, o que lhe vale quase um ano de reclusão. Alista-se em expedições militares que seguem para o oriente. Sofre naufrágio na foz do rio Mecon, salva-se a nado com os manuscritos de "Os Lusíadas". Em 1569 retorna a Lisboa. Três anos depois publica a obra, o que faz com que D. Sebastião concede-lhe a pensão anual de 15 mil réis. Morre a 10 de junho de l580 na mais extrema miséria, sendo enterrado em vala comum como indigente. É considerado o grande gênio da língua portuguesa. Obras: Lírica, Os Lusíadas, Auto de Filodemo, El-rei Seleuco, Anfitriões.

5.4. "OS LUSÍADAS":

É a obra máxima da literatura portuguesa. É a epopéia de Portugal e narra a história dos heróis e feitos portugueses. A obra possui 10 cantos encerrando um total de 1102 estrofes, cada estrofe possui 8 versos num total de 8 816 versos decassílabos. A obra está dividida em 5 partes:

a)Proposição - É a expressão resumida do assunto a ser tratado, começa com o 1o.verso:
"As armas e os barões assinalados" e termina com os versos:"Cesse tudo o que a musa antiga canta","que outro valor mais alto se alevanta".
b)Invocação- Endereçada às ninfas do rio Tejo,as Tágidas, protetoras dos portugueses, pedindo-lhes uma inspiração à altura dos feitos gloriosos a que pretende celebrar.
c)Dedicatória - O poema é dedicado ao rei D. Sebastião, lembrando-lhe de passagem algumas figuras históricas e lendárias caras à nação e que estarão presentes na obra.
d)Narração - é o desenvolvimento da obra, onde narra os episódios da história nacional e os incidentes de vultos ocorridos na viagem de Vasco da Gama.
e)Epílogo - Abre-se com uma sentida censura à decadência do país e fecha-se com exortação a D. Sebastião para o prosseguimento das conquistas ultramarinas.


5.5.PROSA CLÁSSICA:

A historiografia continua. Os historiadores se voltam para as conquistas ultramarinas.
A narração vinha do oriente e para o oriente, deslocando o centro da vida política e comercial do mediterrâneo para o Atlântico.

As crônicas perdem o campo e aparecem obras de cunho didático. A língua se aperfeiçoa com os padrões da antiguidade.

A prosa de ficção manteve-se ligada à tradição medieval na forma e no conteúdo. A
melhor obra dessa fase foi "Menina e Moça" de Bernardim Ribeiro que fugiu um pouco
das novelas de cavalaria e desenvolveu um tema lírico-amoroso e pastoril.

Um novo tipo de trabalho começa: a literatura das viagens. Houve o contato com gente e costumes exóticos do além-mar. Com a literatura das viagens vão surgir os primeiros resquícios da literatura brasileira.

A obra mais importante da literatura das viagens é: "Peregrinação" de Fernão Mendes
Pinto.É uma obra autobiográfica contando a experiência do autor no oriente.

O teatro clássico não teve um grande prestígio. Alguns autores como Sá de Miranda e
Camões criaram alguma coisa nesse campo, mas o teatro mais importante ficou mesmo nana idade média.

TEXTO: DESPEDIDA
Luis Vaz de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.

Autor: Henrique Araújo


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