Agricultura Familiar



A agricultura praticada em pequenas propriedades brasileira conta com novos e consistentes números. Em estudos recentes realizados pela FAO (Organizações das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), indicam um total de 4,3 milhões de estabelecimentos rurais com perfil familiar e 1,4 milhões de natureza patronal. As pequenas propriedades ocupam aproximadamente 14 milhões de pessoas (56% do ativo total) e são responsáveis por quase 30% do valor da produção agropecuária nacional. Por sua vez 30% das pequenas propriedades já se encontram em uma posição de razoável nível tecnológico, com acesso ao crédito e a outros serviços de apoio e também bem integrado ao mercado. Os 70% restantes oferecem indiscutível potencial de viabilidade econômico-social, desde que lhe sejam direcionadas políticas públicas diferenciadas em apoio as suas necessidades e recursos.
Ainda, segundo a FAO, aproximadamente 80% dos agricultores do tipo familiar utiliza na fase produtiva a mão-de-obra familiar, tem restrições tanto de qualidade quanto de quantidade de terra para cultivar, pouco grau de instrução, baixa organização e uma oferta de tecnologia que não lhes permite reverter essas condições adversas. É sugerido também que a inadequação das tecnologias à disposição desses agricultores tem sido atribuída à falhas na leitura da realidade por parte dos pesquisadores, que via de regra, definem os temas de pesquisa fundamentados principalmente em motivações pessoais.
A importância da tecnologia no processo de desenvolvimento, a responsabilidade indelegável do pesquisador quanto ao delineamento e ao caráter social da tecnologia, que exigirá a identificação dos ganhadores e perdedores e sua nova utilidade para a sociedade, estão demandando profunda reflexão por parte dos pesquisadores latino-americanos. A reflexão é fundamental para definir o processo de reversão do papel da pesquisa. Essa reversão poderá ocorrer e ser positiva na medida em que se tenha conhecimento da agricultura e dos agricultores, acarretando mudanças no comportamento e, finalmente, provocando mudanças nas atitudes dos pesquisadores e instituições de pesquisa.
No Brasil, para muitos estudiosos, não é suficiente que se estimule e se dinamize, quantitativamente e qualitativamente a geração de novos conhecimentos e tecnologias, sendo igualmente importante que essas conquistas da ciência sejam prontamente transferidas aos agricultores e demais segmentos da cadeia produtiva e incorporadas à rotina do processo produtivo. Desta forma a adoção de tecnologia melhorada constitui objetivo fim do processo de pesquisa, visando o incremento de receita dos produtores e a maior disponibilidade de alimentos para os consumidores. Por outro lado as avaliações de adoção de tecnologia têm importante papel porque evidenciam o grau de êxito do processo de pesquisa, fornecem subsídios para retro alimentar os programas de pesquisa e permitem avaliar se estes têm sido capazes de cumprir os objetivos propostos.
Uma das maneiras factíveis de fazer com que o pequeno produtor se mantenha no meio rural é educando-lhe para praticar uma agricultura rentável, oferecendo mecanismos para mostrar-lhe que é possível cultivar a terra por longo período sem agressão ao meio ambiente e tendo como princípio o uso de novas informações tecnológicas e a organização da propriedade.

Emanuel Cavalcante ? Pesquisador da Embrapa Amapá
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Autor: Emanuel Silva Cavalcante


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