Lazer



O lazer e o seu Surgimento
Luana Morais Sá*
Kelly Rodrigues Cabral*

Segundo o dicionário Michaelis (2000), lazer quer dizer tempo livre, ócio. Já Aurélio
(1993) complementa dizendo que significa descanso, folga, senso de prazer. Tempo livre este tão importante, que desde a criação do mundo o próprio Criador descansou no sétimo dia de trabalho e ordenou que todos nós descansássemos também.

Desde então, o homem usufrui deste tempo a seu modo, costume e estilo de vida. Mas, por muito tempo, esta escolha não era possível.

No fim da Idade Média, as populações urbanas na Europa não ultrapassavam 100 mil habitantes e a maioria da população vivia e sobrevivia do trabalho na área rural. Nas cidades, distribuíam-se as moradias e os serviços urbanos, constituindo-se em trabalhos de artesãos e comerciantes sendo a igreja o centro tanto da cidade como da vida administrativa.

Com o crescimento da população e da economia, no século XV, houve uma mudança no poder central, que deixou de ser controlado pela igreja. A sociedade "pré-industrial" trabalhava de acordo com as estações do ano, e com isso em determinada época do ano existiam pausas para repouso, cantos, jogos, celebrações e cerimônias, que neste momento ainda não podiam ser chamadas de "Lazer", na análise de DUMAZEDIER (1976).

Já no século XIX, com o desenvolvimento da indústria, a população rural foi atraída para as cidades, devido às ofertas de empregos e em busca de melhores condições de vida, as quais passam a ter mais de um milhão de habitantes. Esse aumento significativo de pessoas gerou enormes problemas sociais com o adensamento das cidades. Problemas estes de ordem ambiental devido à falta de saneamento e o problema da segregação social, com a diferenciação no modo de vida das classes e a criação e/ou o aumento das favelas.

Com a invenção da máquina e de novos métodos de trabalho, as pessoas, que antes ditavam suas horas, não tinham tempo livre para lazer, pois, submetiam-se a buscar empregos nas fábricas, trabalhando muito, chegando a atingir uma carga de até 84 horas semanais de trabalho, utilizavam o resto do dia para recuperar as energias e para desenvolver uma cultura própria. Trabalhavam nesse ritmo homens, mulheres e crianças de qualquer idade que trabalhavam até quatorze horas por dia para ajudar no sustento da família. Com isso, a saúde das pessoas era muito debilitada, devido à carga horária, a carga de trabalho, ao tédio da mecanização e da rotina nas fábricas.

A revolução industrial desencadeou profundas alterações na vida social (MEDEIROS, 1975), tornando o trabalho mais fragmentado, tanto na execução como na organização do gerenciamento, implicando, assim, uma maior fadiga para os nervos. E com isso, após o fim da Primeira Guerra Mundial, entram em campo as classes trabalhadoras lutando por melhores e mais humanas condições de vida e de trabalho, cuja maior razão conscientizar as pessoas da necessidade de um período de tempo dedicado ao repouso e à evasão.

A partir de 1831, uma série de leis foi estabelecida na Inglaterra para diminuir o número de horas do trabalho infantil e das mulheres, alterando em seguida, a jornada de trabalho dos homens que ficou fixada em 8 horas diárias, tornando obrigatório o descanso semanal aos domingos e feriados, inicialmente ligados às festas religiosas (MEDEIROS, (1975)), as férias remuneradas e a aposentadoria.

No século XIX, com a expansão e o avanço da tecnologia, o padrão de vida sofreu transformações radicais, como o aperfeiçoamento dos meios de comunicações e de transporte, fazendo mudar assim, o ritmo acelerado de vida das pessoas.

Segundo MEDEIROS (1975), junto a todo o progresso e a esse ritmo acelerado de trabalho, cresciam também as dificuldades de conviver nos centros urbanos aglomerados com competições e choques de interesses, fazendo assim crescer o desgaste emocional e as tensões.

