Muito embora os amigos não saibam
Muito embora os amigos não saibam disto, amigos são aqueles cujo coração caminha por caminhos fora de si. Cujo coração secretamente pulsa no corpo dos seus amigos. Amizade é antes de mais nada um ninho. Isso, um doce abrigo, um lugar que aquece o coração, que dá aquela segurança para viver, tentar, errar e ainda sim acreditar em ser feliz. Um amigo quer ser isso para os seus amigos: um ninho que acompanhe do nascimento ao crescimento (seja da amizade às outras questões essenciais que cercam este sentimento único). Muito embora os amigos não saibam disto, um ninho, com o passar do tempo se torna inútil. A amizade também. Mas fala-se aqui daquela amizade pela utilidade, não pelo significado. Um ninho tem seu significado mesmo após ser abandonado em certo ponto da vida. Saibam disto: amigos também são esquecidos e abandonados por aí. Então, é preciso que a amizade seja um ninho maior, que fique dela um significado de amor, carinho e respeito. Que a amizade seja um abraço maior que o mundo, não querendo prender, mas permanecendo disposto e feliz por ver o vôo dos amigos, rumo à felicidade, e se por acaso os espinhos ferirem mais do que a beleza da rosa fizer sorrir, estará ali, o ninho, o braço, o ombro amigo. E muito embora os amigos não saibam disto, eles vão, mas junto vão os olhos de quem ficou para trás, esquecido e abandonado, porque olhos também são ninhos. Também protegem. Também dão segurança. O silêncio não quebra nada, somente deve ser lido corretamente. Os olhos dizem "estou aqui, vendo você ir, mas pronto se um dia quiser ou precisar voltar". Depois disso, os ninhos ficarão vazios, os braços solitários e o coração dos amigos um pouco tristes, silentes, com um espaço enorme. Esse é o destino de algumas amizades: a solidão, o abandono e o esquecimento. Esse ninho deixou de ser ninho, para que adiante se formassem outros vínculos de amizade. Mas quem é amigo, indo ou ficando, terá sempre o coração fora do lugar, no caminho dos seus amigos, ainda que se debruce sobre o ninho e chore, e chore muito de dor, de tristeza, de tudo que um dia foi e já não é mais. É inevitável. Fazer um amigo crescer, desenvolver, criar asas e voar mundo afora, abandonando a proteção do ninho. Mas no fundo, o que todo amigo queria, era poder fazer novamente seus amigos repousarem no seu ninho e desfrutarem desse significado que resta em algumas amizades.
Autor: Johney Laudelino Da Silva
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