Resenha do Primerio e Segundo Alcibíades



Alcibíades pretende ser conselheiro dos assuntos de Estado, mas Sócrates mostra ao próprio Alcibíades sua ignorância em relação a eles, e a necessidade de virtudes para tal.
Inicia-o através da dialética e mostra a ele a importância de professores como pessoas capazes de ensinarem por conhecerem o que ensinam, pois ao contrário, o vulgo, não teria essa condição de ensinar, pois não sabe.
Através das manifestações pessoais de Alcibíades, respondendo as questões propostas por Sócrates e sua maiêutica, também é revelada a sua ignorância em relação ao que é justo e injusto, desacreditando-o como conselheiro.
Sócrates explica que conhecendo o assunto podemos converter uma pessoa, ou uma assembléia, apenas mudará o número, mas o importante é conhecer o assunto, sem o qual não se converte nem um, nem dez.
Alcibíades responde contraditoriamente por desconhecer os assuntos debatidos, enquanto que se lhe fosse perguntado se tem um ou dois olhos saberia, sem titubear nem tampouco contradizer-se.
Sócrates chama a atenção pelos perigos da presunção, que nos mantém ignorantes e dependentes dos outros, e, portanto, da importância da humildade, do somente sei que nada sei Socrático.
Só poderemos cuidar de nós mesmos conhecendo-nos através do conhecimento de nossa essência, que é a alma. Assim como o médico conhece a medicina, e o corpo o professor de ginástica, somente conhece a si mesmo quem se dedica a própria alma, e somente estes podem ser sábios.
Sócrates então declara que não o abandonaria mesmo com o passar dos anos, com o perecimento do corpo, mas que o amava por causa da sua essência, da sua alma.
O exercício de si, que consiste no exercício do conhecimento e da reflexão, voltando-nos para nós mesmos, nossa alma.
A técnica do homem, se não for permeada da relação consigo mesmo, perde até seu significado, porque a alma não se encontra dentro dela. Para essa relação ser plena e de sabedoria, é preciso que a alma esteja relacionada.
Esse fato é muito revelador na nossa atual civilização, extremamente técnica, mas servil e desapropriada de alma.
Portanto, quanto mais cultivarmos as virtudes da alma como sabedoria e justiça, mais nos libertaremos da servidão e nos tornaremos livres.
No segundo Alcibíades, Sócrates o interroga a respeito das orações e de como agem os deuses em relação a ela, que em parte acolhem e em parte rejeitam-na e dos perigos de pedir o bem pelo mal e o mal pelo bem.
Alguém em são juízo poderia fazer isso? Há indivíduos sensatos, insensatos e os loucos. Os que revelam a insensatez de modo exacerbado são os loucos, os que a revelam de modo mais tênue são os que chamamos de tolos ou aluados.
Sensatos são os que sabem o que fazer ou dizer, enquanto os insensatos o contrário, e os que ignoram ambas as coisas farão ou dirão, sem o querer, o que não devem.
Assim existem indivíduos que pedem males aos deuses pensando que estão pedindo bens.
Conseqüentemente Sócrates aponta as tentações advindas do poder a Alcibíades e esclarece-o de como a ignorância pode ser um bem para quem age mal e um mal para quem procura conhecer o bem.
Para a vida da cidade afirma que a posse de qualquer conhecimento desacompanhado do conhecimento do bem só muito raramente poderá ser útil.
Assim, reconhecendo a impossibilidade da prece aos deuses como forma de resolver dificuldades e problemas, Sócrates refere-se ao cuidado de si e a necessidade de um professor ou mestre para retirar a caligem da alma de Alcibíades, deixando-o assim em condições de distinguir entre o bem e o mal.
Autor: Daniel Feix


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