ALUCINAÇÕES E DELÍRIOS: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO FRENTE AOS PACIENTES ESQUIZOFRÊNICOS.



ALUCINAÇÕES E DELÍRIOS: A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO FRENTE AOS PACIENTES ESQUIZOFRÊNICOS.

Gerluce Vian1
Josele Matos1
Josélia Barbosa1
Juliana Coelho1
Laiani Cursino1
Thiego Novaes1
Maria Celda Freire1
Emerson Mafia 2

RESUMO

A esquizofrenia é um dos principais problemas de transtornos mentais na atualidade que tem um contingente de pessoas considerável, e que precisa de atenção no que se diz respeito ao reconhecimento, e ao seu tratamento. Esse trabalho tem como objetivo geral explorar os principais aspectos de um indivíduo com essa patologia e o especifico identificar os delírios e alucinações com a devida patologia, além de se tratar da contribuição da enfermagem na assistência. O artigo é de caráter exploratório e abordagem qualitativa, abrangendo várias referências teóricas divulgadas recentemente tanto em âmbito bibliográfico como virtual.

Palavras-chave: Esquizofrenia, assistência em enfermagem, alucinações, delírios.

ABSTRACT

Schizophrenia is a major problem of mental disorders that currently has a considerable number of people, and that needs attention as regards the recognition and handling. This paper aims to explore key general aspects of an individual with this disease and identify specific delusions and hallucinations in sufficient condition, in addition to addressing the contribution of nursing care. The article is exploratory and qualitative approach, covering various theoretical references disclosed recently both in the literature as virtual.

Keywords: Schizophrenia, nursing care, hallucinations, delusions.









___________________________________________________________________
(1) Acadêmicas de Graduação em Enfermagem, 5º semestre, da Faculdade São Francisco de Barreiras. FASB-BA.
(2) Docente da disciplina Saúde Mental da Faculdade São Francisco de Barreiras. FASB-BA.
INTRODUÇÃO

Para Giacon e Galera (2006), a esquizofrenia é um dos problemas de maior importância em saúde pública atualmente, estabelecendo um estimável investimento do sistema de saúde e ocasionando grande aflição para o doente e sua família. Embora com baixa incidência, por ser uma doença de longa duração, aglomera-se, ao longo dos anos, um número estimável de pessoas portadoras desse transtorno, com distintos graus de comprometimento e de necessidades.
Conforme Davidoff (2001) profissionais que lidam com esse transtorno mental têm tido dificuldade em concordar na questão sobre o seu conceito do que não é e o do que é esquizofrenia. Em 1911, um psiquiatra suíço chamado de Eugen Bleuler introduziu o termo "divisão da mente" para definir a qualidade fragmentada, geralmente paradoxal, dos pensamentos e emoções das vítimas.
Segundo Ballone (2008), a esquizofrenia é uma doença da personalidade global que afeta toda composição vivencial. Culturalmente o esquizofrênico concebe o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido a sua repulsa para com a realidade conhecida. Agindo como uma pessoa que desfez as amarras da aceitação cultural, o esquizofrênico deprecia a razão, entretanto, ele perde o livre-arbítrio de esquivar às suas fantasias.
Aproximadamente 1% da população é acometida pela doença, comumente principiada antes dos 25 anos e sem predileção por qualquer categoria sócio-cultural. O diagnóstico se fundamenta unicamente na história psiquiátrica e na análise do estado mental. É muito raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 50 anos de idade e parece não haver qualquer diferença na prevalência entre homens e mulheres (BALLONE, 2008).
Castro e Furegato (2008), afirmam que a esquizofrenia pode ser determinada por meio de exames clínicos, levando-se em conta a situação em que o procedimento psiquiátrico está sendo regido. É distinguida por sintomas psicóticos (distúrbios do pensamento, alucinações e delírios), além de adulterações do desempenho social e pessoal do paciente. É uma doença da individualidade que afeta a zona central do "eu", alterando o esqueleto vivencial, interferindo na capacidade de vida e de convivência da pessoa com o real.

