O Papel da Família da Prevenção da Gagueira



Luciléia Rocha de Souza
Pedagoga pela UNIR ? Universidade Federal do Estado de Rondônia
Psicopedagoga Clinica e Institucional pelo UNASP ? Campus de Engenheiro Coelho.
[email protected]

Resumo: Este artigo contemplará a problemática envolvendo a gagueira, conceituando-a, demonstrando seus efeitos negativos sobre as crianças que a manifestam e fornecendo aos pais ou responsáveis informações que podem ajudá-los a lidar com essa situação minimizando as consequências. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que serve de instrumento para todos os pais e ou educadores que lidam com crianças em idade de formação da fala que tanto necessitam de orientação e ajuda para lidar com este tema sobre o qual há muitos mitos e preconceitos.

Palavra-chave: gagueira, fala, fluência, auto-estima, criança.

Abstract: This article will contemplate a problematic that was involved the stutter forming an opinion about and demonstrating their negatives effects over children that manifests and give to their parents or responsible informations that can help them dealing with this situation and minimize the consequences. It is a bibliographic study that serves as instrument to all parents or educator that toil with children in their begging speech formation age and really need orientation and help to dealing with this issue which are many myths and prejudices.

Key-words: stutter, speech, fluency, self-esteem, child.

Introdução

Nos últimos anos muitos males têm afetado a vida das pessoas. Alguns são mais modernos, outros já vem atravessando décadas. Destes males, uma boa parte deles tem nos acompanhado durante muitos séculos. A disfunção que será abordada neste artigo é por nos conhecida há milênios, contudo apesar de ser algo tão antigo verifica-se que nos artigos, livros, sites e revistas e outros estudos que abordam a temática há muito comentários, embora pouco se tenha descoberto sobre a cura e também paralelamente sobre sua origem.
A proposta deste estudo é abordar o tema da gagueira, conceituando-a, apontando os principais momentos em que ocorre, demonstrando os prejuízos causados ao indivíduo e finalmente apresentar algumas soluções que podem ser tomadas por pais e ou responsáveis para a cura ou pelo menos a diminuição de seus efeitos.
Por ser tratar de um tema tão amplo que ainda possui um grande universo a ser pesquisado não há por parte da autora o objetivo de esgotar o tema e tão pouco trazer todas as respostas. O objetivo é somar aos esforços já realizados nesta área.
O foco do presente artigo são os pais de crianças em formação da fala. O propósito é trazer algumas sugestões de como ajudarem seus filhos a não desenvolverem este distúrbio, uma vez que se sabe quanto constrangimento isto causa na vida das pessoas, privando-as muitas vezes de um convívio social saudável, afetando seu desenvolvimento profissional e diminuindo sua autoestima que é tão importante para que ele seja um cidadão ativo.
Em geral, as pessoas que sofrem com a gagueira são retraídas, têm vergonha de falar em público e perdem algumas oportunidades, pois, apesar de ser algo insignificante, traz muito incomodo tanto para quem fala quanto para quem ouve.
Nada menos que sessenta milhões de pessoas no mundo apresentam a gagueira. Uma desordem que tem desafiado a medicina há séculos. Aflige indistintamente todas as camadas sociais ? crianças, adolescentes, adultos e idosos, diretores de empresa e chefes de estado, líderes políticos, atores e atletas profissionais. Ela deixa muitas famílias confusas e provoca reações de desrespeito entre pessoas desinformadas. Munir os pais e educadores a empreender todos os esforços para que a gagueira não se instale definitivamente na criança é o objetivo do presente estudo que apresenta dados científicos e também alguns de ordem prática, que se estudados e colocados em prática pode servir de grande ajuda na luta contra essa disfunção que tanto prejudica o desenvolvimento integral do ser humano.

Definição de gagueira

Muitas são as definições que os estudiosos têm dado a este distúrbio. Para Thomas David Kehoe (2006, p. 14):

Gagueira é uma desordem na fala fora do comum contendo uma repetição e prolongação de sons ou sílabas; bloqueio da fala com pausas em silêncio em que as cordas vocais da pessoa se fecham e impedem a passagem de ar e a pronuncia de sons desorganizando o ritmo da claridade da fala.

