A Maldição da Lenda - O mundo Virou de Ponta Cabeça...







CAPÍTULO TRINTA
O mundo Virou de Ponta Cabeça...

Os moacaras interrogavam cada detentor do segredo, mas viam a determinação de o manterem guardado até que a morte lhes fechasse os olhos. Entraram em conferência e chegaram à conclusão de que nenhum teria revelado, tal a obstinação de serem fiéis aos filhos de Tupã, deixando no ar as interrogações, Teria havido um traidor? Não seria uma triste coincidência? Estaria alguém mentindo? Onde estaria a verdade? Levariam a Boitatá a conclusão com as dúvidas? Se levassem, ele se contentaria ou continuaria insistindo na descoberta de um traidor?... Sim, esta deveria ser a atitude de Boitatá. Se eles bem o conheciam, ele não aceitaria uma solução parcial. Se havia uma suspeita, ele somente se comformaria depois da verdade esclarecida. Alguém poderia estar em viagem ou morto. Por que não?... Era muito provável que houvesse um traidor e que não estivesse na Reserva. Muitos haviam se deslocado para outros centros ou zonas rurais, em busca de trabalho... Recentemente, um tinha morrido e, coincidência ou não, era dado ao vício da embriaguez. Se fora ele, como provar? Alguém teria visto? Quem era mais chegado a ele? Quem costumava acompanhá-lo nas bebedeiras? Ele era mestiço, apesar de descendente do cacique Jutorib, o que traz a alegria... estaria na Reserva? Era preciso apurar...
Incansavelmente, reiniciaram com a fila, bem maior que a anterior. Enquanto da outra vez eram interrogados só os descendentes do cacique, esta era só para testemunhar os laços mais chegados do meio-índio Abunã, e saber se ele traíra o segredo, enquanto bebia uma das famosas carraspanas. Ele jamais poderia informar, pois jazia debaixo de sete palmos de terra, desde três dias antes.
* * * * *
Alberto lembrou-se do acerto com Agnelo e concluiu que não havia mais motivo para ocultar nada. A causa do sigilo eram as ameaças de morte e incêndio da farmácia. Cessada a causa, o efeito desaparecia. Pegou o telefone e ligou:
_ Papai, o que descobriu na contabilidade?...
_ Nada, ainda, filho. São muitas notas fiscais, muitas notinhas, muitas passagens, e estou retroagindo no tempo, mesmo depois que eu assumi. Apesar do cuidado que sempre tive, nunca se deve confiar na continuação daquilo que começou errado, ainda mais num caso como este. Sabe, filho, você me ensinou uma grande lição. Eu pensava que as coisas se resumissem nos acordos e nos acertos de detalhes, mas você provocou uma reviravolta tão grande na nossa História que jamais alguém nesta cidade terá coragem de ao menos pensar que qualquer atitude do ser humano seja impossível!...
_ Ora, papai, não exagera! Olha, eu liguei pra dizer que não temos mais motivos pra ocultar o levantamento, e queria saber se a Câmara de Vereadores pode instaurar uma CPI e enfiar o nariz nessa merda que está aí?!...
_ Ih! Filho, você acha mesmo necessário?...
_ No ponto em que chegamos? Pode ter certeza!... Falei com o sargento e o dono da ENGETEC, no Rio. De algum modo, colocaram os caminhões dele no contrabando e pelo menos uma parte dos funcionários está envolvida. Não entendo é por que os maiores suspeitos são os que mais parecem inocentes. Parece até que o bando é formado de fantasmas. Os que aparecem são fichinhas. É um atira-dor no hospital com uma bala na cara, outro que entra pra matar um defunto, outro mariquinhas mais frouxo do que uma galinha, é um Zé de Ticha que morre embriagado com uma pedrada na cabeça... Meu Deus, será que não vamos furar esse bloqueio?... Será que esses caras são tão invulneráveis assim?... E, o pior, papai, é que eu sei quem é o chefão, o grande filho da puta causador disso tudo, mas parece que ele tem uma capa de aço ao seu redor... Tudo que eu tento pra conseguir uma prova contra ele, logo surge uma parede e barra tudo!...
