TERAPIA RESPIRATÓRIA



CENTRO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA
DE MACHADO ? CESEP

DIEGO ANDREAZZI DUARTE

TERAPIA RESPIRATÓRIA

OURO FINO ? MG
16 DE FANEIRO DE 2010

1. FISIOPATOLOGIA RESPIRATÓRIA

O homem possui um sistema respiratório que lhe possibilita a vida que começa desde seu desenvolvimento intra-uterino, especificamente ao redor de 26 a 28 dias após a fertilização. Com 16 semanas de gestação, o pulmão está morfologicamente parecido com o pulmão do adulto, por volta de 24 a 26 semanas de gestação, começa a produção do surfactante pulmonar. Assim, o pulmão fetal, mesmo imaturo, apresenta condições para trocas gasosas e síntese de surfactante, possibilitando a sobrevivência do recém nascido com peso entre 500 e 1000g. A formação total dos alvéolos só se completa após dois meses do nascimento (GRANDO L e VIERA CS, 2002).

Na falta de uma oxigenação adequada, ocorre à insuficiência respiratória que se manifesta por sinais de retrações costais, aumento do esforço respiratório, batimentos das aletas nasais, cianose, palidez, hipotensão e diminuição da perfusão periférica, apnéia com pausa respiratória seguida de bradicardia e ainda dispnéia.


1.1. Estruturas e Função
Os órgãos do sistema respiratório, além de dois pulmões, são: fossas nasais, boca, faringe (nasofaringe), laringe, traquéia, brônquios (e suas subdivisões), bronquíolos (e suas subdivisões), diafragma e os alvéolos pulmonares reunidos em sacos alveolares.
Sistema respiratório é o conjunto de órgãos responsáveis pela entrada, filtração, aquecimento, umidificação e saída de ar do nosso organismo. Faz as trocas gasosas do organismo com o meio ambiente, oxigenando o sangue e possibilitando que ele possa suprir a demanda de oxigênio do indivíduo para que seja realizada a respiração celular. O processo de troca gasosa no pulmão ? oxigênio por dióxido de carbono ? é conhecido como hematose pulmonar, excencial para a manutenção da vida.
Em condições normais de respiração, o ar passa pelas fossas nasais onde é filtrado por pêlos e muco e aquecido pelos capilares sanguíneos do epitélio respiratório, tecido altamente vascularizado. Passa então pela faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, depois alvéolos onde ocorre a hematose.
No íntimo pulmonar o oxigênio do ar inspirado entra na circulação sanguínea e o dióxido de carbono do sangue venoso é liberado nos aovéolos para que seja eliminado com o ar expirado. O ar expirado é pobre em oxigênio, rico em dióxido de carbono e segue caminho oposto pelo trato respiratório(gás carbônico).
Sendo assim a função do sistema respiratório é basicamente garantir as trocas gasosas com o meio (hematose), mas também ajuda a regular a temperatura corpórea, o ph do sangue e liberar água.


2. OXIGENOTERAPIA

A oxigenoterapia se trata de uma terapia onde é administrado oxigênio (O2) em uma concentração maior que aquela encontrada na atmosfera ambiental para corrigir e atenuar deficiência de oxigênio ou hipóxia. Segundo ao nível do mar, a concentração de O2 no ar é de 21%, diminuindo progressivamente da maneira que o nível aumenta.

Brunner e Suddarth (2005) afirmam que a meta da oxigenoterapia consiste em fornecer o transporte adequado de oxigênio no sangue, proporcionando um maior aporte de oxigênio às vias aéreas, e consecutivamente diminuindo o trabalho da respiração e reduzindo o estresse sobre o miocárdio.

Quando se considera a terapia com oxigênio deve-se ter em mente fatores como o débito cardíaco, o conteúdo de oxigênio arterial, a concentração de hemoglobina e as exigências metabólicas.


2.1. Indicação

Stainoff IE (2004) afirma que o objetivo da oxigenoterapia é manter a pressão parcial de oxigênio no sangue arterial em valores normais ou próximos ao normal, em alterações na freqüência ou padrão respiratório. A alteração no padrão ou freqüência respiratória pode resultar da hipoxemia ou hipóxia.

Segundo Robbins e Stephemp (2001), hipoxemia é uma diminuição na pressão de oxigênio arterial no sangue, e que em geral lava à hipóxia, que é uma diminuição do suprimento de oxigênio para os tecidos. Esse processo quando grave, podem comportar riscos de vida e gerar diversas outras complicações como alcalose ou acidose, que são aumento ou diminuição do pH sangüíneo, respectivamente, entre outros.

Os sinais e sintomas indicadores da necessidade de oxigênio podem depender da rapidez com que essa necessidade se desenvolve. Na hipóxia esse aparecimento é rápido, pois com a diminuição de O2 tecidual, age rapidamente no sistema nervoso, que é sensível à privação de oxigênio, produzindo fadiga, sonolência, apatia, desatenção, entre outros.


