ORIENTAÇÃO SEXUAL: UM DOS CAMINHOS PARA O EXERCICIO DE UMA SEXUALIDADE SAUDAVEL, RESPONSAVEL E PROTEGIDA
O objeto desse estudo é a Orientação sexual: um dos caminhos para o exercício de uma sexualidade saudável, responsável e protegida, objetivando identificar as causas do aumento da gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis na ótica dos alunos do Colégio Municipal Ângelo Jaqueira Ipiau-Bahia,. Trata-se de uma pesquisa descritiva - exploratória que investiga sobre a importância da orientação sexual em parceria com as áreas de saúde e educação. Fizeram parte do estudo 10 alunos do Colégio Municipal Ângelo Jaqueira , Ipiau Bahia, escola publica da rede municipal de ensino do referido município. Os dados coletados confirmam que há uma interação de fatores que colaboram para o aumento da gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis / AIDS; e que é de suma importância um trabalho de educação/orientação sexual na escola e no atendimento de planejamento familiar que venha a fomentar atitudes positivas, por parte dos jovens, em relação à sua sexualidade. Sabendo da importância que a educação sexual, representa na vida do adolescente e o quanto ela se faz necessária em tempos de AIDS, de abuso sexual, de banalização do sexo pela mídia é que se faz necessário acreditar na parceria entre família- escola-serviço de saúde. O trabalho de orientação para a sexualidade torna-se, portanto, estimulador e promotor da saúde dos jovens no sentido do desenvolvimento saudável de sua sexualidade, ajudando-os a discernir atitudes e conceitos.
PALAVRAS ? CHAVE: Sexualidade humana. Prevenção. Planejamento Familiar. Orientação sexual.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO
O estudo realizado objetivando identificar as principais causas do aumento da gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis na ótica dos alunos do Colégio Municipal Ângelo Jaqueira - Ipiaú-Ba possibilitou a construção de algumas conclusões parciais baseadas nos resultados obtidos : Os jovens apresentam e reconhecem a importância do preservativo na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, mas geralmente utilizam desse método apenas em relacionamento instáveis, passageiros; em contrapartida,o método mais utilizado pelas mulheres é a pílula, segundo elas é muito difícil fazer com que o parceiro aceite apenas o uso do preservativo, principalmente em relações estáveis, isso gera uma preocupação, pois o método evita a gravidez, mas expõe a mulher ao risco de uma infecção sexualmente transmissível/Aids.
De acordo as informações colhidas há vários fatores que colaboram para o aumento da gravidez precoce e das infecções sexualmente transmissíveis/AIDS entre os jovens na opinião dos pesquisados: falta de dialogo aberto entre pais e filhos uso de outro método contraceptivo leva ao abandono do preservativo; o impulso do momento que faz o jovem a não se cuidar dado que confirma a onipotência dos jovens e ação do ID segundo Freud a libido, a força primária orientada pelo principio do prazer; consideram que a mídia exerce uma influencia muito grande nesse sentido , pois trata o sexo de forma banalizada sem tratar o assunto de forma séria , que juntamente com o impulso colaboram para aumento da gravidez e das doenças sexualmente transmissíveis;resistência ao uso preservativo e falta de um projeto de vida foram causas mais indicadas pelos pesquisados.
Os parâmetros Curriculares considera a sexualidade como um tema transversal propondo que seja trabalhado de forma interdisciplinar. No entanto, notamos que de fato, ainda não se tem um trabalho direcionado nesse sentido pelo planejamento familiar. Faz-se necessário que as discussões a respeito da educação para a sexualidade saia do discurso, da teoria, para se efetivar verdadeiramente na pratica.
A escola precisa estar atenta às curiosidades e inquietações dos alunos e entender que educar não é só preparar intelectualmente e /ou tecnicamente o individuo para o desempenho no vestibular ou profissão que irá seguir. Mas deve compreender que o aluno é um ser humano completo que precisa ter satisfeitas suas necessidades humanas básicas, como desejo de contato, expressão emocional, prazer, carinho e amor; tudo isso é vida, é sexualidade. O aluno é gente que precisa ser feliz para se desenvolver com êxitos em todos os aspectos da vida.
A sexualidade está presente em todas as fases da vida e permeia a forma como cada um lida com a afetividade, capacidade de entrega, de comunicação e relacionamento consigo mesmo e com o outro. Sexualidade é prazer que vai alem do ato sexual, confunde-se com o próprio prazer de viver e com a qualidade que cada um imprime ou não na sua vida. Um assunto desta grandeza e influencia na vida humana, não pode estar restrito a meias palavras ao pé do ouvido; tampouco massificada pelos meios de comunicação. O tema sexualidade deve permear a formação dos profissionais de saúde e educação, visto que somos agentes de mudança sociais e promotores de uma maior qualidade de vida para as pessoas.
Há muito se discute a necessidade da inclusão da educação sexual no currículo escolar. No entanto, pesquisas recentes ainda indicam para a defasagem da formação dos profissionais da educação no que se refere ao tema sexualidade e comprovam que tanto os jovens, quanto os pais e professores se ressentem da ausência de espaços para debates sérios e profundos sobre o tema. Não há mais como manter educação e saúde indiferentes a esta necessidade.
