Arquitetura Organizacional



Arquitetura Organizacional consiste em uma visão muito abrangente do processo de construção ou reestruturação de uma organização, dos elementos dos sistemas sociais e de trabalho que formam uma empresa. Isto permite a criação de uma organização adequada ao meio em que concorrerá, harmônica, que visa o equilíbrio holístico entre os elementos materiais e não matérias, constituintes do projeto de criação, e com elevada plasticidade, frente as possibilidades mutantes do mercado concorrente.
A Arquitetura Organizacional pede emprestados, conceitos da arquitetura física, como forma de estruturar o processo de criação de organizações. Logo a definição de arquitetura em sua forma mais ampla se faz necessário.
Para os gregos arquitetura é uma estrutura que se distingue do que é apenas prático, habitual, pela sua escala de finalidade. Segundo Janson (apud NADLER et al, 1994) é a "arte de modelar o espaço segundo as necessidades e aspirações humanas". "A arquitetura limita o espaço para que possamos habitá-lo, criando estruturas em torno de nossas vidas" (RASMUSSEN, apud NADLER et al, 1994). Pode-se então definir arquitetura "como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa" (COSTA, apud NADLER et al, 1994).

Analogia entre as arquiteturas
A analogia entre a Arquitetura Física e Arquitetura Organizacional, se estabelece na função que ambas exercem, de transformadoras do meio, adequando-o as necessidades da organização, valendo-se, para isto, de harmonia e elegância. Para o correto entendimento da Arquitetura Organizacional, alguns fatores essenciais, que caracterizam e diferenciam a Arquitetura Física, de outras ciências, são necessários, tais como:
? O primado da finalidade: o princípio que "a forma segue a função". A forma de um projeto arquitetônico ou organizacional deve sempre seguir a função ao qual ele se destina. Para a definição da forma adequada de uma organização é muito importante que reavaliem a finalidade estratégica e a missão básica.
? A adequação arquitetônica: ter um "estilo arquitetônico capaz de realizar a visão do arquiteto, satisfazer a exigência da situação e as necessidades das pessoas que vivem essa situação" (NADLER et al, 1994). Nas organizações é preciso a adequação entre modelagem dada à empresa e fatores como os planos dos executivos e gestores, os padrões culturais inerentes à organização, forças econômicas, políticas e sociais.
? O conceito de materiais estruturais: os arquitetos apenas usam materiais capazes de implementar a arquitetura deseja. Nas organizações, novos materiais, como a tecnologia da informação, propiciam novas arquiteturas até então inimagináveis. É preciso haver adequação entre o novo material e o projeto que se deseja construir.
? As tecnologias colaterais ou paralelas: para executar um projeto arquitetônico um arquiteto lança mão de saberes secundários, para concentrar-se nos saberes fundamentais do projeto. O mesmo ocorre com os executivos e gestores. Eles no decorrer da elaboração do projeto de suas organizações, precisão recorrer a tecnologias colaterais, pois a eficiência das empresas depende, diretamente, desses conhecimentos para que se realizem funções básicas
Assim, a palavra arquitetura é extremamente adequada e pertinente ao termo Arquitetura Organizacional, pois: exprime a tendência de construção ou reestruturação, estimulando uma visão holística do projeto, possibilitando uma visão abrangente dos elementos dos sistemas social e de trabalho, e a adaptando a organização a um meio competitivo, mutante, onde as velocidades das inovações crescem a cada dia.
A idéia de arquitetura incita a adequação entre organização e meio, propondo a harmonia entre os elementos constituintes do projeto, como pessoas, recursos materiais e informação, contribuindo com a necessidade de flexibilidade e plasticidade da organização no espaço, através da mudança de sua estrutura e desenho organizacionais.