_ Filho, você sabe quem é o chefe da quadrilha e não diz nada a ninguém? Por que é que você faz segredo disso, sabendo que nossas vidas estão em perigo?
_ Não, papai, nossas vidas não estão mais em perigo. Temos tudo sob controle e ele está tão apertado que não sei nem como é que ainda consegue comer, dormir e conversar. Mas eu boto a mão nele, e quando acontecer, quero que todo mundo esteja bem ciente, pra não ter nenhuma sombra de dúvida. Aquele filho de uma puta!... Mas vamos à CPI. Como fazemos pra contatar a Câmara?
_ Vou verificar ligo, OK?...
_ O senhor sabe que isso vai provocar uma futricagem dos diabos, não é? Vão revirar pedra de sobre pedra e a lama todinha vai aparecer, não é?...
_ Bem, filho, acho que é um risco que temos de correr, pra lavar a honra dos que são inocentes e botar os culpados na cadeia. Vamos à luta?
_ Vamos à luta!...
* * * * *
Cabelos esguedelhados e olhos vermelhos, depois que o patrão desligara com tão duras palavras, Boni pensava no modo mais rápido de pôr um fim naquele pesadelo que o arrastava ao fundo do poço, quando o telefone tilintou, chamando-o a uma realidade que considerava distante. Por quê atender àquela chamada, se não mais lhe dizia respeito? Por quê se interessar pelos problemas da EnGETEC, se dedicara os últimos dez anos da sua vida, colocando o que tinha de melhor, o amor pela família, os amigos, o lazer, os esportes de que tanto gostava? Tudo?... Meu Deus!... O que foi que aconteceu? Será que o destino havia lhe tramado alguma peça de terrível sabor? Será que aquilo não era uma brincadeira de primeiro de abril?... Não!... Era uma realidade muito brutal, para ser brincadeira!... Tão brutal que havia meia hora não fazia outra coisa, senão chorar desesperadamente. Somente uma coisa lhe acudia a mente, morrer... Só queria desaparecer daquele cenário macabro que lhe destruíra a vida... Mas como?... O que fazer para dar cabo daquele sofrimento e deixar de ser? Ele ainda se sentia muito real, muito palpável, para isolar-se, como num passe de mágica, e tinha de ser forte. Tinha de superar aquele transe infernal... Milhares de legiões de demônios o assediavam a encerrar aquele ato, no teatro existencial, mas algo mais forte lhe dizia que não era o momento... Aquele tilintar insistente o chamava à realidade, sua mulher, seus filhos, suas responsabilidades... Mas doía-lhe a brutalidade com que fora recebido pelo Dr. Carlos. Ele passara um tempo enorme tentando falar para dizer que estivera na delegacia e ele ainda não tinha chegado... Quando teve certeza de que estava no escritório, as ligações davam sinais de ocupado, até que logrou conseguir ser atendido pelo Dr. Carlos, para ouvi-lo chamar de salafrário e chutar mesmo à distância, como não se faz nem com o mais sarnento dos cães de rua. O que mais doía, não era nada disso. Compreendia que à distância, qualquer boato pode parecer a mais dura realidade, mas sim o direito a defesa que lhe fora arrancado, tão brutalmente, como se arranca a erva mais daninha da plantação. Não!... Por mais revoltado que estivesse, não poderia ter dado aquele tratamento. Ele era inocente, e poderia provar com a mais convincente das testemunhas, a sua consciência... Mas era tarde... Aquela empresa que fosse para o inferno... Aquele telefone desgraçado que se lixasse... Mas ele parecia não querer parar de importuná-lo... Será que quem quer que estivesse do outro lado não percebia que ele estava sofrendo muito e não queria falar com ninguém?... Pois bem, ele diria, então, e ficaria livre do tilintar ensurdecedor, que não o deixava em paz. Pegou o fone e colocou no ouvido, para dizer toda a verdade... Dizer que ele, o famoso Boni, da ENGETEC, não passava de um bolo de estrume... Estrume, não... Ele não passava de um monte de bosta da mais fedorenta... Ele estava acabado e tinha de falar para todo o mundo e acabar com a ilusão boba de acharem que ainda era o grande da ENGETEC, em Serra Dourada, o encarregado das obras que matariam a fome do MENOR ABANDONADO. Quanta ilusão!... Quanto sonho idiota!... Ele não era zorra nenhuma, e tinha de começar falando com aquele besta que insistia tanto em falar com ele. Não havia mais assunto nenhum que ele pudesse decidir... O substituto estava vindo, e era só uma questão de horas. Naquela mesma noite ou no outro dia, podia até imaginar quem seria o pau-pra-toda-obra, como ele fora por muitos anos, entrar pela porta e dizer: Pô, Boni, cumé que cê foi se meter nessa, cara? Você não sabe que o Dr. Carlos não admite trambiqueiros na empresa?... Mas ele também diria a mesma coisa, pois assim era o Dr. Carlos e eles não eram só amigos. O pessoal da ENGETEC era uma família, e o que mais lhe doía era exatamente ser arrancado da irmandade, sem direito ao menos de se defender. Meu Deus, por que foi acontecer logo comigo?... Será que eu sou o mais desgraçado dos homens?...
