A Casa Do Cleber



Todo mundo zoava com a casa do Cleber, mas mesmo assim ele sempre insistia em fazer as festas de final de semana na sua casa. Começava bem, mas depois que a bebida ia batendo na cabeça, as coisas saiam do controle. Abriam o guarda roupa, mexiam nas roupas, chafurdavam nos armários e geladeira.

Fechavam-se no quarto, apagavam a luz e quebravam-se na porrada, com socos e chutes distribuídos a esmo. Na festa derradeira, o alvo foi um aquário com bomba de ar, pedras transparentes, navio e homem de escafandro no fundo, cheio de peixes grandes e coloridos a nadar em sua água cristalina. Cada um que passava por perto entornava um gole de cachaça na água. Não demorou muito para os peixes começarem a boiar.

Cleber ficou muito bravo, começou a mandar todo mundo embora, tirou uma vassoura de trás da porta e distribuiu umas pauladas. Teve neguinho que não gostou e revidou. Logo, a festa inteira estava esmurrando o Cleber. No chão, já meio desmaiado, ouvia o som dos chutes em suas costelas e sentia as bordoadas na cabeça. Quando acharam que o corretivo estava de bom tamanho, foram embora, mas não sem antes zoar mais um pouco. Jogaram álcool e meteram fogo na sua bicicleta. Um outro cagou no meio da cozinha e começou a espalhar bosta pra tudo que era lado.

Hoje, Cleber é jornalista mas não consegue emprego em jornal, revista, telemarketing. Trabalha como caixa em uma rede de fast food e toma remédios para insônia. Sozinho e com medo espera o sol romper a madrugada para então rumar à sua casa.

Autor: Ldasq


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