Clandestino



Dentro daquela cabana, tudo parecia fantasioso. Não tinham certeza se o destino os unira ali de verdade. Ainda era difícil de acreditar que os dois amantes estavam juntos. A iluminação era escassa. Além da lua, a única coisa que iluminava a cabana era o lampião à gás. O silêncio dizia muita coisa. Rachel ainda incerta de que seu marido a encontrasse com outro, estava nervosa, querendo fugir dali; mas ao mesmo tempo, o homem que ela amava estava diante dela, e ela não o deixaria, por mais que o seu bom senso a julgasse a cada segundo. Henrique sorriu e pegou a mão da moça.
-Tenho medo, Henrique. Se Vítor me encontrar aqui, não sei o que seria de nós dois. ? ela disse trêmula.
-Nada vai acontecer. Você confia em mim? ? ele perguntou olhando nos olhos dela, e ela assentiu. ? O mesmo destino que nos separou fazendo com que você fosse casada com outro, casou seu coração com o meu, e nos fez estar aqui.
-Sim. Sei que Vítor é um bom homem e me trata bem. Mas ficar com você é tão mais intenso, significante. Não sei se consigo explicar isso em palavras.
-Não explique.
Ele encostou os lábios no queixo de Rachel. Ela permitiu que ele a guiasse naquela noite, no meio daquela floresta densa, dentro daquela cabana de palha.
Henrique se magoava por não tê-la todos os dias e por ter de partilhá-la com outro homem. No entanto, quando estavam juntos, ele buscava cobrir todos os buracos que o perturbavam quando ela não estava por perto. Devagar, ele sentia o cheiro dela, para depois, ao menos lembrar-se de como é. A tocava lentamente, com a ponta dos dedos. E seus lábios percorriam os caminhos mais tortos e prazerosos que ele imaginava sentir. Ela tentou tirar os botões de suas casas, fazendo- a ver um corpo debaixo daquela roupa que a encantava. Entre carícias, o casal aproveitou a noite, como se fosse a última de suas vidas. E era assim toda vez que eles se encontravam, clandestinamente naquela habitação escondida num parque verde. Rachel sempre começava hesitante, mas após uma só palavra de seu amado, esquecia tudo, todos os inconvenientes presentes na relação proibida.
-Quando podemos nos encontrar de novo? ? perguntou Henrique não querendo deixar que ela fosse.
- Amanhã, à meia-noite posso vir.
-Esperarei ansiosamente até o próximo encontro.
- Eu amo você.
-Eu também a amo, amo mais do que poderia expressar.
E o casal dá um apaixonado beijo de despedida, porque o sol traiçoeiro teimava em aparecer mais cedo quando estavam juntos. E durante o dia, era impossível estar juntos, seriam descobertos. Deixando seus corações um dentro do outro, cada um vai para um lado, esperando que o dia passe rapidamente para que tudo se repita.
Autor: Leila Pordeus Miranda


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