_ Ligue amanhã. Eu já não sou mais nada nesta empresa!...
_ Boni?!...
_ Dr. Carlos?!... Mas... mas... mas... Dr. Carlos?!... Não pode ser o senhor!... Não posso acreditar!... O que o senhor disse!... Eu ouvi o senhor dizer!...
_ Boni, o sargento Argolo está comigo e estava dando a notícia, quando você ligou. Depois, ele ligou pro delegado Alberto que me contou o que aconteceu desde ontem e se mostrou o melhor dos advogados que você jamais poderia ter. Olha, Boni, eu estou indo praí, mas quero que você me diga o que sabe dessa história?! Você tem alguma culpa no caso, ou apenas não viu o que se passava ao seu redor? Preciso ouvir de você a verdade!...
Ainda embasbacado, mal conseguindo articular, pôde apenas balbuciar:
_ Dr. Carlos, o senhor me conhece... Eu só queria morrer!...
_ Boni, por Deus, levanta essa cabeça!... Eu não vou demorar a chegar aí. Liga pro delegado e faz o que ele precisar pra descobrir quem são os culpados nessa patifaria, que eu vou rodar com o sargento, pra ver quem está usando os caminhões pra contrabandear urânio. Você tem alguma coisa a dizer?...
_ Sim, Dr. Carlos, Deus lhe pague. Eu ia acabar com a minha vida. Só a lembrança da minha mulher e dos meus filhos estava impedindo, mas a dor de ser despedido sem direito a defesa estava sendo mais forte do que tudo no mundo. Eu não estava agüentando mais... Deus lhe pague, Dr. Carlos. Vou ligar pro delegado, e dizer o mesmo!...
_ Tá, Boni, liga. ? Disse, emocionado. ? Temos muito serviço a fazer!...
_ Até breve, Dr. Carlos, e muito obrigado, mesmo!...
Boni desligou o telefone, fechou os olhos, juntou as mãos e disse:
_ Meu Deus, muito obrigado por tudo. Eu não mereço tanto!...
Sem perda de tempo, discou o número da delegacia.
* * * * *
O Dr. Carlos olhou o sargento, deu um suspiro, meditou um pouco e disse:
_ Pobre Boni! Tão trabalhador, tão responsável, tão diligente. Achei que fosse um pouco mais forte. Imagina que desde a hora que telefonou, só porque desliguei o telefone sem lhe dar o direito de defesa, o único pensamento foi o de suicídio, como se resolvesse alguma coisa. Se não o fez, na verdade, foi porque sabia que ao enfrentar as regiões umbralinas, do outro lado da sepultura, não teria contemplação, pois o juízo é reto!...
_ O que quer dizer, Dr. Carlos? O que são regiões umbralinas?...