2.2. Cuidados de Enfermagem

O oxigênio é distribuído a partir de um cilindro ou de um sistema de linha de parede, sendo necessário um redutor de calibre para diminuir a pressão até o nível de trabalho, e um fluxômetro, que regula o fluxo de O2 em litros por minuto. Lembrando que quando o oxigênio é empregado em alta velocidade, deve ser umedecido ao fazê-lo, por um sistema especial, para que não resseque a mucosa do trato respiratório.

Para avaliar a necessidade exata de fornecimento de oxigênio é preciso antes uma avaliação gasométrica, onde a mesma irá verificar os níveis gasosos arteriais. Após a avaliação e prescrição médica, deve o faze-lo.

Os sistemas de administração de oxigênio são classificados como sistema de baixo ou de alto fluxo. Os sistemas de baixo fluxo contribuem parcialmente, inspirando o ar do ambiente juntamente com o oxigênio proporcionado. Os exemplos de sistema de baixo fluxo incluem a cânula nasal, o cateter orofaríngeo, a máscara simples e as máscaras de reinalação parcial e não-reinalação. Já o sistema de alto fluxo fornece a quantidade total de ar inspirado, indicado para os que necessitam de uma quantidade constante e exata de oxigênio. Os exemplos desse sistema incluem os cateteres transtraqueais, as máscaras de venturi, as máscaras de aerossol, os colares de traqueostomia, os tubos em T e as tendas faciais.


2.3. Precauções

Segundo Brunner e Suddarth (2005) a enfermeira deve administrar o oxigênio com muita cautela e avaliar cuidadosamente seus efeitos em cada paciente. É importante observar se há indicadores sutis da oxigenação inadequada quando o oxigênio é administrado por qualquer método. Portanto, a enfermeira deve avalia com freqüência o paciente para observar sinais de confusão, inquietação que progride para letargia, sudorese, palidez, taquicardia, taquipnéia e hipertensão.


3. CÂNULA NASAL

A cânula nasal é um pequeno tubo de plástico que leva o oxigênio do equipamento (cilindros, concentradores) até as narinas do paciente na oxigenoterapia, utilizado quando o paciente requer uma concentração baixa ou média de oxigênio para a qual não é essencial uma exatidão rigorosa. Esse método é relativamente simples e possibilita que o paciente se movimente no leito, converse, tussa e se alimente sem interromper o fluxo de oxigênio, sendo assim é o mais usado em oxigenoterapia, devendo ser trocado diariamente.


4. CATETÉR NASOFARINGEO

O cateter nasofaringeo tem forma tubular em semicírculo, é feita de material plástico e geralmente é descartável. Seu uso é indicado quando a cânula orofaríngea não pode ser inserida (trauma grave ao redor da boca, etc.).

O tamanho da cânula é considerado pelo seu diâmetro interno, em milímetros. São sugeridos os seguintes tamanhos: adulto grande: 8 mm; adulto médio: 7 mm; adulto pequeno: 6 mm.

A técnica de inserção consiste em lubrificar a cânula e passá-la suavemente pela narina; se houver resistência à passagem, tenta-se pela outra narina. O uso de vasoconstritores de mucosa nasal pode prevenir sangramento durante a inserção. A complicação mais grave é o posicionamento da porção distal no esôfago, causando distensão gástrica e ventilação pulmonar inefetiva.

É importante manter a cabeça estendida, com elevação do mento, tanto na passagem da cânula nasofaríngea como da orofaríngea. A elevação do tórax durante a ventilação é a melhor prova de que a seleção e a inserção da cânula foram efetivas.


5. NEBULIZAÇÃO

Consiste em um processo no qual se administra unidade ou medicação ao ar, inspirado pela mistura de partículas de tamanhos variados, utilizando um mecanismo, vaporizador ou nebulizador, através do qual se favorece a penetração de água ou medicamentos na atmosfera bronquial.


5.1. Indicação

Indicado para a umidificação, como já dito a cima, a nebulização para umidificação é usada em casos de ressecamento da mucosa do trato respiratório, incluindo TR auto e principalmente baixo; também em coso de brococostrição, utiliza-se broncodiladores agindo diretamente na mucosa; e antiinflamatórios em casos de hipersensibilidades imunológicas.


5.2. Cuidados de Enfermagem

Antes de qualquer procedimento deve verificar se o equipamento está em boas condições de funcionamento e se o mesmo se encontra limpo, sendo que a máscara deve ser desinfectada com produto em especial. Após a inspeção, o paciente de fica em posição confortável, sentado ou deitado; o medicamento, prescrito pela medicina, deverá ser colocado em um reservatório específico contido na máscara de nebulização. O paciente deverá permanecer inspirando o vapor produzido pelo aparelho, em média 15 minutos, de acordo com a prescrição, ou em outras palavras seguir o seguinte esquema:

- instalar o fluxômetro na rede de Oxigênio ou ar comprimido e testá-lo;
- abrir a embalagem do micronebulizador e reservá-lo;
- colocar o SF ou AD no copinho, acrescentar o medicamento, fechar e conectar ao fluxômetro;
- conectar a máscara ao micronebulizador;
- regular o fluxo de gás (produzir névoa 5L/min);
- aproximar a máscara do rosto do paciente e ajustá-la, entre o nariz e a boca, solicitando que respire com os lábios entreabertos;
- manter o micronebulizador junto ao rosto do paciente, por 5 minutos, ou até terminar a solução (quando possível orientá-lo a fazê-lo sozinho);
- identificar com etiqueta (data, horário de instalação);
- fechar o fluxômetro e retirar o micronebulizador;
- secar com gaze, recolocá-lo na embalagem e mantê-lo na cabeceira do paciente.
Trocar o nebulizador a cada 48 horas.


