Comer Pantufas



Um deputado norueguês, ao cumprir uma promessa feita a sete anos, diante das câmeras de televisão, comeu um par de pantufas velhas.

O motivo da aposta foi a sua afirmação de que a construção de uma casa de ópera, não custaria menos do que afirmava e acabou custando quase metade do valor.

O interessante desse fato é o motivo ser a construção de um espaço cultural, o que por si só, já merece uma comemoração, seja com canapés ou até mesmo com pantufas.

Aqui no Brasil, nossos políticos não correm o risco de perder esse tipo de aposta, primeiro porque a obra jamais sairia mais barata do que o previsto, segundo porque cumprir promessa nunca foi o forte deles e terceiro que o único projeto cultural que eles se interessam é manter a cultura do toma lá e dá cá.

Mesmo assim, se essa moda pegasse no Brasil, surgiria um novo filão no mercado que é o da gastronomia bizzarra.

Teremos restaurantes finíssimos servindo retalhos de calças de brim como entrada, seguido por suflê de meias soquetes e terminando com o prato principal: cinta de couro ao molho de gravatas-borboleta.

Para os vegetarianos, teremos camisas verde-abacate com calça laranja.

Filés de sola de sapato (minha sogra já faz a um bom tempo) e ensopado de luvas seriam servido nos restaurantes mais populares e quem quisesse fazer dieta teria que evitar comer coisas mais pesadas tais como sobretudos e jaquetas de couro.

Quem tivesse problemas com o aparelho digestivo deveria deixar de comer as peças de micro-fibras e passar a ingerir mais suéteres.

Saindo da linha gastronômica das vestimentas, o mercado pode lançar outros produtos que igualmente fariam sucesso, tais como: buffê de lâmpadas fluorescentes, despertador ao molho pardo, paeja de porcas e parafusos, buchada de almofada e doce de campainha.

Um político comer um par de pantufas diante da televisão não é tão sacrificante assim, considerando que nos fazem engolir, ano após ano, colchas de retalhos das leis, tapetes com sujeira de baixo, roupas sujas, desculpas esfarrapadas, mangas recheadas com cartas escondidas, e, o pior de todos os pratos: crimes de colarinhos brancos.

Sérgio Lisboa.


Autor: Sérgio Lisboa


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