_ Realidade existencial, sargento. Quem achar que depois da longa viagem, está livre da problemática que se encontra, está enganado, e vai chorar lágrimas dolorosas. Nós temos lido e conversado a esse respeito, mas nunca passou para nós de mera filosofia. Hoje, porém, como o senhor viu, tivemos o amparo necessário para as nossas fraquezas materialistas. A alma humana, meu amigo, é comparada ao fogo que depende de uma fonte para existir. Se você ateia fogo a um monte de palha, enquanto tem palha, tem fogo. Quando ela acaba, o fogo apaga. Com a alma, acontece o contrário, pois ela depende da FONTE ETERNA DE E-NERGIA que emana diretamente do Criador do Universo, em forma de Luz, que proporciona desde o mais simples farfalhar do vento às mais complexas estruturas cósmicas, permitindo que uma formiguinha seja um Universo dentro da incessante movimentação das Galáxias. O inferno, nada mais é do que a própria consciência que, como a criança diante dos pais, quando comete um deslize, curva-se envergonhada, sem coragem de encará-los, mas quando sente o seu interior vibrar com algum ato virtuoso, corre alegre pra contar o feito, esperando os elogios e a recompensa. Assim também, ocorre com a alma humana, diante da Luz Divina. Se a consciência é limpa, não se envergonha de estar na presença de Deus, mas se há alguma mácula, a vergonha queima como o fogo do inferno, temendo que jamais a esponja do tempo a apague. Mas a bondade divina é infinita e basta que um pensamento de amor seja emitido pela alma pecadora, e um raio de luz com igual ou maior intensidade lhe penetre o âmago, dando paz e a certeza do triunfo na espera!... Assim é a vida, e assim caminha a humanidade. Amemo-nos uns aos outros e Deus estará conosco, odiemo-nos e o inferno estará plantado nos nossos espíritos, até que a nossa própria conscientização interior permita vislumbrar através dos milênios a grandeza e a infinita misericórdia de Deus. Mas para que isto ocorra, é necessário que a alma retorne centenas, milhares de vezes em carnais diferentes. A centelha ou fôlego sai do Criador simples e inocente, para retornar simples e consciente, depois de todo o processo de aprendizagem que leva a atingir o ápice da pureza espiritual, conhecimento científico e capacidade de análise filosófica. Este é, decididamente, o simbolismo da Escada de Jacó, relatado na Bíblia Sagrada. O assunto é vasto e depende de longas dissertações, mas se o senhor se interessar, pode começar acreditando que as explicações para tão transcendentais questões mora na firmeza que damos ao crédito em tais misteres, o que tem recebido através dos tempos o nome de FÉ. No momento, não creio ser oportuno enveredarmos mais... Mas como vamos estar hoje e quem sabe por quanto tempo mais, juntos, convido o senhor a se hospede comigo, e teremos chance de conversar. E por falar em hospedagem, vou colocar um carro à sua disposição para que se desloque com facilidade. Quer com ou sem motorista?
_ Com motorista, por favor!... Já dirigi aqui, mas faz há muito tempo e o caso é urgente. Vou devolver o da locadora. Não sabia quanto ia ter de rodar!...
_ Como estão sendo financiadas essas despesas?...
_ Vou deixar as explicações pro delegado, que designou a missão!...
_ OK!... Foi só curiosidade. Qual o primeiro passo a ser dado?...
_ Pra começar, por que alguns dos seus caminhões estão sem o logotipo?...
_ Uma empresa como a minha tem uma rotatividade tão grande na compra e venda de veículos que nem sempre tem tempo pra pintar. Nada de surpreendente. Algumas empresas de ônibus, quando compram de segunda mão, via de regra, trazem características da anterior. É muito relativo!...
OK! De que maneira esses caminhões fogem do controle do seu chefe de transporte e vão para tão longe, carregar contrabando?...
_ Eles viajam pra muitos lugares, e só o Jorge pode explicar!...
_ Vamos verificar isso?...
_ Claro!... ? ao interfone ? Dona Marilda, por favor, chame o Jorge, com a pasta dos caminhões. Transfira as pessoas pro Bonnelli. Não posso atender!...
* * * * *
_ Jorge, veja onde estava o caminhão VK-5802, no dia, qual foi a data?...
_ 25 de julho do ano passado!...
_ Pois é!... 25 de julho do ano passado!...
O homem folheou algumas páginas e disse:
_ Estava alugado à PAVICONST, Pavimentação e Construção, dirigido pelo Valfredo. Regressou com 65.236 quilômetros rodados!...