Dada a importância para essa devida doença devido ao seu impacto familiar e social, temos como objetivo geral mostrar os principais aspectos de um indivíduo com essa patologia, aumentar nosso conhecimento e como objetivo específico mostrar como reconhecer uma pessoa com a devida doença, além de se tratar da contribuição da enfermagem na assistência.
Trata-se de um estudo com abordagem bibliográfica, feita através de livros e análise de artigos científicos na base de dados: Scielo e Lilacs. Para localizar os artigos foram utilizadas as subseqüentes palavras-chaves: esquizofrenia, aspectos e assistência de enfermagem. Foram incluídos os artigos dos últimos dez anos.
O artigo é de caráter exploratório e abordagem qualitativa, abrangendo várias referências teóricas divulgadas recentemente tanto em âmbito bibliográfico como virtual, facilitando a compreensão da temática exposta e objetivando a real importância da realização da assistência de enfermagem ao paciente portador de esquizofrenia. Este não é mera reprodução do que já foi dito ou escrito sobre adequado assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem (MARCONI & LAKATOS, 2003)
Em vista da importância do transtorno psicótico, tanto em saúde pública como para o indivíduo e seus familiares, a finalidade deste artigo é desenvolvimento sobre os principais aspectos da esquizofrenia incluindo conceito, sintomas, tratamento e a importância das ações de enfermagem neste contexto. O estudo do desenvolvimento possui grande relevância para o conhecimento em todas as áreas independente do assunto em questão, visto isso, a revisão de literatura permite o aprendizado sobre como procurar e realizar a leitura de textos na literatura científica organizando-a da melhor maneira para se obter o alicerce teórico que norteie a aprendizado da profissão.

DESENVOLVIMENTO

Definição
É uma perturbação de longa duração, onde nesse período a pessoa experimenta momentos de crises e remissões que tem como conseqüência um desgaste do funcionamento do doente e da família, resultando em diversos danos/perdas nas habilidades de todo o grupo. Por exemplo, redução da habilidade para cuidar de si próprio, para trabalhar, para se relacionar consigo mesmo e socialmente (GIACON; GALERA, 2006).
Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados, em geral, por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção e por afeto inadequado ou embotado. A consciência clara e a capacidade intelectual estão usualmente mantidas, embora certos déficits cognitivos possam surgir no curso do tempo. A perturbação envolve as funções mais básicas que dão à pessoa normal um sendo de individualidade, unicidade e de direção de si mesmo. Os pensamentos, sentimentos e atos mais íntimos são sentidos como conhecidos ou partilhados por outros e podem se desenvolver delírios explicativos, a ponto de que forças naturais ou sobrenaturais trabalham de forma a influenciar os pensamentos e as ações do indivíduo atingido, de forma que são muitas vezes bizarras. O paciente pode ver a si próprio como o pivô de tudo o que acontece. As alucinações, especialmente auditivas, são comuns e podem comentar sobre o comportamento ou os pensamentos do paciente. A percepção é freqüentemente perturbada de outras formas: cores ou sons podem aparecer excessivamente vividos ou alterados em qualidade e aspectos irrelevantes das coisas comuns podem parecer mais importantes que todo o objeto ou a situação. Perplexidade é também comum no início e leva freqüentemente a uma crença de que situações cotidianas possuem um significado especial, usualmente sinistro, destinado unicamente ao indivíduo. Na perturbação característica do pensamento esquizofrênico, aspectos periféricos e irrelevantes de um conceito total, que estão inibidos na atividade mental normalmente dirigida, são trazidos para o primeiro plano e utilizados no lugar daqueles são relevantes e adequados a situação. Dessa forma, o pensamento se torna vago, elíptico e obscuro e sua expressão em palavras, algumas vezes incompreensível. São assíduas as interrupções e interpolações no curso do pensamento e os pensamentos podem parecer serem retirados por um agente exterior (CID-10, 1993, p.85-86).
Taylor (1992) diz que as sintomatologias que podem ser encontradas na esquizofrenia estão sendo agrupadas em sintomas: positivos (delírios, alucinações, desorganização do pensamento), negativos (redução da vontade e da afetividade, o exaustão do pensamento e o afastamento social), cognitivos (dificuldade na atenção, concentração, compreensão e abstração) e afetivos (a depressão, a desesperança, pensamentos de tristeza, ruína e, inclusive, autodestrutivas).
Davidoff (2001) não apenas os esquizofrênicos se diferenciam uns dos outros, mas a mesma pessoa pode comportar-se de maneiras radicalmente diferentes ao longo de um só dia. O examinador possivelmente observara sinais de psicose em algumas ocasiões e conduta relativamente normal em outras. Durante os acontecimentos psicóticos, alguns esquizofrênicos deparam com grupos bastante consistentes de sintomas, denominados subtipos como exemplificado a seguir:

Esquizofrenia Paranóide

Os aspectos desse subtipo são ilusões e alucinações pronunciadas sobre perseguição ou grandiosidade que dominam a atenção da pessoa (DAVIDOFF, 2001, p. 576).
É o tipo de esquizofrenia mais encontrado em muitos lugares do mundo. A sintomatologia é caracterizada por delírios relativamente constante, freqüentemente paranóides, freqüentemente seguidos por alucinações, particularmente da variedade auditiva, e excitação da percepção. Perturbações do afeto, anseio e alocução e sintomas catatônicos não são percebidos (CID-10, 1993).
Juntamente com idéias persecutórias, os esquizofrênicos paranóides freqüentemente têm ilusões de grandeza (como episódios mecânicos). Um esquizofrênico paranóide pode sentir que é a pessoa mais rica do mundo, o rei da Inglaterra, ou Jesus Cristo. É comum alucinações vividas auditivas e visuais reforçarem essas visões. As idéias de referência, imaginações de que eventos naturais ou impessoais são comunicações pessoais, também apóiam as ilusões. Por exemplo, uma tosse ou uma tempestade pode ser interpretadas como uma mensagem dizendo que os comunistas invadirão Nova York (DAVIDOFF, 2001, p.576).

Esquizofrenia Catatônica

Os acometimentos de esquizofrenia catatônica freqüentemente ocorrem de repente e repetidamente no decorrer de muitos anos. A característica que difere é o comportamento motor bem típico. Ás vezes, indivíduos catatônicos reagem com entusiasmo, insensatez e, em ocasiões, agressivos. Geralmente, estão em estupor; passivos e mutista. Os catatônicos apresentam um sintoma estranho denominado de rigidez catatônica (DAVIDOFF, 2001).
O individuo que é portador desse tipo de esquizofrenia deve estar sob uma cautelosa supervisão, por que podem apresentar agressividade a ponto de se machucarem, e causar algum dano a outra pessoa, além disso, eles apresentam maior risco de desnutrição, cansaço e febre elevada (CARREIRA; MOURA, 2009).

Esquizofrenia Desorganizada

Apresentam comportamento marcantemente deteriorado, peculiar e infantilizado (DAVIDOFF, 2001, p. 577).
É marcado por sintomas de falta de organização e transtorno de pensamento, incoerente e respostas sociais inadequadas assim como respostas emocionais sem coesão, comportamento bizarro e diferentes tipos de agressividade (CARREIRA; MOURA, 2009).
A tolice caracteriza o comportamento dos esquizofrênicos desorganizados. Eles sorriem abertamente, fazem poses, gestos e caretas. Freqüentemente, passam horas conversando alto consigo mesmos ou com companheiros imaginários. A fala tende a ser incoerente contrário do esquizofrênico paranóide, que tem pensamentos relativamente claros, os pacientes desorganizados raras vezes são orientados precisamente para informações básicas ? quem, o que, onde, quando, como e por quê. Da mesma forma, as alucinações e ilusões são desconexas e inacreditáveis (DAVIDOFF, 2001, p. 577, apud ROMANO, 1977).

Esquizofrenia Residual

É quando os indivíduos com esse transtorno têm pelo menos um episódio prévio de esquizofrenia com sintomatologia psicótica relevante, mas estão se deparando somente com sinais contidos (por exemplo, afastamento, resposta emocionais inapropriadas, pensamento contraditório), diz-se, portanto que apresentam o tipo residual de esquizofrenia. A maioria da população esquizofrênica enquadra-se nesta descrição (DAVIDOFF, 2001).