Para aliviar esse caos começam a surgir os primeiros espaços de lazer, que antes eram destinados à burguesia, como jardins públicos, clubes, etc.

Diante de tudo isso, administradores e legisladores foram reconhecendo a necessidade da recreação e do bem estar da sociedade, ampliando assim, acomodações para suas práticas, visando repousar não só o físico, mas principalmente a mente através do lazer.

O conceito de lazer

           O Lazer é um fenômeno moderno que, cada vez mais ganha espaço no âmbito social e acadêmico, respectivamente inserindo-se na vida das pessoas dentro das comunidades, e nas discussões acerca de seus potenciais e reflexos no mundo em que vivemos.

Os melhores e principais trabalhos realizados a respeito do lazer no Brasil, fundamentam-se nas teorias do sociólogo DUMAZEDIER (1976), que define lazer como sendo:

Um conjunto de ocupações às quais o individuo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 1976, p. 34).

Próximo a este conceito está o de CAMARGO (1989) que define como:

Um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizadas num tempo livre roubado ou conquistadas historicamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstica e que interferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. (CAMARGO, 1989).

Diante disto, percebe-se que o lazer pode ser considerado como qualquer atividade que venha a proporcionar descanso, quando possibilita a reparação das energias físicas e mentais dos indivíduos ocasionados pelos trabalhos e pelas diversas obrigações cotidianas; prazer e divertimento, quando rompe com o ritmo de vida através da recreação e do entretenimento; e o desenvolvimento, quando proporcionam as pessoas a desenvolverem a personalidade através da participação e da sociabilidade, com mais liberdade.

Não importa as diferentes interpretações que se possa dar à palavra lazer; o que importa é que o lazer se dá pelo fato de se configurar como espaço de transformação social e de colaboração para a construção de novas normas de convivência e estabelecimento de novas relações entre as pessoas, podendo também ser entendido como lugar de execução da cidadania e da liberdade, de forma a contribuir para a formação do ser humano.

Tipos de lazer

Existe hoje uma classificação que divide o lazer em cinco tipos¹, são eles:

·Lazer contemplativo – são aqueles que predominam a beleza plástica, ou seja, tudo aquilo considerado bonito e agradável de ser visto. Este tipo de lazer é muito importante, pois, vai mostrar ao usuário o respeito pelo uso, diminuindo assim, a degradação e/ou depredação. Além disso, gera agradáveis sensações de repouso mental, de bem estar, de relaxamento, entre outros.

·Lazer recreativo – é o tipo de lazer que faz uso da terapia ocupacional das pessoas. Para as crianças, seriam os parquinhos, o playground, as praças, e para os mais velhos, os locais com bancos fixos e mesas para jogos de cartas, dominós, xadrez, conversas, etc.

·Lazer cultural – é o lazer que envolve a cultura de alguma forma, seja ela de apresentação, de ensinamento ou de conhecimento. É o tipo de lazer que, além de satisfazer o desejo de diversão e entretenimento, é indispensável para a produção de conhecimentos que contribuam até para a solução dos graves problemas que comprometem o desenvolvimento do País. Este tipo de lazer necessita de espaços bem projetados para a realização de manifestações culturais, apresentações teatrais, musicais, entre outros.

·Lazer esportivo – é uma realidade que propõe benefícios à saúde física e mental dos freqüentadores. Esse tipo de lazer necessita de espaços como, campo de futebol, quadras poliesportivas, pistas de Cooper, área para ginástica, piscinas, e/ou qualquer equipamento para a realização da prática esportiva.

·Lazer aquisitivo – seriam os equipamentos ou edificações destinados às compras de objetos de uso pessoal ou doméstico como shoppings, feiras de artesanatos, hipermercados, restaurantes, lanchonetes, barraquinha e, etc., onde as pessoas também freqüentariam para passear e trocar idéias.



[*]  - Arquitetas formadas pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).


Autor: Luana Morais Sá


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