Karl Marx e a Educação
Karl Marx não elaborou uma teoria da educação, não se debruçou sobre o tema como Rousseau, Durkheim ou Bourdieu. No entanto, sua obra nos legou alguns princípios importantes que devem ser levados em conta se quisermos estabelecer uma prática educacional transformadora do contexto social no qual estamos inseridos ? o capitalismo.
Marx coloca (1987) em suas Teses sobre Feuerbach, precisamente na terceira tese, que algumas vertentes da doutrina materialista erroneamente entendem que os homens são produtos das circunstâncias e da educação. Dessa forma, segundo essa concepção, é necessário transformar as circunstâncias para só depois transformar os homens. Marx discorda totalmente dessa idéia, afirmando justamente o contrário, para ele são os homens que transformam as circunstâncias e, por isso, é necessário primeiro mudar os homens e sua consciência para só depois mudar as circunstâncias.
Em outra tese a Feuerbach, a décima primeira, Marx argumenta que "Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; mas o que importa é transformá-lo". Ele critica uma postura contemplativa da filosofia, que só observa nunca intervindo na realidade. Para Marx, é necessário que se estabeleça uma práxis revolucionária ? uma teoria viva, que passar a existir a partir da prática concreta, da luta, da revolução.
Destarte, podemos afirmar, com base nesses princípios, que Marx propõe uma prática educacional transformadora, onde a escola teria basicamente um duplo papel: primeiro, desmascarar todas as relações sociais (relações de dominação e exploração) estabelecidas pelo capitalismo no âmbito da sociedade, tornando cada indivíduo consciente da realidade social na qual ele está inserido; segundo, militar pela abolição das desigualdades sociais, pelo fim da dominação e exploração de uma classe sobre outra e, por último, pela transformação da sociedade.
Infelizmente, os princípios estabelecidos por Marx não tem sido utilizados, uma vez que o modelo de educação que temos no Brasil é altamente exclusivo, discriminatório, onde só os indivíduos da classe dominante têm reais chances de alcançar uma melhor posição social no interior de seu grupo.
No entanto, cabe a cada um de nós, educadores, lutar para o estabelecimento de um ideal de educação ? segundo Barbara Freitag, no Brasil, não existe um ideal de educação ? comprometido com a transformação da realidade social, assim como propunha Marx.
Autor: Diego De Souza
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