Assim, acreditamos que a implantação de projetos em educação sexual contribua para que a criança/jovem- adulto de amanha ? tenha uma vida mais integrada, saudável, responsável , protegida e feliz. E para que estes projetos sejam implantados na escola envolvendo alunos e pais, tanto o corpo docente quanto a equipe diretiva e de apoio deve estar prepara técnica e emocionalmente, uma vez que o tema é polemico e ambíguo. É urgente que nós adultos nos preparamos para acolher as duvidas e inquietações das nossas crianças e jovens, oferecendo-lhes um suporte para um crescimento consciente e saudável. Por isso, faz-se necessário a preparação dos professores na área da sexualidade.
As mudanças históricas que estão acontecendo exigem uma compreensão do mundo em que o homem é visto de forma integral, e, nesta atual visão holística, tem ?se uma nova dimensão para o processo do ensino e aprendizagem, que promulga objetivos amplos. O tema sexualidade vincula-se ao exercício da cidadania na medida em que, de um lado, se propõe a trabalhar o respeito por si e pelo outro, e por outro lado, busca garantir direitos básicos a todos, como saúde, a informação e o conhecimento, elementos fundamentais para a formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades.
A carência de informações e esclarecimentos por parte dos jovens, sobre a sexualidade em decorrência das dificuldades de dialogo com a família são grandes. A influencia dos meios de comunicação, que abordam, de maneira vulgar, a sexualidade evidenciados valores e conflitos questionáveis, contribui para que ela se torne precoce e transgressora de sua realidade. Além disso, mesmo acreditando que as informações sobre métodos anticoncepcionais, doenças sexualmente transmissíveis/Aids, gravidez entre outras estejam presentes, as situações de risco vem crescendo com uma freqüência significativa, o que então, torna-se um paradoxo.
Assim, propõe-se que a Orientação sexual aborde as repercussões de todas as mensagens transmitidas pela mídia, pela família e pela sociedade, com as crianças e os jovens. Trata ?se de preencher as lacunas nas informações que a criança já possui e , principalmente, criar a possibilidade de formar opinião e respeito do que lhe é ou foi apresentado.Os conteúdos trabalhados na escola podem e devem ser flexíveis, de forma a abranger as necessidades especificas de cada turma a cada momento. O educador pode utilizar de diferentes matérias para essa finalidade [didáticos, científicos, artísticos etc.] , analisando e comparando a abordagem dada ao corpo pela ciência e pela propaganda, por exemplo; discutindo e questionando o uso de um certo padrão estético veiculado pela mídia. Pode também incentivar a produção coletiva e individual das representações que as crianças têm sobre o corpo, por meio de desenhos, colagens, modelagem, etc.
A abordagem das relações de gênero é uma tarefa delicada. A rigor , podem-se trabalhar as relações de gênero em qualquer situação do convívio escolar. O professor deve estar atento, par intervir de modo a combater as discriminações e questionar estereótipos associados ao gênero.
O trabalho de Orientação sexual visa desvincular a sexualidade dos tabus e preconceitos, afirmando - a como algo ligado ao prazer e à vida, na discussão das doenças sexualmente transmissíveis/ Aids o enfoque deve ser coerente com os princípios gerais e não deve acentuar a ligação entre sexualidade e doenças ou morte. As informações sobre as doenças devem ter sempre o foco a promoção de condutas preventivas, enfatizando-se a distinção entre as formas de contato que propiciem o risco de contagio daquelas que, na vida cotidiana, não envolve risco algum.
Particularmente em relação a Aids, o tratamento deve ser oposto ao que foi dada por algumas campanhas de prevenção veiculadas pela mídia: " AIDS mata" . Essa mensagem contribui para o aumento do medo e da angustia, desencadeando reações defensivas. A mensagem fundamental a ser trabalhada é "AIDS previne-se".
Para o trabalho de orientação sexual deve-se levar sempre em conta a faixa etária com a qual se esta trabalhando, pois em geral, as questões da sexualidade são muito diversas a cada etapa do desenvolvimento. É necessário que o professor possa reconhecer os valores que regem seus próprios comportamentos e orientam sua visão de mundo, assim como reconhecer a legitimidade de valores e comportamento diversos do seu. Sua postura deve ser pluralista e democrática, o que cria condições mais favoráveis para o esclarecimento e a informação sem a imposição de valores particulares.
Os conteúdos trabalhados devem também favorecer a compreensão de que o ato sexual e intimidades similares são manifestações pertinentes à sexualidade dos jovens e de adultos, não de crianças, na intenção de prevenir o abuso sexual . Eis então, a grande importância da educação para a sexualidade: Favorecer ao jovem a oportunidade de escolher seus próprios caminhos para viver mais feliz, expressando sua sexualidade de forma saudável, responsável, prazerosa e protegida.
O trabalho de Educação /Orientação sexual visa propiciar ao jovem o exercício de sua sexualidade de forma responsável e prazerosa. Mas informação sem reflexão e mudança de comportamento não são suficientes para evitar a gravidez precoce, é necessário que os jovens tenham auto-estima e um projeto de vida que o possibilite ao pleno exercício da sua cidadania.
É necessário que as informações trabalhadas na escola ou planejamento familiar a respeito da sexualidade humana possibilite aos jovens o desenvolvimento de atitudes responsáveis.
Autor: Eliene Maria Sales Santos
Artigos Relacionados
Gravidez Precoce E PromoÇÃo Da SaÚde
Orientação Sexual Na Escola: Certo Ou Errado?
Orientação Sexual Nas Escolas: : Uma Maneira De Prevenir A Gravidez Na Adolescência E As Dst’s.
Sexualidade Na Adolescência
OrientaÇÃo Sexual Para Adolescentes: Uma Proposta De Psf
Apresentação Seminário Tema: Gravidez Na Adolescência
O Deficiente Mental E A Sexualidade