Esquizofrenia Indiferenciada

Essa esquizofrenia é a mais rara de serem encontrados por apresentar, todos os subtipos que caracteriza as outras esquizofrenias vistas anteriormente, onde o mais comum é apresentar diminuição do nível de consciência e sem mudanças somáticas relevantes (CARREIRA; MOURA, 2009).
Condições que satisfazem os critérios diagnósticos gerais para esquizofrenia, mas que não se adéquam a nenhum dos subtipos acima ou apresentando aspectos de mais de um deles, sem uma clara predominância de um conjunto de características diagnósticas em particular. Essa rubrica deve ser usada somente para condições psicóticas (isto é, a esquizofrenia residual e a depressão pós-esquizofrênica são excluídas) e após ter sido feita uma tentativa de classificar a condição em uma das três categorias precedentes (CID-10, 1993, p.91)

Causas

Atualmente, um número escasso de cientistas duvida que a hereditariedade desempenhe um papel no desenvolvimento de pelo menos alguns distúrbios esquizofrênicos. A evidência vem de varias fontes (DAVIDOFF, 2001, p. 578 , apud, DIEDEREN, 1983 et.al).

Uma fonte são estudos de famílias. Os parentes de esquizofrênicos têm probabilidade significativamente (pelo menos 18 vezes) de ser afligidos por este distúrbio do que membros da população escolhidos aleatoriamente. Em geral, quanto mais próximo o relacionamento genético, maior a probabilidade de dois indivíduos serem semelhantes, concordantes, com respeito à esquizofrenia. Gêmeos idênticos (monozigóticos), por exemplo, têm uma freqüência de concordância cinco vezes maior para o distúrbio que os fraternos (dizigóticos). Formas mais moderadas de esquizofrenia, que são de três a dez vezes mais comuns do que as formas severas, também são especialmente prevalentes entre parentes de esquizofrênicos (DAVIDOFF, 2001, p. 578, , apud KENDLER et al., 1985, p. 578).
Essa patologia é uma doença causada por inúmeros fatores biopsicossociais que se interage entre si, onde cria ocasiões, as quais podem ser adequadas ou não para o a manifestação do transtorno. As causas biológicas aqueles ligados a genética como foi comentado anteriormente ou aquele devido alguma anormalidade das estruturas cerebrais e deficiência em neurotransmissores. Os fatores psicossociais são aqueles que inferem ao indivíduo, do ponto de vista psicológico e de sua influência mútua com o seu ambiente social, como: aflição muito intensa, circunstância de estresse elevado, fobia social e ocasiões sociais e emocionais intensas. Afinal, pessoas com predisposição podem ampliar a doença quando instigados por fatores biológicos, ambientais ou emocionais (GIACON; GALERA, 2006).

Sintomas

Indivíduos esquizofrênicos têm como característica a diminuição ou a perda de associações de idéias, delírio, afeto embotado, riso imotivado ou inapropriado, avaliação, delírios acentuados, deterioração global do funcionamento, associações frouxas, desorganização na construção gramatical, pensamento sem lógica e, principalmente (GIACON; GALERA, 2006).
Para Davidoff (2001) os sintomas de esquizofrenia mudam muito de um individuo para o outro, qualquer individuo chamado de esquizofrênico, provavelmente mostra pelo menos alguns dos padrões durante episódios psicóticos, dentre eles temos a fuga da realidade onde eles se sentem indiferentes e apáticos ao mundo real e preocupados com suas fantasias interiores experiências particulares. Alem disso é encontrado o pensamento desorganizado onde o individuo tem problemas de resolver problemas de maneira lógica, e a suas idéias podem mudar rapidamente de um tópico para o outro, tornando a fala quase incompreensível.
Conforme Giacon e Galera (2006) a esquizofrenia tem a capacidade de apresentar início agudo ou o insidioso, onde possuem características diferentes evoluindo para sintomas próprios. O início agudo tem como característica o aparecimento dos sintomas de forma íngreme, evoluindo para uma degradação se caso não tratados depressa. Tem como principal sintoma a regressão, a confusão e a ansiedade que evoluem para o estado de pânico, episódios de confusão do delírio febril, agitação motora, insônia e modos catatônicos.
Além disso, os indivíduos com esquizofrenia apresentam comportamento bizarro e perturbações da linguagem, onde esse comportamento estranho inclui movimentos pausados, abruptos e lentos e posturas, gestos e maneirismos infreqüentes. A linguagem pode ser tão perturbada quanto o comportamento. Alguns esquizofrênicos tornam-se mudos ou conversam muito pouco, outros divagam quase continuamente. Ainda que a conversa possa ser coerente, é geralmente confusa e incompreensível (DAVIDOFF, 2001, apud MARTIN, 1981, p. 227,).
Conforme o mesmo autor supracitado, freqüentemente, as pessoas têm uma noção de si mesmas como pessoas únicas com uma direção característica na vida. Os indivíduos esquizofrênicos geralmente se sentem embaraçados com a própria identidade, e a maioria se sentem impulsionados por forças externas (DAVIDOFF, 2001, apud MELLOR, 1970, p.18).