Ainda na visão do autor (2006, p. 14) a gagueira inclui uma intensa atividade nos músculos que produzem a fala, especificamente aqueles que estão envolvidos diretamente com a respiração, cordas vocais e articulações (lábios, maxilar e língua). De caráter involuntário, ocorre tipicamente nos primeiros sons das palavras.
Nas palavras de Friedman (1986, p. 07):

A gagueira pode ser descrita como repetições, hesitações, bloqueios e tremores visíveis na atividade de fala acompanhados ou não de secundarismos verbais, isto é, de sons, silabas ou palavras desnecessárias que se somam a mensagem veiculada e verbal, estranhos à atividade de fala convencional.

Outra definição que nos ajuda a conceituar esta disfunção vem dos escritores Chevrie-Muller; Narbona (2005, p. 340). Eles caracterizam a gagueira por:

Pausas e interrupções que obstruem a fluência e velocidade natural da fala. Estas pausas e ou interrupções podem tomar a forma de repetições de sons e das sílabas, prolongamento de sons, interjeições, interrupções de palavras (pausas no curso da palavra), bloqueios audíveis ou silenciosos (pausas durante o discurso, preenchidas por outra coisa ou vazias), circunlocuções ? para evitar as palavras difíceis, substituindo-as por outras, tensão física excessiva acompanhando a produção de determinadas palavras ou repetições de palavras monossilábicas inteiras. Em todas estas situações a fala pode soar forçada, tensa ou espasmódica.

Nas palavras de Krause (1982, p. 12):

A gagueira é um distúrbio da infância que começa e se desenvolve usualmente ao mesmo tempo em que a fala é adquirida, de forma que a natureza do estresse e demandas conflitivas está centrada em torno da transmissão de valores e expectativas dos pais para as crianças.

Seguindo o raciocínio do autor (1982, p. 12) podemos deduzir que a gagueira é o resultado de experiências passadas com dificuldades de fala geradas pela expectativa dos outros significativos para com o individuo, de acordo com valores assumidos em uma dada sociedade e projetados sobre ele. Também podemos inferir que os indivíduos gagos tipicamente têm lembranças negativas em relação a sua fala na infância.

