Alvo



...palavras bonitas, discursos inflamados..a verdade ou a salvação oferecida numa bandeja...o Messias..o milagre...a cura...a “solução para seus problemas”...basta vc ligar!..ou mesmo, uma declaração de amor...basta vc se hipotecar!

Entre eu e o mundo, há um abismo...assim, como há um abismo entre eu e minhas palavras...

Não, não há mundo..e já não há mais eu também...só há abismo! E eu, como um anjo caído, fiz questão de esquecer...

Havia uma banana, logo ao lado do macaco...e eu, presenciava tudo de forma desonesta e minuciosa, mas, dizia p/ mim mesma: “não, ele não se aproximaria”...mas, o macaco é uma ilusão...ele é parte integrante do grande circo, do qual a palhaça sou eu...e eu faço palhaçadas para entreter a platéia obscura, mas a essência não se manifesta...talvez, eu não saiba como invocá-la...talvez, ela tenha dormido naqueles terrenos abandonados em que a palhaça brincava quando criança...

Deixemos o circo, que o circo é passageiro...nunca fica muito tempo num único lugar...fica rodando, rodando...

Ai, sinto calafrios enquanto danço sozinha no quintal...não, não sinto...mas, poderia ser assim...e há nisso tanta verdade quanto em qualquer outra coisa...ora, se há quem invente um mundo e, esse mundo se torna verdade, pq minhas verdades inventadas não são consideradas verdadeiras? Pois, servem a mim, é oq possuo...minhas vivências íntimas...minha verdade...minha insanidade mal-sucedida...tudo aquilo que sou obrigada a intuir por mim mesma, quando a verdade me é cruelmente negada...

E para mim, uma dose de frieza, por favor!
Autor: Nilma Rezende


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