5.3. Precauções

Deve-se observar a resposta do paciente ao medicamento prescrito, pois pode haver reações adversas medicamentosas, ou te mesmo reação anafilática ou idiossincrásica.


6. INALAÇÃO

Inalação ou inspiração é o movimento do ar do ambiente externo, através da vias respiratórias para dentro dos alvéolos pulmonares durante a respiração, iniciando com a contração do diafragma, intercostais externos, esternocleidomastoideu, denteado anteriores e escaleno, que resulta na expansão do espaço intrapleural, causando um aumento na pressão negativa de acordo com a Lei de Boyle. Esta pressão negativa provoca um fluxo de ar devido a diferença de pressão entre a atmosfera e os alvéolos , aprocimadademente 757 mmhg, sendo assim o ar entra no organismo, inflando os pulmões, passando através do fossas nasais, e ou boca, faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e por fim chegando aos alvéolos.

Segudo verificado por Bydlowski SP e Douglas CR (2002) os valores normais do volume pulmonar na inalação são: volume corrente (VC), volume de reserva inspiratória (VRI), volume residual (VR) e capacidede inspiratória (CI).


6.1 Volume Pulmonar Inspiratório

O volume pulmonar inspiratório é o resultado da somatória dos: volume corrente (VC), volume de reserva inspiratória (VRI), volume residual (VR), capacidede inspiratória (CI) e capacidade pulmonar total (CPT), sendo assim:.


6.1.1 Volume Corrente (VC)

É o volume de gas inspirado, ou expirado em cada movimento respiratório. Corresponde a cerca de 500 ml, em um adulto em repouso, podendo aumentar conforme o metabolismo, como por exemplo a prática de exercícios físicos.


6.1.2 Volume de Reserva Inspiratória (VRI)

É o máximo de volume de gás que pode ser inspirado após uma inspiração máxima forçada, partindo de uma inspiração basal; em outras palavras;

É a reserva disponivel para o aumento do volume corrente; se o volume corrente se exagerar; a reserva disponível, ou volume de reserva inspiratória diminui.

Em condições de repouso, o VRI corresponde a 3.100 ml no adulto jovem.


6.1.3 Volume Residual (VR)

É o volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração máxima; ou seja é o volume de gás contido nos pulmões, não expelido quando os pulmões e o tórax estão intáctos. Corresponde a cerca de 1.200 ml no adulto jovem.


6.1.4 Capacidade Inspiratória (CI)

É o volume máximo de gás, que pode ser inspirado, após uma expiração basal; correspondendo, portanto, ao somatório VC+VRI, senbdo seu valor cerca de 3.600 ml.


6.1.5 Capacidade Pulmonar Total (CPT)

É a quantidade de gás contida nos pulmões, ao final de uma inspiração máxima; portanto, é o maior volume de gás que os pulmões podem conter. É igual a VRI+VC+VRE+VR ou a CV+VR, ficando seu valor ao redor de 6.000 ml.

Todos esses volume e capacidades descritos não são imutáveis, variando conforme a situação fisiológica ou patológica do indivíduo.


7. CONCLUSÃO

Conclui-se que, como enfermeiros devemos zelar pelo conforto e a segurança dos pacientes, proporcionado se bem estar físico, para a melhoria da assistência e perspectivas em enfermagem.


REFERÊNCIAS

1. GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Monografia, Dissertação e Tese. São Paulo, 2004. 127p.

2. BRUNER, Bare G e SUDDARTH, Smeltzer C. Tratado de Enfermagem Médico-Cirurgica, 10 ed.Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2005. 16-18.

3. GRANDO L e VIERA C. Oxigenioterapia: o conhecimento da equipe de enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem. V. 4, n. 2, p.14 ? 21, 2002.

4. TOLENTINO EC, FEREZ O, OLIVEIRA GR, RAMALHO FS, ZAMBELLI RLN, ZUCOLOTO S e SILVA OCJ. Oxigenoterapia hiperbárica e regeneração hepática. Acta Cir. Bras. vol.18 suppl.5 São Paulo 2003.

5. LOBATO SD, VILLASANTEC e VILLAMOR J. Beneficios que aporta la oxigenoterapia
por catéter transtraqueal. Med Clin (Barc) 1993; 100: 264-265.

6. STAINOFF IE. Oxigenoterapia no DPOC, Especialização de Fisioterapia Intensiva com ênfase em clínica médica e Ventilação Mecânica. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2008, 23:10:45.

7. FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA. Fisiologia Respiratória. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2008, 22:30:10.


Autor: Diego Andreazzi Duarte


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