A FILOSOFIA NO MUNDO



"A VERDADEIRA FILOSOFIA É REAPRENDER A VER O MUNDO" (Merleau-Ponty)

A filosofia está presente em nosso mundo, ela rompe os quadros do mundo para lançar-se ao infinito e aí encontrar seu fundamento histórico sempre original. Certo é que tende aos horizontes mais remotos, situados para além do mundo, afim de ali conseguir a experiência do mundo. Nem mesmo a mais profunda meditação terá sentido se não se relacionar à existência do homem, aqui e agora.
A filosofia entrevê critérios últimos, procura à luz do impossível, a via pela o homem poderá enobrecer-se em sua existência empírica. A filosofia dirige-se ao indivíduo, dá lugar à comunidade, movidos pelo desejo da verdade, e quem se dedica a filosofar gostaria de ser admitida nesta comunidade. Ela está neta mundo e não poderia fazer-se instituição sob pena de sacrificar a liberdade de sua verdade. O filósofo não pode saber se integra a comunidade, mas deseja pelo pensamento viver de tal forma que a aceitação seja possível.
A filosofia é demasiado complexa, está além do meu alcance, isso equivale a dizer: é inútil o interesse pelas questões fundamentais da vida; cabe abastecer-se de pensar no plano geral para mergulhar num capítulo qualquer de atividade prática ou intelectual e o resto bastará ter "opiniões" e contentar-se com elas.
O instinto vital odeia a filosofia. Se eu a compreendesse, teria de alterar a minha vida. Adquiria outro estado de espírito, verias as coisas a uma claridade insólita e reveria meus juízos.
A filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. É a perturbadora da paz. A filosofia busca a verdade nas múltiplas significações do se-verdadeiro segundo os modos do abrangente. A verdade não é estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito.
No mundo, a verdade está em conflito perpétuo e a filosofia leva este conflito ao extremo. Quem se dedica a filosofia põe-se à procura do homem, observa o que ele faz e se interessa por sua palavra e ação.
A dignidade do homem reside em perceber verdade. Só a verdade o prepara para a verdade, pois a veracidade sem reservas coincide com o amor.
Aquele dedica à filosofia quer viver para a verdade. Vá para onde for, sejam quais forem os homens que ele encontre está sempre interrogando. O "sim" para a vida é a grande aventura, porque permite a realização da razão, da verdade e do amor.
Para Platão poucos homens são aptos para a filosofia e só adquirem aptidão depois de muita preparação. Para Plotino há dois tipos de vida na terra, Spinosa só espera a filosofia do homem excepcional e Kant diz que a filosofia está aí para todos.
O que está isolado poderá expandir-se; o que hoje não encontra eco poderá encontrá-lo amanhã, e o que para real para reduzido números de pessoas poderá tornar-se a realidade suprema de uma época, para libertar-se é inevitável que a verdade desça as massas, ao burburinho sonoro dos homens.
No mundo, a filosofia está consciente de sua impotência. Desperta poucas respostas e não dispõe de nenhum poder de modelar o mundo. Mas a filosofia está longe de ser importante no que diz a respeito ao indivíduo. Ela constitui a grande força que leva ao homem a encontrar o caminho para a liberdade e possibilita a independência interior e esta não permanece vazia.
A independência do filósofo torna-se falsa quando se mescla com o orgulho. No homem, o sentimento de independência acompanha o sentimento de impotência e o filosofar dá-nos lucidez total acerca de várias formas da nossa dependência, mas em vez de permanecermos esmagados por nossa impotência encontramos a recuperação.
Nossa época vive entre dois abismos: a ruína do home e do universo, com a extinção da vida terrena e recuperar o ânimo, dando surgimento ao homem autêntico, surgindo possibilidades infinitas.
O papel da filosofia e não deixar-nos iludir e descartar nenhum fato nem possibilidades. Encara a catástrofe possível e faz surgir à inquietude. Se fosse vigorosa em sua elaboração poderia tornar-se instrumento de salvação.
Nenhum pensamento concretizado, nenhum conhecimento, nenhum dos enigmas mencionados pode adentrar a eternidade. Mas, para além de todos os enigmas, o pensamento penetra no silêncio pleno de insondável razão.


Autor: Guilherme Campelo


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