Brasil - Tri







BRASIL ? TRI
Raul Santos
Na Copa de 58 eu tinha 13 anos e via as pessoas, lá no Pau d?Alho, interior do Prado, ouvindo as narrações dos jogos pela rádio Nacional do Rio de Janeiro e ouvia falar da genialidade do Mane Garrincha e do surgimento de um negrinho magrinho de 17 anos, que mais tarde viria a ser o atleta do século XX e rei do futebol.
A copa de 62 não deixou marcantes recordações, bem como a de 66, que a Seleção Brasileira não sentiu nem o cheiro.
Já em 1970, mesmo antes da partida para o México, os ânimos estavam bastante exaltados e os 90 milhões de técnicos mostravam o otimismo de quem pressentia a vitória iminente. No jogo contra a Inglaterra, por exemplo, os lances foram tão irreais que houve quem dissesse que o goleiro era o próprio Jesus Cristo. No final, as coisas começaram a esquentar na escorregada de Clodoaldo e a Itália empatou de um a um. Quando Gerson desempatou naquele gol espetacular, nós estávamos no bairro do Pontal, em Ilhéus, no apartamento do Florentino, encarregado das instalações da SHELL, no aeroporto e quando a bola entrou, ele deu um pulo tão alto que o soco atingiu a lage do teto.
Depois que a partida terminou, ele pegou o jipe e saiu com os sargentos Pina e Eduardo, pela cidade, tomando cerveja por todos os botecos. Em determinado momento, foram dar com os costados em uma casa na avenida Itabuna, que até poucos dias antes tinha sido meretrício, mas como ficava na entrada da cidade, fora levado para o bairro do Malhado. Eles não sabiam disso, e entraram gritando:
_ Brasil, Brasil, Brasil!... Cadê as mulheres desta casa?...
Vindo lá de dentro, surgiu um velhão careca, que disse:
_ A mulher daqui, sou eu!...
Aquilo foi como um balde de água gelada no entusiasmo dos foliões que começaram a pedir desculpas, porque não sabiam que a casa era ambiente familiar e se apresentaram como militares da Aeronáutica e estavam comemorando a vitória da Seleção Brasileira. O homem, com ar bonachão, convidou-os a entrar e a cerveja com tiragosto rolou até tarde.
O detalhe mais impressionante foi que Calumbi, um faxineiro do aeroporto, logo que terminou a partida, patrioticamente, enrolou-se na Bandeira Brasileira e enfiou-se no jipe com eles durante a farra. Quando retornavam, perceberam que alguma coisa não ia bem, e tiveram a infeliz surpresa de descobrir que a bandeira brasileira estava toda cagada...



Autor: Raul Santos


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