Causas e os danos que a gaguez traz às pessoas

A voz está intimamente ligada com a personalidade de cada pessoa, pois é a emancipação de sua afetividade, de sua sensibilidade, bem como o reflexo de sua individualidade fisiológica e psicológica (CLAIRE DINVILLE, 2001, p. 03). A partir da fala desta autora fica mais forte a convicção de que a gagueira traz sérios danos emocionais, uma vez que a fala algo tão precioso para a convivência em sociedade sofre bloqueios, causando constrangimentos.
Saber falar, comunicar, transmitir o que se pensa são necessidades do homem. Ele se inferioriza quando é limitada sua linguagem. Quando alguém tem a linguagem oral prejudicada é que passa dar o verdadeiro valor a cada palavra (PEDRO BLOCH, 1982, p. 05).
A ciência e seus estudiosos ainda não descobriram o que causa a gagueira, mas pesquisas recentes parecem sugerir que ela se demonstra no indivíduo a partir de uma combinação de fatores. Os que estão ligados à genética são relevantes, pelo menos em alguns casos. Quando se há antecedentes na família parece mais razoável que gagueira se desenvolva.
Estudos mostrando imagens do cérebro têm apresentado significantes diferenças entre a atividade cerebral de pessoas gagas e a atividade de falantes fluentes. Eles também têm apresentado que há manifestação da gagueira, pelos menos, em pessoas que não manifestam a disfunção em todos os momentos, é quando há uma maior expectativa quanto ao bom desenvolvimento da fala, como em uma entrevista para um trabalho, um discurso público ou diálogo com pessoas que têm maior autoridade. Nestes momentos tenta-se insistentemente, há tensão, gagueira, mais tentativas, mais gagueira e desta forma entra-se num ciclo vicioso.
A maior frustração é que a pessoa se esforça para não manifestá-la e não consegue impedir. Alguns gagos têm manifestações físicas extremas. Alguns escondem a gagueira ao substituir ou evitar palavras, mas são incapazes de livrarem do medo e da ansiedade em conversar formais. Um gago pode recusar promoções que requeiram o uso da fala ou até mesmo evitar uma inteiração social quando esta exige que ele fale.
Vários fatores tornam o ato de falar mais fácil ou difícil. O ambiente em que se vive pode levar alguém a ter menos ou mais fluência de acordo com o número de pessoas com as quais tenha contato. Também quando se há alta expectativa dos outros e com si mesma (exemplo: falando ao telefone, respondendo a pergunta de professores, sendo entrevistado para um trabalho) ou quando uma resposta específica é necessária (dizer o nome, telefone ou endereço de alguém, situação essa que exige informações breves e rápidas). Por um lado, em alguns casos estas situações que geralmente deveriam causar estresse acabam aumentando a fluência.
Outros que podem influenciar são os fatores linguísticos. Crianças que manifestam a gagueira geralmente são mais afetadas quando precisam transmitir informações precisas a outrem e quando usam palavras complexas de algumas sílabas. Nesses casos, geralmente tendem a demonstrar mais a disfunção no início das sentenças.
Também os fatores físicos figuram entre as causas para a gaguez. Algumas vezes é mais difícil falar fluentemente, por exemplo, quando se está doente, estressado, cansado, ansioso ou preocupado. Nestas circunstâncias a qualidade vocal pode cair em muito devido ao nível de desgaste do corpo, principalmente quando se unem fatores físicos aos psicológicos.
Na sequencia, temos os fatores psicológicos. A criança pode demonstrar mais problemas na fala dependendo de seus sentimentos sobre sua fala, sua percepção de si mesmo como um comunicador efetivo, e seu entendimento de como as pessoas reagem diante da sua gagueira. Geralmente, crianças que gaguejam não o fazem quando: falam em coro, cantam ou quando falam em voz baixa. É aceito que 5% das crianças com menos de 5 anos passarão em alguns estágios de sua fala e desenvolvimento da linguagem pela fase da gagueira.
As pessoas que possuem a gagueira podem evitar certas palavras ou situações, nas quais, elas sabem que lhes causam dificuldades. Algumas pessoas evitam ou substituem tanto as palavras que pessoas que convivem com elas nem percebem que elas têm o distúrbio da gagueira. Isto é conhecido como gagueira escondida.
Esta perturbação afeta as pessoas de maneiras diferentes e seus efeitos podem variar de acordo com a situação e o contexto no qual elas se encontram. Exemplo: com quem a pessoa está falando; como se sente em relação a si mesma e à sua fala e; sobre o que estão falando. Pode variar de pessoa para pessoa em seus efeitos, frequência e gravidade. Ela não é simplesmente uma dificuldade da fala, mas é um sério problema de comunicação.
As crianças que demonstram essa disfunção podem ter sua confiança e auto-estima comprometidas, tendo ainda suas interações com os outros, afetadas, bem como arruinada sua vida estudantil e profissional. Diante desta realidade entende-se que é muito importante os pais terem o conhecimento necessário para saber como lidar com os seus filhos. Da mesma forma, educadores de crianças em idade pré-escolar, que estão passando pela formação da fala devem estar atentos. O próximo tópico traz orientações a estes dois grupos.

O papel da família na minimização do problema

Muitas são as coisas que chamam a atenção dos pais para seus filhos e entre estas, sem dúvida, está o progresso da fala. Nesta etapa do desenvolvimento infantil a expectativa dos familiares é enorme. A criança, que já era importante, torna-se agora o centro das atenções, sendo assediada por todos. Pais, demais parentes e amigos almejam ver seu avanço o mais rápido possível. Mas, até onde pode ir essa ansiedade de modo a não prejudicar esse momento que é tão importante na vida infantil? Como as pessoas ao redor podem estar ajudando ou ainda mais será que podem vir a prejudicar? Como contribuir para que problemas de linguagem principalmente no que tange a gagueira não se desenvolvam?
Para que os pais possam ajudar é necessário que tenham algumas informações sobre o porquê estes problemas se manifestam. Entende-se também serem necessárias algumas orientações de ordem prática a fim de que alcance a minimização do problema. Este tópico se propõe a essas metas.
Um dos pontos que pode fazer grande diferença na fala é a respiração. Esse é o elemento motor da voz, sendo de total importância, pois fornece a pressão necessária para manter a vibração das pregas vocais. (DINVILLE, 2001, p. 07). Geralmente, não damos a devida importância à respiração, nem percebemos como ela se processa, esquecendo que é essencial para o fornecimento de energia ao nosso organismo, oxigenando o sangue, além de ser básica para emissão de sons.
Segundo Ferreira (1991, p. 55):

