Dr. Salut II
Aconteceram dois fatos que sempre me punirei. Quando namorávamos, eu sempre fui fiel a ele, mas ele insistia em me ver como alguém não confiável, talvez pelo jeito brincalhão que eu tinha na época, não sei dizer... Minha tia me pediu para pedir um dinheiro emprestado a uma amiga da mamãe no nome dela, e eu aceitei, já que minha tia ia devolver o dinheiro dois dias depois, mas isso não aconteceu, e eu não queria que minha mãe soubesse, e como eu não tinha dinheiro para pagar, pedi emprestado a um colega chamado Rui, era um senhor muito bacana comigo, e eu trabalhava em um supermercado na época, então fui a casa dele para buscar o dinheiro, pois ele não tinha lá no trabalho, mas como eu trabalhava no ultimo horário, cheguei muito tarde em casa e minha mãe brigou comigo e eu tive vergonha de dizer o que tinha feito tanto pra ela quanto pra ele, ele acreditou que eu estava fazendo alguma coisa imoral. No outro dia ele foi a minha escola e falou algumas coisas que me deixaram muito triste e então eu disse que me ajoelharia para ele, para ele acreditasse em mim, que eu não estava fazendo nada de errado, eu só não queria falar a verdade, pois eu sabia que eu tinha feito uma coisa vergonhosa, então me ajoelhei em plena avenida lotada e ele ficou lá, sério, como se mesmo assim não acreditasse, isso doeu mais do que se possa imaginar.
Guardei isso no coração, existem coisas que guardamos nos corações que o melhor é que nunca saiam, mas isso não aconteceu comigo.
Brigas e mais brigas.
Um dia minha prima me convidou para acompanhá-la a um jantar, pois ela não queria ir sozinha, aceitei, quando estávamos na parada de ônibus, ele e meu irmão apareceram, ficamos conversando e quando o ônibus apareceu subi junto com minha prima, ele não quis largar minha mão, então o ônibus seguiu e eu fui puxada por ele, aquilo foi crucial para minha decisão final, minha mãe e eu chegamos a conclusão de que era hora de deixá-lo, então começou o sofrimento dele.
Ele me implorou, se ajoelhou, me perseguiu, chorou varias vezes, mas eu estava irredutível, não queria mais, na verdade, tinha medo , raiva, ele estava fora de si.
Uns quinze dias depois eu acho, eu beijei um rapaz, foi só um beijo, colega do meu irmão, qual o motivo não sei dizer, só sei que foi somente aquela noite, eu não podia, ainda gostava do Giba, mas não conseguia voltar pra ele, solidão, raiva, sei lá, só sei que beijei e ele viu, chegou em casa desesperado, quebrando quase tudo que via pela frente. No outro dia soube pela irmã dele.
Ele se humilhou pra mim durante um ano, mas eu não queria mais aquela vida.
Perdi contato, troquei de caminho, larguei o trabalho e fiquei só estudando, e todos da casa dele se mudaram, e eu ignorava o paradeiro dele, depois de quinze anos é que soube que ele ficara na casa por dois anos, se matando por mim causa.
Não sei que tipo de pessoa eu sou, só sei que eu nunca o esqueci, mas me pergunto por que deixei tanta coisa ruim acontecer? Por que não consegui ser madura? Por que não o ajudei? Será que o fato de ter dezesseis anos pode ser levado em consideração? Ele acha que não.
Quando soube que ele ia se casar, já estávamos cinco anos separados, mesmo assim, foi um choque, bebi e fui à casa de uma pessoa que até então eu considerava amigo, eu estudava com ele, lá fui me deixando levar, até conversei com ele sobre o Giba, mas o que eu não previa, acabou acontecendo, mas uma vez, eu me condenei.
São coisas que ele nunca esqueceu, o fato de eu ter sido desse colega do qual ele nem cita o nome e de ter me visto me beijando com outro pouco tempo depois da gente ter terminado.
Durante os meses que ficamos juntos, foi o céu e o inferno pra mim, eu fui feliz, muito feliz com ele, mas ele também me massacrou por ainda sentir o passado tão presente em sua mente.
A verdade é que mesmo implorando para ele não me deixar, ele fez igual ao que eu fiz com ele, ele não retrocedeu, e agora minha dor voltou, o que senti com a falta dele, agora volta com o desprezo que ele sente por meu passado.
Podem até se perguntar, mas ele também não casou? Não constituiu família? Não teve outra pessoa também? A resposta é sim, mas eu não tenho desculpas, eu impus isso a ele, quando decidi não querer mais.
Hoje estamos separados, oito meses de perfeito amor, oito meses como da primeira vez. Eu sem ele, ele sem mim.
Essa dor precisa passar, precisa...
Autor: Ana Monteiro
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