Impactos da Utilização da Informática na Educação



IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
MALCHER. LUCILA D
Resumo¾ A revolução tecnológica dos últimos 30 anos veio causar um descompasso entre a educação tradicional e as novas ferramentas apresentadas por aquela revolução. A escola, principalmente a pública, ficou seriamente comprometida em vista dessa situação. Ou a educação se adaptaria às novas tecnologias ou se tornaria um ente marginal frente a essa nova proposta. O estado está procurando recuperar este tempo perdido com políticas públicas de implantação de informática na educação, mas muito tem que ser feito para que a escola consiga caminhar em mesma freqüência com as atualizações tecnológicas.

No meio educacional existe uma assertiva que garante que os conhecimentos adquiridos por uma pessoa no início de sua vida profissional serão obsoletos no final de sua carreira. Isso implica dizer que a velocidade do avanço da tecnologia gerou uma necessidade de aprendizado constante e uma mudança na metodologia de transmissão de conhecimentos que acompanhasse o avanço tecnológico. Bem sabemos que o aparato escolar público, com sua burocracia emperante, não estaria pronto para receber essa nova realidade. Os passos largos da caminhada tecnológica certamente deixariam, em muito, para trás a realidade escolar tradicionalista. Algo teria que ser feito para que o descompasso não causasse um abismo entre os dois pontos.
A partir da primeira metade da década de 90, uma mudança tecnológica crucial veio desencadear uma revolução: o acesso democrático à informação. Com a invenção, nos anos 70, dos microchips, veio então a possibilidade de encolher todos os circuitos de processamento para tamanhos cada vez menores, fazendo do computador pessoal uma ferramenta mais poderosa do que os IBM de andar inteiro do início, e permitindo que os profissionais das nações industria-lizadas tivessem acesso instantâneo a bancos de dados mais abrangentes que a maior biblioteca de livros já reunida. Tinha-se início já ali, a nova era da informação. A facilidade de aquisição destas máquinas, até então caríssimas, levou a sociedade a encarar o microcomputador como uma forma de ampliar os seus domínios no campo da informação.
Com essa nova realidade surgiu então o jargão aprendizado permanente, que vem a ser um novo conceito no mercado de trabalho resultante da rápida obsolência dos conhecimentos técnicos devida aos constantes avanços em áreas de computação, engenharia genética, administração de empresas etc. Até a década de 80, as universidades eram vistas como locais de instrução definitiva, exatamente como na época em que foram criadas. Hoje, o profissional que não se mantém atualizado com novos softwares, sistemas e tecnologias, corre o risco de se ver completamente defasado poucos anos depois de formado, necessitando adotar o hábito da apren-dizagem permanente para poder continuar capaz de acompanhar as transformações do mercado, pois o aprendiz permanente é o curioso permanente, movido pelo prazer da descoberta e pela coragem de descartar antigas formulas.
O papel da educação é fundamental no enfrentamento do maior desafio atual da humanidade. Nossas escolas estão preparando os jovens para exercer funções que possivelmente não serão mais necessárias, e o número de vagas disponíveis não será suficiente para empregar a próxima geração. As profundas transformações tecnológicas e econômicas terão que nos fazer repensar o papel da educação para os próximos anos. Precisamos preparar a próxima geração para a ajudar a criar uma sociedade civil responsável e solidária, que exerça plenamente a cidadania.
Com essa necessidade de aprendizado permanente surge uma nova classe de pessoas, o ignorante cibernético. A revolução tecnológica em curso, cujo impacto já é possível mensurar, transforma de maneira profunda o que hoje conhecemos como civilização. Daqui a alguns anos, não mais que duas décadas, um grande distanciamento estará sendo definitivamente escavado, separando de um lado, uma elite de conectados e, de outro, uma legião de analfabetos digitais. Neste início de terceiro milênio, o paradoxo está de novo em marcha, dessa vez diante da chamada revolução digital, criada pelo advento do computador e da internet. O seu impacto deverá ser ainda maior e mais profundo do que as transformações tecnológicas dos últimos duzentos anos. A poderosa união do pro-cessamento de dados com as comunicações a distancia afetará também, e talvez principalmente, a capacidade de aprender, pensar e criar pessoas. Do ponto de vista social, no entanto, a maior mudança tecnológica da segunda metade do século ficou muito aquém das expectativas. É emocionante observar como a massa de excluídos, quando tem oportunidade de pôr as mãos sobre um computador em rede, compreende bem que o mundo digital é muito mais do que um simples meio de ganhar dinheiro.