Diagnóstico

A análise de esquizofrenia não pode ser feito na apresentação de sintomatologia depressiva ou maníaca evidentes, no entanto que seja claro que os sintomas esquizofrênicos antecederam o transtorno afetivo. Mas se ambos os sintomas, esquizofrênicos e afetivos, se ampliam juntos e estão do mesmo modo balanceados, o diagnostico de transtorno esquizoafetivo pode ser feito, ainda se os sintomas esquizofrênicos tivessem afirmado o diagnóstico de esquizofrenia. A esquizofrenia não deve ser analisada nos sintomas de abstinência de drogas (CID-10, 1993).
A esquizofrenia freqüentemente aparece primeiramente durante o período da adolescência ou inicio da idade adulta. Quando esta condição aparece ao longo de muitos anos, é denominada de esquizofrenia de processo (DAVIDOFF, 2001, p.575).
É importante excluir psicoses epilépticas e induzidas por drogas e lembrar que os delírios persecutórios podem receber pequeno peso diagnóstico em pessoas de certos países ou culturas (CID-10, 1993, p. 89).
Pode ficar claro que uma fase que uma fase prodrômica na quais sintomas e comportamentos, tais como perda de interesse em trabalho, atividades sociais, aparência pessoal e higiene, juntos com ansiedade generalizada e graus leves de depressão e preocupação, precedeu o início dos sintomas psicóticos durante semanas ou mesmo meses. Por causa da dificuldade em determinar o início, o critério de 1 mês de duração aplica-se somente para os sintomas específicos e não para qualquer fase prodrômica não psicótica (CID-10, 1993, p.87) .
O que se exige é que para se ter um diagnóstico de esquizofrenia é necessário pelo menos um sintoma evidente, como irradiação do pensamento ou delírios persistente de outros tipos que são culturalmente paradoxal e completamente impossíveis, assim como alucinações constantes de qualquer modo, discurso sem coesão, mutismo, sintomas negativos, como apatia acentuada, diminuição do comportamento social; deve ficar evidente que esses sintomas não derivam de depressão ou administração de medicamentos neuroléptico. Devem estar ratificados pela maior parte do tempo durante 1 mês (CID-10, 1993).

O Diagnóstico Diferencial

Delírios depressivos

No delírio depressivo é principal que se observe, em primeiro lugar, o elo vital do paciente, que está enfraquecido. "Tudo está ruim", não há encanto, o paciente não ter fé em cura, nega esta probabilidade, chega a recusar até mesmo o corpo as desempenho(variante de Codard).Em grande parte dos desvario depressivos o paciente está torporoso ou semitorporoso, conversa por monossílabos, tem fácies amargurada, a movimentação contraída ou negativística. No desatino depressivo franco, especialmente em pacientes que já estão na meia-idade, pode haver um item de prejuízo, de destruição e de culpa. O paciente está com emoção de tristeza, anseio de chorar, e é como se a vontade de chorar, a emoção longa de amargura, "puxasse", convidasse, um acompanhamento depressivo contínuo. "Eu só medito coisa ruim", "só indico coisa ruim", ou seja, há uma constelação de blocos ideoafetivos de contento hipotímico pejorativo. O paciente se sente atenuado,não amado, sem ter "lugar no mundo". Entretanto, ao oposto do esquizofrênico, em nenhuma ocasião ele sente que perdeu o domínio do eu, que sua agilidade do eu foi usurpada por um "alien", alguém de fora. No delírio depressivo estão invadidos os seguintes elementos: culpa, prisão ao passado, deficiência de futuro, olhar discriminador do outro, esgotamento de corpo e do espírito (CAIXETA, 2005).