A importância do equilíbrio
Logo, ao valer-se dos conceitos propostos pela Arquitetura Organizacional, na elaboração de empresas, podem-se, alcançar, organizações de alto desempenho. Para isto, segundo Nadler et al. (1994), duas perspectivas devem estar presentes: a primeira é o binômio arquitetura/estratégia, isto é, como a arquitetura adotada permitirá à organização realizar sua estratégia; e a segunda é o binômio arquitetura/cultura: ou seja, como a arquitetura harmonizar-se-á com os indivíduos que trabalham na organização.
As organizações devem ser vistas como sistemas que interagem entre si e com o ambiente externo. É imperativo o ajuste entre componentes organizacionais como pré-requisito de eficiência, enfatizando a congruência dos seguintes elementos: trabalho, pessoas, organização formal (procedimentos e regras formais) e organização informal (estruturas e procedimentos que surgem enquanto a organização opera).
De acordo com Araujo (2007), para a criação ou reestruturação de organizações, com objetivo de alcançar empresas de alta performance, é necessário que haja um equilíbrio entre os Sete Cs: clima bom; criação conjunta; comprometimento; confiança; comunicação; celebração e correção do curso; e conexão.
Araujo (2007) sugere os seguintes passos para encaixar a organização nos Sete Cs, são eles:
Passo zero: introdução dos conceitos na organização;
Passo 1: diagnóstico, no qual se avalia e compreende a posição atual da empresa no mercado;
Passo 2: propósito, valores e visão são estabelecidos dentro da organização;
Passo 3: investigam-se as tendências presentes no ambiente externo à organização as quais podem afetar seu desempenho;
Passo 4: finaliza-se o projeto de visão de futuro que se deseja alcançar;
Passo 5: traça-se uma espécie de mapa de transição gerencial que indicará os pontos prioritários a serem tratados dentro da organização, ressaltando o que deve ser mudado e justificando o que deve ser mantido.
Passo 6: consenso e alinhamento precisam ser desenvolvidos entre membros da organização para que a visão possa tornar-se realidade;
Passo 7: esta é a etapa em que se transforma visão em ação;
Passo 8: a comunicação dentro da empresa precisa, aqui, servir de instrumento de divulgação e afirmação do novo projeto organizacional;
Passo 9: é a hora de celebrar as vitórias e corrigir eventuais falhas;
Passo 10: garantir a construção de um clima favorável à mudança, atendendo às necessidades e expectativas de clientes e ambiente externo.

Arquitetura STAD ? Sistema de Trabalho de Alto Desempenho
A princípio, a implantação da Arquitetura Organizacional, pode parecer uma tarefa difícil e em alguns casos inviável, tanto pelos obstáculos internos, quanto pelos externos, aos quais a organização deverá transpor.
No entanto, as organizações que adotam o STAD ? Sistema de Trabalho de Alto Desempenho ? podem ser consideradas como exemplos da aplicabilidade, e eficácia, da Arquitetura Organizacional. Essas empresas permitem a reunião, caracterizada pela congruência, entre os elementos fundamentais da organização como, oferecem a oportunidades de aperfeiçoamento extraordinárias para as organizações, permitindo alcançar resultados excepcionais e respostas imediatas às exigências dos clientes e outras demandas.
Arquiteturas características pelos STADs constituem uma maneira de refletir sobre a organização, através deu uma série de princípios para projetar organizações, permitindo a consideração de uma variedade de características específicas de cada projeto organizacional.
As organizações de STAD apresentam princípios associados a sua implantação tais como: um projeto focalizado no cliente e no ambiente; unidades com poder de decisão e autônomas; direção e metas claras; controle de variação na fonte; integração sociotécnica; fluxo de informação acessível; funções compartilhadas e enriquecidas pelo intercâmbio; práticas de recursos humanos que delegam poder; estrutura, processo e cultura administrativas que delegam poder; capacidade de reprojetar.
Assim, fica evidente, para as empresas que adotarem esta Arquitetura Organizacional, a possibilidade de redução de custos, melhoria da qualidade de seus produtos ou serviços, aumento da motivação interna, diminuição da rotatividade e absenteísmo, acréscimo de conhecimento e ampliação da capacidade de adaptação ao meio.

Conclusão
Assim, a Arquitetura Organizacional propõe que a empresa seja vista como objeto de um processo de criação e construção, à semelhança do que ocorre na arquitetura física. Ao valer-se de fatores utilizados pela arquitetura física, a Arquitetura Organizacional, nos presenteia com elementos como: harmonia, adequação e flexibilidade.
Preocupada com o Desenho Organizacional, diante das pressões competitivas modernas, a arquitetura identifica como pontos chaves, para projetar ou reprojetar a organização, a estrutura formal, o projeto de práticas de trabalho, a natureza da organização informal ou estilo de operação, e os processos de seleção, socialização e desenvolvimento de pessoal.
Arquitetura Organizacional aconselha a construir novas práticas que tornarão a empresa ágil o suficiente para gerenciar as transições globais que acontecem. "A Arquitetura Organizacional ajuda a mover a organização para ter uma alma completamente nova. Não se trata apenas de sobreviver às ameaças de futuros inimigos, trata-se de ficar mais fortes que eles" (PARTHER, Opus ARAUJO, 2007).
A Arquitetura Organizacional reformula o Desenho Organizacional e a Estrutura Organizacional, criando hierarquias horizontais, buscando o trabalho em equipe e para as equipes mais autonomia, permeando a organização com informação, motivando e treinando os colaboradores, aumentando, assim, a crença do poder de uma nova empresa, competitiva e forte no mercado.

Bibliografia
? NADLER, David A.; GERSTIN, Marc S.; SHAW, Robert B. Arquitetura Organizacional: a chave para mudança empresarial. Rio de Janeiro: Campos, 1994.
? ARAUJO, Luis C. G. Organizações Sistemas e Métodos e as Tecnologias de Gestão Organizacional. Volume 2. São Paulo: Atlas, 2007.

Autor: Edward Barbosa


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