O governo brasileiro está empenhado em reduzir essa massa de excluído digital. A nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação, Lei nº 9.394/96, em seu art. 27, abre caminho facilitando as práticas inovadoras quando estabelece diretrizes para os conteúdos curriculares, isso instituiu um desafio em poder transformar as chamadas grades curriculares, que na educação são como uma prisão, onde alunos são meros telespectadores que não podem interagir com o conhecimento estabelecido. Um dos programas que o governo criou foi o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, o FUST, composto de 1% do faturamento das empresas de telecomunicações, que em troca, pagariam menos impostos. A idéia é que esses recursos sejam utilizados para promover a uni-versalização dos serviços de telecomunicações e combate à exclusão digital. Parte desta verba deverá ir para bibliotecas públicas, centros de divulgação cultural e científica e organizações da sociedade civil que tenham um acervo de pelo menos 500 livros na estante. Estima-se que esse programa possa alcançar quatro mil bibliotecas, cinco mil organizações da sociedade civil e 500 centros de referência cultural e científica.
Também se beneficiam as escolas de ensino fundamental e médio, e o sistema de saúde. Segundo o MEC, o programa tem um balanço positivo, apesar de ainda restrito às escolas de ensino fundamental: já teriam sido distribuídos cerca de 30 mil computadores para 2.845 escolas e mais de 20 mil professores teriam sido capacitados para coordenar o processo de inclusão digital.
Muito embora exista um empenho por parte do governo, o distanciamento entre as escolas públicas e privadas, no tocante aos processos de informatização, a diferença é alarmante. Existem escolas privadas com um aparato tecnológico digno das produções de ficção científica, o que só vem a ratificar que a exclusão digital também é reflexo da exclusão econômica.
A introdução da informática no contexto escolar, de certa forma, mexe com as incertezas, põe em cheque metodologias que já estão arraigadas no cotidiano escolar. Isso pode ser um fato positivo, pois exige novas reflexões e novas posturas frente à educação como um todo.
Nesta nova perspectiva, a busca do conhecimento deixa de ser somente tarefa do professor e transformam-se num vasto esforço cooperativo em que todos, cada um dentro de suas especificidades desempenha papéis, tanto os educadores, quanto os educandos.
Ultimamente a escola vem vivenciando os primeiros passos na construção de ações compartilhadas, a fim de romper as ações isoladas através de construção coletiva de projetos contextualizados em subprojetos envolvendo os vários setores e áreas do conhecimento, buscando assim, uma postura interdisciplinar quer transcenda a modalidade multidisciplinar.
Do ponto de vista pedagógico, o computador não é mais visto como um instrumento ou máquina que ensina, mas como um alicerce que permite ao aluno criar e desenvolver seu próprio conhecimento e habilidades.
O ganho do computador em relação aos demais recursos tecnológicos, no âmbito educacional, está relacionado a sua característica de interatividade, à sua grande possibilidade de facilitar a aprendizagem, uma vez que implementa um novo paradigma pedagógico, no qual os alunos passarão a atores do seu processo de construção do conhecimento. Um exemplo dessa interatividade são os softwares educacionais, que têm sido muito utilizados por oferecerem um aprendizado interativo, procurando fixar conteúdos curriculares através de simulações de situações do dia-a-dia e, por conseguinte proporcionar um aprendizado dinâmico e significativo.
Apesar de muitos benefícios, a implementação dessa nova proposta pedagógica no âmbito educacional, tem encontrado alguns entraves e a capacitação dos professores é um deles.
Dentro desse novo contexto os professores deverão estar aptos a assimilar e utilizar esta tecnologia como forma de repensar e melhorar sua prática. Para tal, no entanto, é necessário priorizar investimentos para que essa capacitação ocorra.
Deve-se salientar que o professor não perderá seu lugar para o computador, mas sim para outro professor que se utilize de forma mais efetiva as tecnologias para dinamizar sua ação.
Os impactos da informática na educação são muitos, preenchem todo o espectro do admissível. Podem ser benéficos ou maléficos. Maléfico para àquela classe cada vez mais excluída, vítima de um modelo econômico nada humanizador, que beneficia cada vez mais as classes mais abastadas, causando um distanciamento cruel. Benéfico porque proporciona uma interatividade cada vez maior e possibilitando a ultrapassagem de obstáculos em intervalo de tempo cada vez menores. Não devemos esquecer que o conhecimento crítico, aquele conhecimento mínimo necessário, causador da diferença entre o ignorante e o excluído é o que vai fazer a diferença principalmente no despertar da criatividade, deve, ainda, ser o conhecimento essencial, aquele que juntamente com o auxílio das novas tecnologias enriquecerá ainda mais o processo de educação, não deixando assim, que aquele que aprende não seja um autômato, mas sim um agente no processo.
Referências Bibliográficas
Dimenstein, Gilberto. (2000). Aprendiz do futuro Ática, SP.
Dieguez, Flávio. (2001). Revista Educação, Ano 28, nº 248. p.29-36.
Revista Profissão Mestre (2002). Ano 3, nº 32. p.22-24.

Autor: Lucila Diniz Malcher


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