Delírios sensitivos

O paciente sensitivo, no sentido de Kretschmer, sente-se enfraquecido, ou por um fator anatômico, sexual, social, familiar, ou mesmo por um abatimento (ou tudo isto junto). No delírio sensitivo há também a aparência da idéia prevalente, talvez porque a obsessão,assim como o desânimo, acompanhem a baixa de serotonina,e há muita ajuntamento da sensitividade com o esmorecimento e com idéias obsessivas ou prevalentes (CAIXETA, 2005).

Delírios interpretativos orgânicos

O doente vai ter intenção de cogitar a casualidade do que acontece em seu cérebro para fora dele, daí a explanação do que dar-se no meio externo. Isto também ocorre com o esquizofrênico, mas neste derradeiro caso o paciente também não reconhece a identidade de alguns dos próprios procedimentos mentais como pertencente a si mesmo (CAIXETA, 2005).

Delírios das psicoses agudas

Se o desvario maníaco tem como base a elevação vital e o delírio depressivo tem como base a amargura de um ego desvitalizado, o "núcleo" do desatino da psicose perplexa-ansiosa do tipo de Corad é a vivência inquieto, oniriforme, a experiência de um "pesadelo acordado", com toda ansiedade de sair dele ou de controlar o rumo dos acontecimentos catastróficos e terríveis que acontecem dentro dele (CAIXETA, 2005).

Como se sabe é o sentimento de exaltação vital, da elevação do humor. Isto se manifesta em idéias megalomanácas, projetos de grandeza, muita atividade. No entanto, nem sempre o paciente está muito agitado do ponto de vista psicomotor. Nestes casos o médico tem de estar muito atento para saber "ler nas estrelinhas". Uma de nossas pacientes aparentava calma, demonstrava os seguintes comportamentos: evitava apertar a mão do médico, fazendo um jogo lúcido como se fosse uma criança imitando medo de adulto; ás vezes arregalava os olhos, como se tivesse com medo,aterrorizados, dizendo para a mãe; "estou com medo dele". Também demonstrava alguns delírios bizarros; dizia, por exemplo: "meu lado esquerdo está seco, mecheram no meu coração". Mas isso se explica porque o paciente é evangélico e em sua igreja há muitos comentários sobre o lado esquerdo (diabo, bode) e direito (Jesus, cordeiro). No delírio maníaco,ao contrário do que se pensa,nem sempre há alegria (CAIXETA, 2005, p. 130).

Assistência de enfermagem

A avaliação e a assistência devem ser feitas por uma equipe de vários profissionais, derivada de no mínimo um medico psiquiatra, terapeuta ocupacional, enfermeiro com especialização em psquiatria e assistente social, é necessário que se oriente o paciente quanto ao uso dos medicamentos e seus efeitos colaterais, verificando-se o uso correto dos medicamentos, programar avaliações biopsicossociais com atenção às características culturais do cliente, criando e implementando projetos para melhorar as condições de saúde do paciente e de seus familiares, aconselhar paciente e familiares sobre aspectos da doença, do tratamento e recursos disponíveis, além disso é necessário manobrar e classificar sistema de integração de cuidados que integrem as necessidades do cliente e da família, promovendo um atendimento e uma melhor concordância da doença, o que tem como conseqüência a melhor aderência ao tratamento e uma melhor reabilitação social, instigar os pacientes esquizofrênicos a participar das atividades em grupos, exercícios físicos, lazer, dentre outros, ressaltando a importância das visitas domiciliares, verificando a interação do paciente com sua família e a sociedade (GIACON; GALERA, 2006).