_ Muito bem, agora, veja onde se encontra o de placa XV-0763?!...
Folheando a pasta, Jorge deixou transparecer uma certa surpresa, e disse:
_ Coincidência!... Também alugado à PAVICONST... Ela é do Roberto!... Algum problema com os caminhões? Ele trabalhou aqui!...
_ Mais ou menos!... Dá um tempo!... O que fazemos, sargento?...
_Acho que devemos ligar pra lá e dizer que tem de fazer um serviço de caixa de marcha, emplacamento, qualquer coisa, pra trazerem rápido!...
_ Ouviu, Jorge?... É rápido!...
_Posso ligar daqui?...
_ É mais rápido!...
Jorge pediu notícia e informaram que estava em Serra Dourada, apanhando um carregamento de madeira. Passou a informação e o Dr. Carlos exclamou:
_ Salafrários!... Alugam caminhão de outra empresa e jogam como isca. Se é apanhado, o ladrão é aquele que está com o furto na mão...Caminhão da ENGETEC, contrabandista ENGETEC!... Graças a Deus, sargento, o senhor está vendo. Que seria de mim, sem o seu testemunho?... ? Concluiu, num lamento.
_ Dr. Carlos, posso saber o que há com os caminhões? Afinal, eles estão sob a minha responsabilidade!... ? Disse Jorge, quase aborrecido.
_ Claro, Jorge, claro!... A coisa é simples, o sargento Argolo é da polícia de Serra Dourada. Há um ano, um delegado de lá foi assassinado e esta primeira placa estava anotada num papel, na agenda dele. Agora de manhã, o outro foi preso, depois que pegou o carregamento de madeira e também um extra de urânio, que está sendo extraído clandestinamente e mandado pra cá. Entendeu?...
_ Claro, Dr. Carlos. Mas, quem está usando os caminhões da ENGETEC?...
_ É isto que temos de descobrir. O mais difícil já foi feito... Agora, vamos à polícia, registrar uma queixa, depois à Polícia Federal e meter aqueles pilantras na cadeia. Gasto quanto for preciso, mas não vão passar de liso, abusando da nossa boa fé. Nem uma palavra sobre isso com ninguém, OK, Jorge?...
* * * * *
Aquela manhã foi dedicada ao trabalho policial no registro das queixas. Omitiram, que o contrabando era de urânio e disseram que se tratava apenas de minério. Com um laudo de cada queixa, solicitaram averiguação imediata e prometeram um mandado judicial urgente, de Serra Dourada.
Com as queixas e valendo-se da condição do sargento, foram para a PAVICONST. Exibiram ao proprietário e exigiram satisfações do uso dos caminhões, mesmo sabendo que se entregavam como cordeiros no covil dos lobos, mas, confiando na boa estrela de cada um. Depois de ler os documentos, o proprietário desatou num rosário de lamentações e impropérios contra o Dr. Carlos, que ouviu as ponderações do sargento e declarou:
_ Roberto, nós não viemos criar caso. Só queremos saber o que vocês estão fazendo com meus caminhões, porque o XV-0763 está preso em Serra Dourada, e só Deus sabe até quando. Pelas aparências, a culpa é toda nossa, que somos os proprietários. Hoje, cometi um grande erro em acusar Boni de pertencer a essa quadrilha. O delegado o isentou, e não quero cometer a mesma falta. Quero que saibam de onde partiram as denúncias, antes que cheguem as investigações. Só espero que, assim como Boni, você consiga provar a sua inocência. Vamos ver o que podemos fazer para retirar o caminhão, pois está provado que tem gente da ENGETEC envolvida na quadrilha.
_ Dr. Carlos, o senhor não está pensando que eu tenho alguma coisa a ver, não é?... Sabe que eu sempre trabalhei certo, e não sou trambiqueiro, não é?...
_ Quem vai decidir é a polícia!... O que eu achei que era minha obrigação, eu já fiz, que foi ver o caminhão e avisar do contrabando. O resto é com vocês e a polícia!... ? Novamente, atendeu às ponderações do sargento e se retirou a fim de cuidar dos outros afazeres. Naquele local, não tinham mais nada a fazer...




Autor: Raul Santos


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