Quando a respiração é predominante superior, com elevação do peito movimentação de ombros clavículas, produz-se uma maior tensão na musculatura próxima a laringe, além de levar a uma menor capacidade respiratória, implica um desgaste maior de energia. Desta forma será necessário respirar mais vezes para emitir a mensagem que desejamos

É importante também conhecermos que a gagueira é um distúrbio da infância que começa e se desenvolve usualmente ao mesmo tempo em que a fala adquirida, de forma que, a natureza do estresse e demandas conflitivas deve estar centrada em torno da transmissão de valores e expectativas dos pais para as crianças. Ela é o resultado de experiências passadas com dificuldades de fala geradas pela expectativa dos outros significativos para com o individuo, de acordo com valores assumidos em uma dada sociedade, e consequentemente projetados sobre ele.
Os indivíduos gagos tipicamente têm lembranças negativas em relação a sua fala na infância. Principalmente, de comportamento de não aceitação através de comunicação verbal como: "fale direito, devagar, acalme-se, pense antes de falar" ou em forma não verbal como expressão de desagrado, impaciência ou tentativas de ajuda (FRIEDMAN, 1986, p. 15).
Diante de toda essa realidade é necessário que a família tome algumas precauções. A idade ideal para o inicio de um tratamento é aos 05 anos de idade ou um pouco antes, enquanto a criança ainda não efetivou sua entrada no mundo escolar. Os pais e todas as pessoas da família que lidam com as crianças (avós, tios e amigos dos pais) devem aprender a não ter nenhuma reação brusca com relação à gagueira. Se os pais parecem preocupados ou deixa a criança perceber que sua fala é inaceitável, estarão contribuindo para que a criança evite gaguejar e como já se sabe quase toda gagueira é construída sobre a tentativa de evitá-la.
Para que a criança se sinta livre para gaguejar, deve-se eliminar todo tipo de pressão. Uma vez eliminada a pressão ela deixará de evitar a gagueira, as tensões começarão a diminuir e a gagueira irá melhorando gradualmente. Não tenha pressa em ver os progressos de uma gagueira. Talvez, leve algum tempo para acabar com essa ansiedade, mas quanto antes melhor. O melhor que se pode fazer é parar de reagir, procurar um fonoaudiólogo, salientando que os pais devem ir sozinhos a consulta, pois não será produtivo para a criança presencie uma conversa que aborde o problema de sua fala, evitando situações que causem tensão à criança.
Há situações que, mesmo sem envolvimento da fala, podem causar tensão, aconselha-se que se estimule a criança a fim de se destacar aquilo que ela já consegue fazer bem, para que se sinta mais confiante em determinadas situação. Se a fala não é tão boa quanto de outras crianças, deixe-a mostrar que pode ser boa em outras coisas. Todos os esforços são válidos para aumentar a sua autoconfiança.
Às vezes, quando a gagueira é severa, uma criança pode começar a chorar e dizer: "não consigo falar". Nestes momentos ela precisa de carinho. Se a criança é muito pequena e estiver realmente ansiosa por não conseguir falar, talvez o melhor seja distrair sua atenção, dizendo-lhe alguma coisa como "mais tarde você me conta isso", e então conduzi-la a uma situação em que, habitualmente, ela seja muito fluente, como brincar com seu jogo predileto, ou ler um livro de histórias ou algo similar. O contato físico dos pais nessas horas de ansiedade irá ajudá-la a sentir-se mais confiante, pegando-a no colo, segurando suas mãos ou apenas ficando juntos. Quanto mais próximos forem os pais, quanto mais conversarem com a criança mais ela se sentirá necessária. Isso lhe trará autoconfiança, toda a manifestação de amor e carinho aumentará a auto-estima que ajudará na superação.
Outro aspecto interessante é observarmos que quando se estuda o desenvolvimento de uma criança e o que ela vai realizar em matéria de fala, costuma-se repetir, ingenuamente, com ênfase científica que o balbuciar tem pouco a ver com a instalação fonológica posterior, sendo uma atividade que vai ser abandonada. Não é bem assim, o que a criança realiza ou capta em seus 02 primeiros anos de vida é de valor incalculável. Pedro Bloch citando Piaget diz que a permanência do objeto, o início da representação, a conquista gradual do tempo e do espaço são decisivos para a aquisição da linguagem (1982, p. 09).
Sendo assim, há grande necessidade de sintonia entre os pais e a criança, sincronismo nas muitas coisas que realizam juntos. A linguagem corporal é bem mais ampla e rica do que se imagina. Cada manifestação vocal do filho deve receber um estímulo verbal, uma aprovação sonora. O sorriso tem um grande gama de valores. Sorrir, muitas vezes, é fazer aflorar a alma.