Tratamento

Não tem cura definitiva para os indivíduos portadores da esquizofrenia, mas eles podem ser beneficiados pela administração de medicamentos que pode ser antipsicóticos para diminuir os episódios de alucinações e delírios, existe também a terapia familiar e em casos mais crônicos a eletroconvulsoterapia. Esses tratamentos podem ser desenvolvidos no hospital ou não, dependo da gravidade da doença. Atualmente preconiza-se que o paciente só seja internado em surtos agudos, onde a gravidade desses surtos deve ser reconhecida e não pode ser tratada em ambulatórios, no consultório médico ou em sociedades terapêuticas. As internações devem obedecer a critérios e de curta duração (FIGUEIREDO; VIANA; MACHADO, 2008).
Em pacientes com quadro de alucinações e psicose os medicamentos mais usados são os antipsicóticos típicos como haloperidol, clorpromazina e os atípicos como clozapina, risperidona e olanzapina. . Onde sua vantagem está em não desenvolver efeitos consideráveis nos valores da pressão arterial e no ritmo cardíaco, bem como não predispõe o paciente a convulsões. É importante salientar que permite o controle da agitação em pouco tempo (BRASIL, 2003).
É importante que se saiba que não é somente o tratamento farmacológico que apresenta eficácia terapêutica, e que existem também planos para a aceitação do tratamento como: ficar ao lado do paciente durante as alucinações, na tentativa de trazer para a realidade, onde se ele pedir a confirmação dos fatos que são vistos por ele é imprescindível que se deixe claro que as alucinações só é dele. Aconselhar a socialização e a participação em atividades terapêuticas. Manter vigilância constante e controlada devido aos períodos de delírios e alucinações, que podem resultar a um quadro de agitação psicomotora. Ficar atento à comunicação verbal e não verbal (FIGUEIREDO; VIANA; MACHADO, 2008).
O ajuste de antipsicóticos com benzodiazepínicos tem sido uma escolha para abrandar a dosagem do primeiro. Os benzodiazepínicos podem ter como conseqüências excitações paradoxais em alguns pacientes, mas a sua utilização para a terapêutica de agitação vem acatando ao propósito da terapia (BRASIL, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo nos fez certificar que ainda existe muito a ser explorado no âmbito das pesquisas científicas, dando ênfase à intervenção de enfermagem, entendendo ser de suma importância o conhecimento da patologia, tão quanto suas formas e tratamento, para os profissionais da enfermagem. Entendendo a esquizofrenia ser uma patologia que atinge uma quantidade significante da população, tomando como ponto de partida a gravidade do quadro se não diagnosticado precocemente.
A esquizofrenia assim como outras doenças mentais, não tem ainda a atenção básica devida, o que causa uma grande dificuldade para o portador, para a família e também para o profissional de saúde.
Mediante o que foi visto durante todo o trabalho, esse foi de grande valia, enquanto graduandas em enfermagem, levando-nos a uma compreensão mais ampla da patologia envolvida, assim como do seu diagnóstico, sintomas e tratamento.
REFERÊNCIAS
BALLONE, G. J. Esquizofrenias in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br, atualizado em 2008.

BRASIL, Ministério da Saúde, Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília, 2003. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pae_cad7.pdf Acessado em: junho de 2010.

CAIXETA, M. Psicologia Patológica. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2005, p. 130.

CASTRO, S. A; FUREGATO, A. R. F. Conhecimento e atividades da enfermagem no cuidado do esquizofrênico. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2008.
Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID ? 10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, p. 85-91.
CARREIRA, G. O; MOURA P. A. S., Esquizofrenia: Uma abordagem geral, com enfoque na assistência de enfermagem e familiar, 2009. Disponível em: http://www.webartigosos.com/articles/26876/1/ESQUIZOFRENIA-Uma-abordagem-geral-com-enfoque-na-assistencia-de-enfermagem-e-familiar/pagina1. Acessado em: maio de 2010.
DAVIDOFF, L. L., Introdução à Psicologia. 3 ed., São Paulo, Editora Pearson Makroon Books, 2001, p. 576-578.
FIGUEREDO, N. M. A.;VIANA D. L.;MACHADO C. A.; Tratado prático de enfermagem, 2 ed., São Paulo, editora yendis, 2008.
GIACON, B. C. C; GALERA, S. A. F. Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem USP, 2006.
MARCONI, M. A; LAKATOS, E.M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
TAYLOR C.M., Fundamentos de enfermagem psiquiátrica de Mereness. 13ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1992.


Autor: Josele Matos


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