Guia do caráter



Adaptando Leo Talamonti
somos poucos.
Lógico que híbridos,
misturados.
A diferença está na dosagem.

A grande maioria é
derrotado,
gente que perdeu,
apanhou e não levantou.

Um largado
quer um real,
uma vinte, uma promessa.
Ainda não perdeu tudo,
ainda não ganhou nada,
não liga para o tempo,
não está aí.

O pior é um pegajoso.
Quanto mais bafudo e fedorento,
porco,
mais perto da sua cara
ele fala alto
e despeja perdigotos.
Abraça, pede,
desconversa se a gente briga,
não perde a pose,
nunca desiste.

Um cri-cri tem certeza
de sua certeza
e odeia
a burrice espalhada pela multidão.
Parece mais velho do que é,
tem a testa enrugada,
o coração ressecado.

Um sistemático costuma
ter seu copo,
seu litro separado.
Paga sempre da mesma forma,
bebe sozinho sua bebida
mesmo conversando.
Bebe a cerveja que não é
a preferida no bar.
Cambaleia ensaiado.

Um de lua,
hoje simpático,
amanhã quieto, amargurado,
depois quem sabe.
Fases só de cerveja,
outras de cachaça,
conhaque, vodca, vermute.
Às vezes dá sorte,
porque a procura.

Para um gatão
nem o álcool é problema.
Quanto mais bebe,
mais come
a mulher de todo mundo.
Experiente, charmoso, vivido,
geralmente encara
feito velhos caubóis.

E há um que repara
em todos e em si,
filósofo.
O álcool tende a apaixoná-lo
pelas próprias teorias.
Confunde o prazer
do conforto filosofal
com o hábito de botequim.
Perde o presente
em prol de um entendimento
geral, maior, mais completo
e inalcançável.

26.05.2010

Autor: Roberto Jr Esteves Siqueira


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