Tratamentos inibidores desta disfunção

Muitos tetraplégicos vencem maratonas. Algumas pessoas cegas se tornam grandes músicos. Com a gagueira não é tão diferente, a despeito de seus grandes efeitos, alguns gagos se tornam grandes oradores. Demóstenes foi um grande orador na antiga Grécia. Ele melhorou sua articulação ao falar com pedras em sua boca, aumentou seu volume ao gritar sobre as ondas do oceano e assim trabalhou como um ator falando e transmitindo muita emoção.
Apesar de admirarmos o grande salto que Demóstenes deu em sua fala, não precisamos nos limitar a tratamentos tão rústicos. Em nossos dias, muitos experimentos se têm feito no sentido de descobrir tratamentos efetivos para a gagueira. Um deles está sendo desenvolvida por Maguire, psiquiatra da Universidade da Califórnia, em Irvine, vítima da gaguez, ele se projetou a curar a doença que o aflige bem como a cerca de 03 milhões de americanos.
Há alguns anos, Maguire in The New York Times (2006, s/p) tem pesquisado uma droga para tratar gagueira, organizando testes clínicos e até testando tratamentos em si mesmo. Isso é apenas parte de uma transformação no modo de ver a gagueira e sua concepção médica, passando de um distúrbio amplamente considerado de natureza nervosa ou emocional, para um distúrbio de ordem neurológica, com uma base ao menos parcialmente genética.
Usando exames de neuroimagem, estudos de DNA e outras técnicas modernas, cientistas ? muitos deles também gagos ? estão lentamente lançando luz sobre uma condição que tem desconcertado suas vítimas desde os tempos de Moisés, que alguns estudiosos acreditam que era gago, porque dizia a Deus que era lento de fala e pesado de língua, além de pedir ao irmão Aarão, que falasse por ele. "Esta é uma mudança total de paradigma nos últimos 10 anos" nos diz Maguire (2006, s/p) que na ocasião ajudou a elaborar o teste da Indevus e trabalhou nele como pesquisador.
Estima-se que cerca de 1% da população mundial sofra de gagueira. Homens que gaguejam superam as mulheres numa razão de 4 para 1, aproximadamente, e as razões disso ainda são desconhecidas. Na maioria dos casos, a gagueira começa entre os 2 e 6 anos, quando a criança está começando a aprender a falar. Mas 75% dessas crianças deixam de gaguejar em poucos anos, sem qualquer intervenção. Já outras crianças beneficiam-se com terapia fonoaudiológica.
Aqueles que gaguejam dizem que a condição marcada por repetições de sílabas, longos silêncios e contorção da face ao tentar forçar a emissão das palavras cobra uma pesada taxa emocional. São vários os relatos de trabalhos ou promoções não obtidos, laços de amizade quebrados ou que não puderam ser construídos. Alguns estruturam toda a sua vida em cima do propósito de evitar a todo custo situações desnecessárias de fala e evitar ser escarnecido.
Estudos neuroimagísticos do cérebro mostraram que, durante o processamento da fala, o cérebro de pessoas que gaguejam comporta-se de forma diferente quando comparado ao de pessoas que não possuem o distúrbio. Em pessoas que não gaguejam o processamento da fala é realizado principalmente pelo hemisfério esquerdo do cérebro. Em quem tem gagueira, há uma grande e incomum quantidade de atividade no hemisfério direito. Estudos sugerem outra anormalidade: um excesso do neurotransmissor dopamina nos cérebros de quem tem gagueira.
A gagueira também parece ser no mínimo parcialmente genética. Quase metade das pessoas que procuraram tratamento para gagueira tem um membro na família que também gagueja. Os cientistas acreditam que há muitos genes que podem contribuir para este problema, cada um tendo talvez um pequeno efeito. Isso tem tornado mais difícil o trabalho de encontrar os genes.
Ao contrário do que possa parecer a princípio, a constatação de que o estresse emocional pode atuar como fator de agravamento da gagueira não contradiz a ideia de que ela é uma condição neurológica, haja vista que distúrbios motores dos núcleos da base caracteristicamente pioram durante estresse e tensão nervosa, e melhoram sob condições de relaxamento.
Hoje em dia, a maioria das pessoas que buscam tratamento se submete a vários tipos de terapia de fala. Algumas ensinam técnicas de fala, como alongar vogais ou falar mais lentamente. Outras enfatizam a redução da ansiedade e do medo de falar. Contudo seria bem pouco comum ver casos documentados de adultos sendo completamente curados pelas terapias de fala.
Alguns gagos foram ajudados por dispositivos auriculares. O mais conhecido é o SpeechEasy, que se ajusta à orelha, como um aparelho de surdez e devolve ao usuário a voz dele com um leve atraso e em uma frequência diferente. É como uma simulação do efeito coral, uma situação em que pessoas não gaguejam quando estão falando em uníssono com outras. O dispositivo custa entre 5.000 e 6.000 dólares e está à venda, desde 2001, de acordo com o fabricante, o Janus Development Group de Greenville, Carolina do Norte (EUA). Especialistas dizem que o dispositivo ajuda algumas pessoas, mas outras não, e que os efeitos podem desaparecer com o tempo. No campo farmacológico, foram realizados alguns estudos ao longo dos anos usando medicamentos desenvolvidos para tratar originalmente outras condições.
Um obstáculo é que a gagueira tem sido tratada primariamente por fonoaudiólogos, que não podem prescrever drogas, e por isso fazem objeções quanto ao distúrbio ser tratado como uma condição médica.



Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

Considerações finais

Diante desse estudo observa-se que as escolas públicas e particulares devem ter preparo e bagagem para trabalharem seus alunos, ajudando-os e também por extensão seus familiares na superação do problema da gagueira.
Os pais devem estar munidos de conhecimento em relação ao tema para que em primeira instância ? antes do filho ir para a Escola ? possam ajudá-lo, desenvolvendo sua auto-estima e confiança para que chegado o momento escolar, esteja pronto para encará-lo estando mais apto a vencer os grandes desafios que o convívio escolar representa.
Se por um lado a iniciativa deve ser da família, por outro, ela não deve alienar-se da educação escolar, trazendo ao conhecimento dos educadores todas informações necessárias para que os mesmos disponham de um cuidado maior e de alguma maneira consigam ajudar o educando a superar suas limitações sem expô-lo em situações de desagrado ou pressões sob as quais ele não terá uma boa desenvoltura. Todos esses cuidados beneficiarão o educando e o deixará mais seguro para vivenciar as experiências da vida que envolve a fala.
As participações nas atividades devem ser sempre cobradas, todavia, a cobrança deve acontecer somente nas quais ele se sinta mais a vontade de realizá-las. Dar oportunidades e incentivá-lo a falar no contexto social será uma forma de desenvolver a auto-confiança. No entanto, nunca se deve dar margem ao grupo para gracejos, piadas, apelidos e outras coisas que minem sua confiança e o desmotive, pois estas atitudes diminuem seu desejo de falar noutras situações.
Todo esforço deve ser efeito no sentido de ajudar, todavia, o beneficiado não deverá não sentir nenhum tipo de coação que o leve a entender que precisa ser diferente para ser bem aceito em seu meio social. Havendo esses devidos cuidados as chances de minimizar as conseqüências serão bem maiores.

Referências bibliográficas

BLOCH, Pedro. A conquista da fala. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1982.

CHEVRIE-MULLER, Claude; NARBONA, Juan. Linguagem da criança. Porto Alegre: ARTMED, 2005.

DINVILLE, Claire. Os distúrbios da Voz e sua reeducação. Rio de Janeiro: ENELIVROS, 2001.

FRIEDMAN, Silvia. Gagueira: origem e tratamento. São Paulo: Summus Editora, 1986.

IRWIN, Ann. Gagueira: uma ajuda prática em qualquer idade. São Paulo: Martins Fontes, 1983.

JAKUBOVICZ, Regina. A gagueira. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.

KEHOE, Thomas David. No Miracles Cure. Canadá: University College Press, 1997.

PICCOLOTTO, Léslie. Trabalhando a voz. São Paulo: Summus Editora, 1988.

______. O fonoaudiólogo e a escola. São Paulo: Summus Editora, 1991.

http://www.gagueira.org.br/home.asp. Acesso em agosto de 2010.

Autor: Lucileia Rocha De Souza


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